Eu poderia resumir o olhar dos cinco como: determinação e eu acreditava que o meu próprio olhar roxo dizia o mesmo.
Não estávamos prontos, mas ficaríamos!
Eu lutaria e eu tentaria salvar o Sky mesmo que isso custasse arriscar minha vida.
Eu não iria fazer isso porque eu era, sei lá, boa demais ou altruísta demais. Não, não seria por isso. Eu faria isso porque mesmo que eu não me lembrasse de James eu tinha a consciência de que ele não merecia sofrer. E pela dor que eu senti ao curar Merry, talvez James estivesse ainda pior que ela. Eu não me lembrava de conhecer Merry antes de ajudá-la, ainda sim ajudei. Eu não precisava me lembrar de James de uma forma íntima para ajudá-lo.
Determinação. Era isso que eu tinha em mim, não bondade ou nada parecido.
A cada dia que se passava eu me conhecia melhor. Talvez eu realmente não tivesse nascido e Renascido para ser a mocinha da história. Eu provavelmente tinha nascido e Renascido para ser uma humana com determinação. Porque as mocinhas recuariam diante de tudo que passei na Terra e estava para passar em Marte.
As mocinhas esperam ser salvas. As mocinhas não salvam ninguém e eu, bem, eu estava mais que apta para salvar e se fosse necessário matar quem atrapalhasse meus planos. Eu estava amadurecendo na mesma medida que estava fortalecendo.
Eu não era a mesma de antes e possivelmente viria a mudar algumas outras vezes. Contudo, hoje eu iria treinar com determinação para em um futuro próximo lutar com toda a força e poderes que eu pudesse usar.
Eu não era a mocinha da história, tampouco era a vilã. Eu era Claire, antes fora Clarice, um dia me disseram que fui Blue, noutro Jones. Não importava. Eu era diferente, porque eu me regenerava.
Sim, eu adorava falar de mim mesma na terceira pessoa.
E eu – enfatizando – Claire, era como qualquer garota que acordava em um dia quebrada, seja fisicamente ou mentalmente, mas se regenerava. Porque sabemos que o mundo não para por nossas dores, independente da gravidade delas. O mundo não para por uma Clarice que sofre bullying ou uma Clarice que apanha ou uma Claire que sofre, sabe-se lá de quê. O mundo simplesmente não para. E então por que eu pararia?
Não, longe disso! Eu iria juntar qualquer caco meu pelo caminho e continuar para salvar James, porque eu queria e achava que ele merecia.
∞
– Prontos? – Luke perguntou.
Estávamos fora de nossa casa, no dia 7, em um pátio perto, e como ninguém em J-Dez queria saber da vida de ninguém, decidimos treinar ali mesmo, no ar livre.
– Quem ensina quem? – Merry quis saber.
Luke fez algo parecido com um suspiro, como se fosse lógico demais a resposta de Merry.
Bem, resumidamente, iriamos treinar lutando um com o outro.
– É óbvio, Srta. Pink, que quem ensina sou eu, você e Ariana.
Ariana deu um sorriso assassino.
Merry revirou os olhos.
– Vamos misturar as cores então.
– Merry sabe lutar? – Lia sussurrou para mim.
– Sim. – Merry ouviu e respondeu rindo – Eu não somente levito coisas por poder mental, tenho que ter um certo poder físico. É um poder complexo e com isso aprendi a lutar também.
– E Ash não sabe? – Lia questionou.
Ash deu um sorriso torto, sem graça.
– Eu sou apenas mental, não muito físico.
Lia assentiu rindo e Luke revirou os olhos como se lembrasse da falta de força de seu amigo.
– Misturando as cores então! – Luke acabou com o assunto se postando na minha frente, bem perto.
Ariana parou na frente de Lia e Merry na frente de Ash.
– E como vamos começar? – perguntei.
– Primeiro: força física. Sem usar os poderes. – Luke disse como um líder.
De canto de olho vi Ash dá de ombros.
– Não tenho poderes físicos mesmo.
– Nem eu. – Lia disse, meio cabisbaixa.
– Mas Claire tem. – Luke interveio – E se lá tiver algo que não podemos usar nenhum de nossos poderes? Vocês seriam pisoteados por o monte de Caçadores treinados.
Eu, Lia e Ash assentimos. Luke tinha razão.
– E qual o passo um? – falei receosa.
Ariana riu.
– Reflexo. – e dando um segundo de vantagem para Lia, ela acertou com uma das pernas, a perna de Lia, fazendo-a cair de joelhos.
– Merda! – Lia xingou – Vamos chegar lá destruídos.
Ariana riu de novo e estendeu sua mão para Lia levantar.
– Qualquer coisa eu tentarei nos curar. – disse a Ash e Lia.
Merry franziu o cenho.
– Você não está falando sério, está?
– Estou sim. Afinal a dor aqui não será nada comparado a de James.
– Você já está pensando em curar a dor dele? – Luke chiou, irritado.
Eu não disse nada apenas o encarei por um segundo antes de tentar acertá-lo com um soco no braço, contudo, antes de minha mão chegar perto de seu braço ele agarrou minha mão e me virou de costas, sem muita dificuldade.
Minhas costas estavam agora grudadas no peito dele e Luke riu, fazendo minha nuca arrepiar de leve com sua risada.
No meu ouvido, ele murmurou:
– Reflexo.
– Ei! – me soltei dele irritada – Não vale usar seus poderes!
Luke gargalhou e levantou os braços em sinal de rendição antes dele abrir a boca e dizer qualquer coisa, Ariana deu um soco em seu estômago, fazendo ele abaixar os braços e agarrar sua barriga.
Ariana riu e gesticulou para ele olhando para mim.
– Ele não está usando os poderes.
Eu gargalhei e vi Merry dá um soco forte no braço de Ash. Ele deu dois passos em falsos para trás, mas não caiu.
– Já que todo mundo está falando: – Merry sorriu – Reflexo!
Eu estava a ponto de rir de novo, mas cai e no chão e só no chão percebi que Luke tinha se levantado por completo e chutado minhas pernas.
No fim daquele sétimo dia de Verão, acabaríamos todos assim: no chão, mas com a determinação no alto.
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A Fugitiva
Science FictionSegundo Volume da Trilogia "A Estranha" Claire sentia que algo faltava, mas o quê ela não sabia dizer. Uma Nascida, dizendo chamar-se Merry e conhecê-la há tempos, lhe chama para salvar James dos Caçadores. Mas Claire não poderia ou poderia ab...