Loren sorriu torto.
– Exatamente. Mas ele merecia morrer de qualquer forma.
– Mas ele não morreu... – conclui o que eu já sabia.
– Não, ele fora para Terra e fez um filho lá.
– Clarice Jones. – ironizei.
– Quem diria que anos depois eu encontraria com a filha dele, sendo ela agora a Única Mística?
– E não se esqueça que Claire é praticamente indestrutível. Já perdi as contas de quantas vezes ela "quase" morreu.
– Claro, ela é a Nascida que Renasceu. Morrer não é tão simples assim, infelizmente ela pode em algum momento preferi a morte.
Balancei minha cabeça.
– Eu não vou deixar que isso aconteça.
Loren fitou Claire que pela expressão sutil em seu rosto, parecia dormir e não estar desmaiada depois de tanta dor. Quando o olhar de Loren posou no meu eu não desviei.
– Eu sei, filho. Eu não faria nada contra a Pequena Claire.
– Mas fez com seu pai.
Ele deu de ombros.
– Tecnicamente ele ainda não era seu pai.
– Mas era o de Ariana.
– Sim, mas Ariana não era nada há anos atrás. Era apenas mais um bebê Nascido.
– E isso justifica matar seu pai e acusar sua mãe?
Loren riu amargamente.
– Eu já expliquei, Luke... Na época eu não aguentava mais ser o Protetor da Mística e quando os Caçadores me acharam e me deram um cargo muito menos altruísta, eu não consegui deixar de aceitar.
– "Muito menos altruísta"? Não existe um pingo de altruísmo no que você fez. Você tirou os pais de um bebê!
– No fim, tudo precisava acontecer dessa maneira, você sabe...
– E por quê a Mística não deu seus poderes para sua filha, Ariana? Por quê ela passou tudo para Claire?
– Porque Claire é sua enteada, porque ela sabia que Claire seria muito mais forte que Ariana um dia já fora, embora as duas juntas são a perfeita sincronia da força física e mental.
Dessa vez fora eu quem ri sarcasticamente.
– E então ela, simplesmente, passou todos os seus poderes para sua enteada? Uma que fora a traição de seu "marido"?
Loren deu de ombros.
– Eles deveriam ter uma relação mais aberta.
Engoli todos os meus insultos para saber:
– E onde eles estão agora?
Meu pai me encarou e antes de responder pareceu ponderar em sua resposta:
– Não faço ideia.
– Você não tem noção também de quem controla os Protetores? Quem está, indiretamente, nos mandando fazer determinadas coisas?
Ele engoliu em seco.
– Não é ninguém além de você mesmo.
O olhar que Loren me deu fora assustador, porque, naquele instante enquanto eu me encarei no reflexo de seus olhos eu poderia dizer que eu me senti estranho. Eu era dono das minhas ações e nem eu mesmo tinha plena consciência disso.
– E Lia Black, você confia nela? – Loren perguntou.
Eu gargalhei, dessa vez achando verdadeiramente graça.
– Você sabe que ela é um peão dos Caçadores, não é?
Loren assentiu.
– É óbvio, mas você acha que ela tem consciência disso?
– Estou em duvida sobre. As vezes acho que ela lembra, outras vezes acho que ela tenta esquecer. Entende?
Meu pai assentiu.
– Sua primeira visão negra fora quando ela era criança, que ela está ligada à Claire, isso é verdade.
– Sua enteada pode ser muito bem uma assassina disfarçada.
Loren me encarou:
– Ou mais uma que recomeçou do zero e não tem nenhuma consciência disso. Afinal, nem sequer criada por Ally ela fora.
– Ela acha que fora criada com a mãe.
Loren riu.
– Eu moro com Ally. Você acha que não veria um bebê? Bem, eu vi, nos primeiros meses de sua vida até completar um ano. Com isso posso afirmar: Lia fora criada para ser uma Caçadora, junto com todos os outros em Z-Mil, mas o porém é se ela também recomeçou e não sabe ou se está somente mentindo para todos vocês o tempo todo.
– Se ela recomeçou seria uma vantagem para nós. Ela está indo salvar o meio-irmão e não faz ideia.
– Se ela está simplesmente mentindo você sabe o que ela quer, não é?
Assenti e encarei Claire dormindo e deixando meu braço dormente.
– Se Lia está mentindo e formos atrás dela, todos nós vamos morrer para tentar salvar James.
– Pior que morrer Luke, é ficar meio vivo enquanto todos os seus amigos morrem a sua volta.
Me remexi no sofá verde. Ele parecia cada vez mais desconfortável para meu corpo.
– Não vamos morrer. Você sabe que a história não acabará assim.
Loren riu.
– Eu sei o que você está tentando fazer.
– O quê? – o encarei sério.
– Você está mandando todos os seus amigos, como peões na frente de Claire. Todos eles poderão morrer, mas ao menos Claire estará desmaiada demais para ir atrás deles, não é? E o que você acha que ela fará quando se recuperar e descobrir que você mandou seus amigos para uma possível missão suicida, apenas para salvá-la de tal coisa?
– Eles não morrerão! – gritei – Ally não está indo atrás deles também? Ela poderá ajudá-los caso algo saia do controle...
– Luke, isso não é ser um Protetor, é ser um assassino! Você está mandando todos os seus amigos para a morte, apenas para salvar a Claire.
– Eles não morrerão! – repeti.
– E quem te garante isso?
– Claire acordará, se curará e curará eles também, caso algo não dê certo.
– Não tem como dá! – ele berrou – Entenda, filho: ao menos um de seus amigos morrerá no segundo que suas lembranças voltarem quebradas.
Apertei Claire em meus braços, dando-lhe um abraço malfeito.
Eu lamento, mas Claire precisava viver.
Sendo o egoísta que sou eu só pensava que ela era a mais importante, o papel principal. Os protagonistas não morrem tão facilmente.
Balancei a cabeça com meu pensamento desprezível.
Eu sabia que Loren estava certo. Alguém morreria e Claire me culparia e me odiaria por isso, mas se ela estivesse viva e bem, valeria a pena.
Desde já eu lamentava.
Como lamento...
***
Essa história está cada dia mais louca, não é? Comentem as opiniões de vocês! ahahha
Próximo POV de Merry, ela precisa contar certas coisas em sua visão...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Fugitiva
Science FictionSegundo Volume da Trilogia "A Estranha" Claire sentia que algo faltava, mas o quê ela não sabia dizer. Uma Nascida, dizendo chamar-se Merry e conhecê-la há tempos, lhe chama para salvar James dos Caçadores. Mas Claire não poderia ou poderia ab...