10 - Ausência de Cor, parte 2

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SIM, PELA DEMORA TODA AÍ, JÁ TEM PARTE NOVA E AMANHÃ TEM MAIS <3

Não esqueçam do votinho e comentário, viu? haha

Eu posso demorar, mas respondo tudo!

***


Aquele vontade involuntária de suspirar passou por mim. Era alivio, era óbvio. Ainda mais alivio. James parecia tentar, o que já significava muito, ter alguma empatia por aquela garota que ele achava que eu era.

Mas... de olhos fechados, sem enxergar absolutamente nada, eu poderia ser quem ele quisesse que eu fosse, porque, simplesmente, ele não via nada. Sim, talvez, a ignorância poderia servir como qualidade.

Não me vendo, ele poderia me imaginar, como se nunca tivesse me visto. Ou melhor dizendo: visto à Ruddy.

Naquele lugar, cegos, eu poderia ser à Claire e, percebi que, eu poderia não estar pondo minha alma em risco, pelo simples fato quê: ele nunca acreditaria que eu era realmente quem eu era.

Se James acreditasse realmente que eu era à Claire, aí sim, eu poderia estar pondo-me em risco, porém, se ele quisesse acreditar, sem a certeza sobre quem eu era, talvez eu não estivesse correndo nenhum perigo mortal.

Talvez, somente talvez, eu poderia enfim ter um capítulo de minha vida corrida dedicado ao romance sem problema, sem dor, sem ação, sem loucura, apenas um romance simples.

O amor era cego, não era? Ele poderia ser também moldado aos nossos olhos. Poderíamos ser quem o outro quisesse, porque não víamos, só sentíamos.

Eu cutuquei o braço de James e perguntei:

– E em quem você confia?

– Nem em mim mesmo.

Engoli em seco.

– E não há ninguém que você confie sem dificuldade e sem medo?

– Sim, há.

– Quem? – eu estava de lado, tendo a consciência que estava com meu rosto próximo do braço de James, mas, em um momento rápido, ele pareceu mexer-se e ficar cara a cara comigo, quase, deitado naquele chão, como eu estava.

– Claire. – James respondeu e meu coração parecia ter sido posto à mesa de tanto que meu peito parecia doer com as mentiras que eu engolia – E em quem você confia sem medo?

James Sky, era o que eu queria dizer.

O meu Rastreador. Meu quase namorado. O meu quase assassino e talvez, meu futuro assassino.

Se ele soubesse quem eu realmente era, não estaríamos tão perto do outro, não estaríamos tão tranquilos com o outro. Ele estaria tentando me matar, embora, eu sabia que não era o que ele queria fazer. Para libertar Merry, ele havia posto tudo em perigo e isso fazia com quê uma parte de mim quisesse odiá-lo.

Afinal, em que momento da mente dele, ele achou que eu não viria tentar libertá-lo?

Em que momento ele acreditou que eu não tentaria salvá-lo?

Porém, outra parte de mim queria naturalmente amá-lo. Pela sua amiga, ele arriscou sua própria sanidade e controle mental.

Mesmo estando cega, minha mente estava totalmente lúcida, como nunca esteve. E eu lembrava-me com total perfeição cada fração dos meus momentos com James, cada sorriso e cada atrapalhada. Lembrava-me com total perfeição o sabor do seu beijo e a segurança de seu abraço.

Eu nunca me esqueceria de seu rosto. Muito menos de seus olhos que brilhavam com aquele azul apaixonante e aquele cabelo azul bagunçado.

Por Zeus, Poseidon ou Hades, não interessava o Deus, mas que eu amava àquela pessoa ao meu lado, eu amava.

E confiava.

Mesmo que ele tentasse me matar.

Eu estava cega, mas nunca enxerguei tão bem.

E com a clareza que um dia nunca tive, respondi uma meia-verdade, à pergunta de quem eu confiava sem medo:

– Céu.

Gostaria de falar que "Céu" era ele, mas deixei-o acreditar que era um nome de outra pessoa.

Senti uma mão de James em meu rosto, como se me visse ao tocá-lo. Ele riu.

– Você é linda. – James disse e eu entendi que ele não estava referindo-se à minha aparência física.

Para ele eu era linda por dentro. Uma coisa um tanto quanto esquecida na sociedade geral era a beleza interna, o amor simples. Aquele que não pede nada, aquele que não doí para ninguém.

O mundo havia se tornado confuso. Sem beleza interna e sem amor fácil, simples.

O mundo havia se tornado uma grande bola de neve de confusões e problemas diários.

E era impressionante como não ver te fazia enxergar muito mais.

Eu soube naquele momento que mesmo que eu nunca tivesse visto aqueles olhos azuis de James ou seu sorriso ou seus gestos, eu o teria amado. Eu não precisava vê-lo para querer estar perto, para querer tocá-lo.

Como o céu, James era límpido.

E eu reconheceria sua alma em qualquer lugar.

Um barulho repentino me chamou a atenção e eu recuei de James, um pouco assustada com o que não víamos naquele local, mas quando ele riu e segurou meu braço com sutileza eu parei onde estava.

– Sinto muito! – James disse e gargalhou.

– O que foi isso? – questionei.

– Me estômago. Estou morto de fome.

Finalmente eu me acalmei e ri.

– Isso foi sua barriga roncando?

– Falando assim soa tão ridículo. – ele comentou, mas não deixou de rir.

– Que ronco assustador! – falei e gargalhei.

Era tão bom rir sem medo, ao menos, enquanto estávamos ali, estávamos parcialmente protegidos. Ou assim eu acreditava.

Do nada, senti quando James saiu do meu lado e puxou uma de minhas mãos junto, para me levantar com ele.

– Precisamos achar comida. Lia não disse que há tudo aqui?

Assenti, como sempre me lembrando só depois que James não me via.

– Sim e também estou com fome.

A FugitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora