Manhattan
Abro os olhos e observo a claridade do dia se infiltrando no quarto por uma fresta na cortina.
Não sei ao certo que horas são, mas poderia apostar que não passa das 6 da manhã.
O fato de acordar em um lugar diferente, já não me incomoda mais, porque depois de anos, viajando e pulando de um lugar ao outro, o sintoma de precisar de alguns minutos para me localizar já não são mais necessários.
A gente acaba se acostumando.
Mas não nego, que acordar e ver esse teto branco e constatar que estou em casa, me traz contentamento.
Me levanto e vou em direção ao banheiro fazer minha higiene matinal e tomar um banho. A noite de ontem não durou até de madrugada e não houve nenhuma bebedeira nela. Na verdade acredito que a única dose de Whisky que chegou na nossa mesa, me fez companhia até o final. Dominic optou por uma Guinness assim que chegamos e parou por aí também, já que ele estaria dirigindo. Ele falou de alguns casos na firma, alguns preocupantes, os dele na promotoria de Nova York, pelo o que notei, Dom prefere os casos mais complexos atuando como promotor de Justiça. Isso me deixa preocupado, porque ele é como um cachorro grudado em um osso quando se envolve num caso. Casos esses onde pessoas importantes estão envolvidas e mexer com eles seria como por as mãos em um vespeiro.
Mas Dom não se importa com isso. Seja crime fiscal, tráfico de drogas, tanto faz, se tiver a atenção dele, ele leva até o fim.
Como agora, onde toda a sua atenção está no caso de suspeita de maus tratos à criança. Onde o pai da menina é filho de um senador, atingir um membro do congresso é complicado. A não ser que seja com os punhos e eu não teria nenhum problema com isso.
Me faça feliz, me dê 10 minutos com um abusador, só isso.
Visto uma calça jeans escura e uma camiseta branca e vou para a cozinha pensando ser o único acordado à essa hora, mas Dominic já se encontra em seu terno e gravata tomando café enquanto lê algum documento.
— Acordou cedo e todo engomadinho só por mim? — Coloco as mãos no peito dramatizando — Mano, você me comove.
Ele ri, me entregando uma xícara, a qual recuso indo buscar suco de laranja na geladeira.
— Bem que você gostaria disso hein Lex? Mas, não, estou indo para Westport encontrar nossa irmãzinha para ajudar com a análise de um caso de lá mesmo. — Ele olha o relógio.— Agora são 6:30, até sair daqui... Bom, chegando em Connecticut até as 9 tá tranquilo. E você? Não vai comigo mesmo?
Balanço a cabeça negando. — Vou mais tarde, vou ligar para mãe e avisar que chego para o jantar. Preciso fazer umas ligações para os organizadores do UFC, além disso vou dirigindo, aquela belezinha na garagem tá com saudades do papai aqui.
— Não foi isso que o Gabriel disse mês passado quando acelerou ela até o Brooklin.
Faço uma careta. — Não brinca com isso, não se quebra a 4ª regra dos caras...
— Não mexer no carro do cara? Uhum. Nunca aconteceu... Não há precedentes na história da nossa família.
Sento no sofá enquanto bebo meu suco. — Verdade, aqui nessa família todos respeitam rigorosamente o limite de privacidade de cada um e não seria diferente com os carros. Ou, eu teria que dar uma volta com as máquinas de cada um de vocês Bro.
Dominic ainda sorrindo, joga as chaves que pego no ar. — O Escalade é todo seu.
Devolvo as chaves, já antecipando o fim do sorriso dele. — Nah... Tô falando da Augusta que você guarda na garagem dos nossos pais. Acho que ela tá precisando de uma atenção diferenciada. — Falo me referindo a moto esportiva MV Augusta F4 CC. ¹
VOCÊ ESTÁ LENDO
EM SEUS OLHOS - Completo na amazon
Romancelivro completo na Amazon: https://www.amazon.com.br/Em-seus-olhos-Nilc%C3%A9ia-Muniz-ebook/dp/B06WP6GR2X/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1487420443&sr=8-2&keywords=em+seus+olhos Ele é fogo. Ela é gasolina. E seus caminhos estão em rota de colisão.