Capítulo 7 - Lara

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Capítulo 7 – Lara


Acordo desorientada no sofá e vejo que a sala está na penumbra, não consigo ter uma ideia de que horas são. Só lembro que, depois do almoço estava tão frio, que resolvi deitar aqui com um edredom para assistir um pouco de TV e devo ter pego no sono.

A TV está desligada e tenho um travesseiro sob minha cabeça, isso quer dizer que a Sky deve ter voltado do escritório e pelo silêncio, ela deve estar na casa dos pais dela esperando o irmão chegar, ou dependendo da hora, já deve ter chegado.

Me espreguiço levantando e algo chama minha atenção pela parede de vidro que separa a sala do jardim. O céu está escuro, mas o jardim é iluminado por spots de led distribuídos em vários pontos, mas não é isso que prende meus olhos.

São os flocos que caem numa velocidade rápida contra um chão já coberto de branco.

Está nevando.

ESTÁ NEVANDO!!!

Puta merda...

Começo a dar pulinhos na sala igual a uma maluca e no final talvez eu seja uma mesmo.

Corro para fora da sala em direção a porta, vestindo uma calça de moletom velha e uma camiseta preta de mangas compridas da Coca-Cola e por um segundo penso que essa não é definitivamente uma roupa para ir lá fora, a não ser que você queira ter sua bunda congelada, mas esse surto de consciência não durou mais que isso. Só tive o bom senso de calçar algo nos pés, o que acabou sendo uma pantufa rosa de coelho com orelhas ridiculamente grandes que juro, já quis me derrubar uma boa quantidade de vezes quando pisei nelas enquanto andava. Mas dane-se, quem aqui está escolhendo?

Peguei um cachecol vermelho de lã da Sky e um gorro azul marinho que deve ser de um dos gêmeos e sai porta afora, descendo o primeiro degrau, lembrei da minha câmera e voltei correndo o máximo que as orelhas do coelho permitiam. Deitar na neve e fotografar os flocos caindo era quase um ritual e em nevascas alternadas cada foto era diferente. Única.

Chego na grama que agora tem uns 30 centímetros de neve e não deixo de admirar por nevar tanto em algumas horas. Faço os ajustes manuais da câmera para que ela faça uma boa leitura da pouca iluminação que tem agora e deito na neve e no tempo de uma respiração fico apenas parada, fecho os olhos sentindo a maciez abaixo de mim e o toque da neve gelada caindo no meu rosto quente. Então abro meus olhos, tiro o protetor da lente, rápido aponto para cima disparando vários clicks dos flocos que caem por entre as árvores e paro assim que eles mancham o vidro impossibilitando mais fotos.

E assim, já sentindo minha camiseta molhar onde estou deitada, faço o que qualquer adulto faria numa situação dessa.

Abro meus braços e minhas pernas e faço meu anjo na neve, só depois disso, entro correndo, direto para o chuveiro quente.


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