O piloto anuncia a aproximação do aeroporto e comunica uma temperatura de 39ºC. Levanto minha janela para observar o tempo lá fora.
O avião começa a sobrevoar a ilha, e essa volta dá um show de belas imagens, ilhas rodeadas de um mar com vários tons de azul banhado por um sol aberto, mostrando toda a força do ápice do verão.
O brilho dourado das pedras na pulseira em meu pulso chama minha atenção, e me pego, pela milionésima vez, pensando em Alex e na vontade sufocante de pelo menos ouvir sua voz.
Seguro entre meu dedo indicador e o polegar, um dos corações cravejados, e um suspiro sai de mim ao vê-lo como divisória entre a bandeira dos Estados Unidos e a do Brasil. É como se ele estivesse adivinhando todo esse tormento que viria. Lembro de suas palavras me dizendo que eu levaria seu coração, onde quer que eu estivesse. Me apego nisso, me apego à ideia de que ele está de uma maneira ou de outra aqui comigo.
Assim que desembarco da aeronave, caminho a passos rápidos até a esteira em busca da minha mala. Tiro meu celular da bolsa, ligando o aparelho no mesmo momento.
Acompanho as malas que vêm em sequência, ao mesmo tempo em que o celular inicia, buscando rede, e eu quase posso chorar quando ele finalmente entra em área. Minha mala aparece no meu campo de visão e não perco tempo quando a pego e saio arrastando pela área de desembarque.
Sinto o suor já se formando na minha nuca, mesmo que o ar condicionado esteja trabalhando, e não era de se esperar o contrário, já que o verão aqui é escaldante, e 39ºC é a temperatura medida, e não vamos falar em sensação térmica. Mesmo eu tendo me adiantado e trocado a roupa de frio por um top branco, uma regata cinza decotada e soltinha, o jeans começa a colar no meu corpo por causa da temperatura.
Paro por um segundo, enquanto faço a ligação que tanto espero e preciso, faço um coque e prendo com meu próprio cabelo, porque não pensei em trazer nem um mísero prendedor.
Começo a caminhar, passando o olhar nas pessoas aguardando com rostos felizes quem acabou de chegar. Procuro no meio delas o rosto conhecido de Helena e não encontro.
Paro de caminhar assim que noto que a ligação chamou até cair.
Alex não me atendeu.
Penso. "São 10:30 da manhã aqui. Em Connecticut, são 7:30... Sem chances de ele ainda estar dormindo. Ou ele não viu, ou não quis me atender. Fico tempo demais olhando para o celular em minhas mãos, pensando em ligar para Helena ou tentar Alex novamente.
Então o celular toca, mostrando o sorriso de Alex na tela, e consigo mover meus lábios num sorriso, mesmo que cansado. Rolo minha mala até um pilar de sustentação e atendo a ligação.
— Hey, grandão.
— Parece que você estava desistindo de ligar novamente para mim, pequena.
Sorrio, fechando os olhos e descansando a cabeça na parede atrás de mim e me permitindo sentir esse manto quente de sentimento bom descendo sobre mim, me trazendo uma paz que só ele é capaz de me fazer sentir. Mesmo que eu esteja no meio de um tsunami a milhares de quilômetros longe dele.
— Eu só por um segundo pensei que você talvez não quisesse falar comigo.
Escuto ele soltando o ar ruidosamente do outro lado.
— Por que você não me esperou, Lara?
— Não tinha como, baby. Desculpe, mas não tinha como eu esperar você chegar, e só eu sei o quanto eu precisava de você. O quanto eu queria o seu abraço antes de vir. — Seguro o soluço que ameaça sair. — Você sabe o quão importante é pra mim, não sabe?
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EM SEUS OLHOS - Completo na amazon
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