After the end ( part.2 )

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Um ano depois...

Desço de meu carro e estreito os olhos, encarando o grande armazém. Não consigo entender o porque de Crowley ter me chamado aqui.
Caminhei até a porta e assim que entrei, o rei me esperava.
- Adorável, S/n - Disse, sorrindo.
- Crowley - Cumprimentei.
- Acredito que esteja ansiosa para saber o motivo pelo qual a chamei aqui...
- Por isso, vá logo ao ponto - Falei, cruzando os bracos impaciente.
- Tenho uma surpresa - Disse, se afastando e me dando passagem. Comecei a caminhar na direção que ele indicava com as mãos e quando passei por, senti a mão de Crowley pousar em minhas costas e me guiar por uma escada de metal. - Só, por favor, não se deixe levar, preciso dela viva.
Franzi as sobrancelhas e o encarei quando cheguei ao chão.
- Ela?
A mão que não estava me tocando indicou algo maia a frente que eu não tinha reparado. Amarrada a uma coluna, presa e desacordada estava uma mulher.
- Quem...?
- Não a reconhece? - Crowley perguntou, arqueando uma sobrancelha. Em um estalo de dedos a mulher acordou, e quando ergueu a cabeça, minha boca se abriu ligeiramente ao reconhece-la. Era Lisa!
- O que ela faz aqui?- Questionei.
- Faz parte de meu plano para trazer os Winchester's para a coleira - Explicou. - Dean não pensara duas vezes antes se correr atrás dela... que alias, não ira demorar.
Ele olhava para o relógio.
- O que eu tenho a ver com isso Crowley? - Perguntei, cheia de tédio. A seis meses atrás eu estaria pulando de expectativa para ter essa mulher em maos, mas agora... não faz mais tanta diferença assim.
- Preciso que alguém esteja aqui para recebe-los, sem contar que já esta na hora de você sair do escuro, querida - Crowley levou minha mão aos lábios e a beijou.
- Essa hora teria que chegar, não é?- Perguntei, revirando os olhos.
- Você terá uma hora com ela até que Esquilo chegue, e como disse: Preciso dela viva, no entanto pode se divertir.
Não respondi nada, e Crowley se foi, me deixando sozinha com ela. Achava que estávamos sozinhas, até ver algo amarrado junto a ela, era Ben.
Sai do escuro e o som dos saltos de minha bota chamou a atenção de Lisa que ergueu o olhar para mim. Neles reconheci o alívio.
- S/n? - Sussurrou.
- Lembra de mim?- Perguntei.
- S-sim...- Respondeu, com a voz fraca.- Você é amiga de Dean.
- Eu era amiga de Dean - Disse, frisando bem o era.- Isso já faz muito tempo.
- Que lugar é esse?- Perguntou em tom assustado.
- Spa, não está vendo?- Respondi de forma irônica. Algo que eu não havia adquirido no último ano foi paciência
- Você não esta aqui para me ajudar - Lisa deduziu, me encarando. - Por que está aqui então?
- Eu sigo ordens - Respondi, me sentando em uma cadeira de metal no canto do recinto e puxando minha faca do cano da bota. Devolvi seu olhar e por alguns segundos deixei exposto meus olhos completamente negros.
Vi Lisa retesar todo o corpo preso e o terror surgir em seus olhos. Por baixo das cordas, ela segurou a mão do filho ainda desacordado. Essa cena teria comovido a antiga S/n, mas a atual apenas acha patético.
- Não se preocupe, não vou machuca-lá... - Falei, girando a ponta da faca.-... muito.

***

Ouvi o som da porta de metal ser arrombada. Passos descendo a mesma escada que vim com Crowley me fizeram levantar e recuar para as sombras. Logo, Dean Winchester surgiu com expressão nervosa olhando em volta aflito.
- Achei que não viria mais - Falei, dando um passo a frente e deixando que a pouca luz do ambiente me cobrisse. - Sua namoradinha também, ela começou a implorar.
Dean intercalou o olhar entre mim e a mulher amarrada a pilastra, ensanguentada e semiconsciente.
- Lisa...- Sussurrou olhando-a com aflição, seu olhar passou para o garoto amarrado ao lado da mae.- Ben!
- Lisa, Ben! - Repeti com voz debochada. - Isso é tudo tão tedioso.
- S/n! - Ele me chamou, fixei meu olhar em seus olhos verdes e esperei. - Por que? Por que esta fazendo isso? O que deu em você, você não é assim!
- Vamos por partes - Comecei devagar, fazendo tudo lentamente, Dean estava com pressa ele queria salvar a vadia, por isso fiz questão de ser lenta.- Eu fiz porque quis, o que me deu foi falta de paciência e por ultimo, você não sabe nada sobre mim.
A última parte, falei expondo toda minha magoa, queria que Dean soubesse o quanto me feriu, mas que agora não exerce mais nenhum efeito. O sangue de demônio que corre em minhas veias não tornou-me apenas mais forte, tornou-me mais fria.
- Eu não entendo...- Murmurou Dean, ao fundo pude ouvir o leve gemido de Lisa, os ferimentos devem estar incomodando. - Você... é boa.
- Eu fui boa, Dean - Falei andando pelo armazém, o som de minhas botas de salto ecoando pelo piso de concreto.- Eu fui boa até demais. Eu não era assim, eu sabia controlar minhas emoções, mas ai você apareceu e me mudou. Você me modificou Dean, você me fez fraca. O amor que eu sentia por você me fez fraca.
Dean continuava a me encarar, posso ver a arma angelical brilhar em seu punho cerrado, ele veio preparado para matar quem fosse necessário para salvar a garota.
- E então você foi embora, sem ao menos me dar a chance de dizer tudo o que sentia por você - Olhei para a mulher caída.- E aquilo doeu, serio mesmo, doeu para valer... você me fez sentir tanto, que agora não sinto mais nada.
- É uma vingança?- Dean me encarava decepcionado. - Nenhum dos dois teve culpa, solte-os. É a mim que você quer, S/n.
- Como é pretencioso - Ri. Essa personalidade heróica do Winchester já foi um motivo para eu admira-lo, agora apenas o acho um idiota querendo ser herói.- Eu estou cagando para você, ou para aquela vadia. Eu tenho um chefe, Dean. Só estou cumprindo ordens.
- Chefe? Essa não é a S/n que conheço. A minha S/n não aceitaria ordens de e ninguém.
- Acontece - Comecei.- Que a "sua S/n", morreu.
Fechei meus olhos lentamente e quando voltei a abri-los revelei o tom negro.
Dean arfou, pude perceber o quanto ele ficou surpreso.
- Eu sempre soube que não era ela - Falou com um certo alívio reprimido.- S/n nunca faria algo assim, a menos que estivesse possuída. Vou manda-lo de volta ao inferno onde é seu lugar.
- Er... - Comecei fazendo uma expressão de decepção.- Desculpe desiludi-lo, mas a verdade é que não a nada aqui além de mim. S/n S/s.
- Como?- Questionou sem acreditar.
- Bem, a cerca de um ano eu invadi um armazém igual a esse em Seattle, atrás de um bando de lobisomens - Comecei, sem dar muita importância.- Eu estava sozinha e encontrei Crowley com alguns amiguinhos. Uma pancada na cabeça e apaguei. Acordei três dias depois com a vigésima dose de sangue de demônio na veia. Não tinha muito o que fazer a respeito então cedi.
- Sangue de demônio? - Dean repetiu incrédulo. - Crowley fez isso? Por que?
- Isso importa para você?- Perguntei séria, pela primeira vez naquela noite sem imprimir qualquer ironia ou sarcasmo em meu tom de voz.- Não pareceu ligar muito para o que acontecia comigo quando se mandou.
- É claro que me importo com você, S/n eu amo você - Ele falou me encarando.- Eu fui embora sim, mas porque...
- Porquê precisava ter uma vida normal? Porquê queria escapar de tudo isso e comigo ao seu lado não seria possível? - Perguntei, eu estava realmente interessada nisso tudo? O que esta havendo comigo?
- Não é assim, eu estava mal. Sam havia acabado de cair na jaula, eu tinha feito uma promessa a ele.
- Não tem que me dar explicações, não mais - Devolvi entre dentes. - Já é tarde demais para isso.
- Nunca é tarde demais, você me ensinou isso.
- Poupe-me, Winchester - Soltei já aborrecida. - Eu sou um monstro agora, eu matei pessoas inocentes, eu torturei almas e injeto sangue de demônio em minha veia como se fosse insulina. Isso não tem salvação.

Dean permaneceu ali parado, até lembrar-se que não estavamos sozinhos, ele olhou de mim para Lisa e pareceu indeciso.
- Eu sinto muito por tê-la magoado, eu fui um idiota por ter ido embora. Você, Bobby... precisavam de mim e eu os abandonei. Eu sinto muito - Repetiu.
- Só quero que saiba... - Falei, erguendo minha mão em direção a Lisa e ao garoto. Passei os últimos meses treinando minhas habilidades, estou mais poderosa, sei como controlar meus dons. Com a força de minha mente soltei as cordas que prendiam Lisa e o garoto. Ela ficou de pé.- ...que eu não sinto o mesmo.
Assim que completei a frase, fiz com que e um pedaço afiado de ferro se soltasse das grades de uma janela próxima e fosse arremessado contra o estomago de Lisa, perfurando-a na hora.
- NÃO! - Dean gritou e passou correndo por mim em direção a mulher para tentar ajuda-la.
- Mandarei seus cumprimentos a Crowley - Sorri maliciosa para o caçador que me encarava sem uma expressão definida.- Até uma próxima.
Acenei para ele antes de desparecer do armazém escuro.

✓ 𝐒𝐍𝐀𝐏𝐒𝐇𝐎𝐓 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora