Like a Angel

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Leitora/Misha Collins

***

Atravessei o pátio externo ao estúdio, procurando como uma doida um trailer. Mas não qualquer trailer, o de Misha Collins.
A duas semanas comecei a trabalhar como estagiária na CW, mais especificamente na produção de série de tv Supernatural. Eu recebi como missão encontrar um dos figurinos que havia desparecido, um sobretudo usado pelo Misha para o personagem Castiel, juntamente com a gravata. Eu não tinha ideia de onde aquelas coisas estavam, mas como sempre, na dúvida culpe a estagiária.
Encontrei o trailer e me aproximei, batendo na porta em seguida. Ninguem atendeu e minha ansiedade apenas aumentou. Eu precisava voltar com aquelas roupas ou minha chefe ficaria rouca. Era surpreendente o quanto aquela mulher conseguia gritar.
Para salvar meus tímpanos e claro meu emprego, abro a porta e entro no trailer.
Deixo a porta aberta para evitar problemas e me volto para o interior. Deus, isso esta uma bagunça, é como se um tornado tivesse passado e ficado por pelo menos uma hora.
Como eu encontraria os figurinos nessa bagunça? Eu não podia perder tempo e também não podia mexer nas coisas do Misha. Por mais que eu estivesse louca para mexer e ver tudo o que pertencia a ele, eu não podia correr o risco de perder o emprego ou ser presa.
Me contentei apenas em procurar o sobretudo e a grava pelos lugares mais expostos, mas não estava em canto algum. Cheguei até um armário e pensei em abri-lo, estava quase fazendo quando uma voz vinda da porta me faz congelar:

- O que esta fazendo?
Volto-me para a pessoa parada na entrada e encontro Misha da braços cruzados. Ele não parecia irritado, apenas curioso.
- E-eu...- Gaguejei nervosa.- Um dos seus figurinos desapareceu das araras, então mandaram que eu encontrasse.
Eu falei tudo tao rápido e embolado que seria uma vitória se ele me entendesse.
- Ah, claro - Ele sorri e se aproxima de onde estou, ele passa por mim e seu perfume tão marcante me deixa ainda mais atordoada. Ele abre o armário e pega as peças, me entregando em seguida.- Aqui, desculpe, eu sou meio distraido as vezes.
- Sem problemas - Falo com um sorriso bobo. Havia problema, eu estaria ferrada se não devolvesse aquilo logo, mas ele estava sendo tão gentil.
- Seu nome é S/n, não é? - Perguntou ainda não se afastando de mim.
- É sim - Digo, meu sorriso se alarga.- Nossa, nunca pensei que você soubesse meu nome.
Por que eu disse isso? Você não podia apenas concordar, sua besta?!
- Bem, já gritaram o seu nome vezes o suficiente para que eu pudesse decorar - Ele riu.
- Acho que sim - Digo coçando a nuca um pouco constrangida. Eu era como a "faz tudo", sempre tinha alguem gritando por mim.- Acredite, aqueles gritos ecoam na minha mente até quando estou sozinha.
Achei que tivesse falado demais e já ia me desculpar quando ele riu. Ele tinha uma risada contagiante. Eu tentava conter minha empolgação por estar ali sozinha com ele, eu mal tinha tempo para tomar um café quanto mais falar com os atores, isso é quase um milagre.
- Você tem uma paciência enorme. Não sei se seria capaz de aguentar - Ele comenta. - E também é sempre muito doce.
Okay, ele repara em mim? SIM! Ele repara. Tudo bem, você pode respirar fundo e seja normal.
- Obrigada - Agradeço, até agora sem mico nenhum.- Eu tento, confesso que na maioria das vezes sinto vontade de passar com o impala encima de algumas pessoas, mas eu supero.
Tapo a boca com as mãos assim que término a frase.
Ele voltou a rir.
- Você é engraçada.
- Eu me esforço - Falo forçando um sorriso e agradecendo mentalmente pela minha ameaça de homicídio em massa tenha passado por uma piada.
- Tenho que levar isso agora - Falo me afastando até a porta.
- Até - Ele acenou.
Me voltei para a porta e tentei abri-la. Não tinha notado que Misha havia fechado quando chegou, mas agora ela não queria abrir.
- Sr. Collins - Chamo, meu tom claramente denunciando que tinha algo errado.- A porta...
- O que houve?
- Ela não abre.
Ele veio até mim e forçou a maçaneta.
- Emperrou - Anunciou, como se já não fosse óbvio.
- E você pode abrir não pode? - Pergunto entrando em pânico. Eu tinha claustrofobia. - Se tivesse alguma ferramenta talvez, mas eu não guardo esse tipo de coisa aqui - Responde passando as maos pelos cabelos escuros e os bagunçando.
- Por favor, me diz que tem como chamar a manutenção! - Falo sentindo que já estava iniciando uma crise de pânico.
- Eu...- Ele para.- Desculpe.
- Ah, não! - Quase grito soltando as roupas no chão e correndo para a porta. Eu sabia que era um erro entrar aqui. Comecei a bater e gritar por ajuda, Misha se juntou a mim, em um determinado momento senti que estava sem ar e que minha garganta havia fechado. Sem mais conseguir gritar, me encosto na parede e deslizo para o chão, perdendo completamente a força em minhas pernas.
- Você está bem - Misha perguntou sentando ao meu lado.- Hey! Fala comigo.
- Tenho claustrofobia - Consigo resmungar. - Falta.... de.... ar...
- Certo, se acalma. O trailer do Jensen é aqui do lado, com certeza ele nos ouviu, vai ficar tudo bem.
Abracei minhas penas e as trouxe para perto do meu peito. Me surpreendendo, Misha me abraçou e me puxou para o próprio peito.
Tentei sincronizar minha respiração com a dele, lenta e calma. Gradativamente eu me sentia melhor, no entanto ainda estava apavorada.
- Esta melhor? - Perguntou, seus dedos faziam movimentos circulares em meu braço.
- Um pouco.
- Quer conversar? - Perguntou novamente. - Para se distrair?
Balancei a cabeça afirmativamente.
- Sobre o que quer falar?
- Qualquer coisa que aconteça fora de um local fechado e apertado - Murmuro. Misha riu.
- Você é ainda mais adorável quando esta...
- Tendo um ataque de pânico? - Completo sentindo minha boca seca.
Ele me apertou mais junto a si. Por incrível que pareça, eu não estava me sentindo desconfortável alí.
- Você confia em mim?
- Eu mal conheço você - Respondi.
- Então o que eu preciso fazer para que você confie em mim?
- Me conta algo sobre você - Peço. Levantei a cabeça do peito dele para olhar seus belos olhos azuis, meu nariz roçou em seu pescoço e ele estremeceu.
- Uhn... quer saber sobre como eu consegui sobreviver ao meu primeiro ataque de pânico? - Perguntou, eu disse que sim.- Eu tive que fazer sozinho, não tinha alguem comigo. Foi no meu primeiro dia de gravação e eu estava muito nervoso. Começou no camarim então fui até o banheiro e tentei me acalmar. Nada estava funcionando, então comecei tentar imaginar que havia alguém ali comigo. Tipo, eu faço um anjo, não é? Então acho que não é idiotice acreditar que tinha um ali comigo. Isso mudou tudo.
Pensei por uns segundos.
- Confio em você - Digo por fim.- Encontrei um ótimo motivo para isso.
- Qual? - Perguntou com tom curioso.
- Você é o meu anjo - Digo. Eu havia perdido completamente o constrangimento, eu só queria que ele soubesse o quanto estava me ajudando. Ele era realmente como um anjo para mim naquele momento, eu não sei o que faria se estivesse sozinha.
Os braços dele se afrouxaram um pouco e ele me virou para que ficassemos frente a frente.
Uma de suas mãos parou em minha nuca e então ele estava me beijando. Não hesitei em beija-lo de volta, levando minhas mãos até os cabelos macios dele.
Ouvi um baque na porta e me afastei assustada. Uma voz vinda de fora fez com que nos dois levantassemos as pressas.
- Ei! Misha? O que ta acontecendo, cara?
Era a voz de Jensen, como Misha tinha dito, ele deve ter ouvido os nossos gritos.
- A porta emperrou - Misha respondeu. - S/n está aqui também, ela não esta bem.
- Calma ai - A voz do lado de fora falou novamente.
Olhei para Misha e perguntei:
- Ele também me conhece?
- Eu falei que todos escutamos o seu nome tantas vezes que acabamos decorando - Ele deu de ombros.
- Ótimo, sou conhecida através dos berros - Resmungo aborrecida.
Um estrondo na porta me fez dar um salto e me agarrar a Misha. A porta abriu e lá estava Jensen com um pé de cabra, não tenho ideia de onde ele tirou aquilo.
- Vocês estão bem? - Perguntou.
- Sim, ela tem claustrofobia - Misha explicou. - Estava sufocando.
Abaixo para pegar as peças do figurino que haviam caido.
- Obrigada - Agradeço ao Misha.- Eu estaria acabada se não tivesse você aqui.
- Conte comigo - Ele piscou para mim com o olho esquerdo.
Passo por ele com um sorriso tímido e ao passar por Jensen noto seu sorriso nada inocente.
- Obrigada também, afinal, você foi o herói - Digo a ele. Ele ri.
- Conte comigo - Imitou o Misha antes de piscar para mim como ele fez.
Retomei meu caminho de volta para o estúdio ainda com os lábios formigando.

✓ 𝐒𝐍𝐀𝐏𝐒𝐇𝐎𝐓 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora