Babá Angelical

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Leitora/Adam

***

- É algum tipo de piada?- Indago, de cenho franzido. Encaro meu irmão, Castiel, e espero uma resposta. - Esta adquirindo o senso de humor dos humanos?
- Não vejo razão para que isso seja interpretado como uma piada, S/n - Castiel balançou a cabeça.- Estou falando sério.
- Mas eu... eu sou uma guerreira. Não uma... como dizem?- Tento me lembrar da palavra usada pelos humanos.- Babá!
- Não estou pedindo que seja uma babá. S/n, você é um anjo guardião, estou mandando que faça sua função - Castiel suspira. - Sem contar que ele não é um simples humano, é o plano B.
- Na verdade o plano D - Digo com descaso. - A ultima opção para os desesperados, o...
- Está bem - Meu irmão me interrompe.- Apenas cumpra as ordens, S/n, por favor.
Dessa vez eu solto um suspiro. Era melhor obedecer, ou outro anjo viria, e ele não seria tão delicado quanto Castiel.
- Ta bom - Concordo, cruzando os braços e o encarando petulante.- Mas não serei boazinha, apenas o protegerei.
- Não pediria que fosse - Castiel bagunça levemente meus cabelos. Ele age como o irmão mais velho, e apensar de termos outros milhares de irmãos, considero Castiel especial.
Lanço-lhe um sorriso debochado antes de me teleportar, desaparecendo para a terra.

Chego ao local onde estão mantendo o plano "D". Acho que preciso parar de chama-lo assim.
A sala é ampla e bem arejada, bonita até, para os padrões humanos. O garoto, Adam Milligan, esta sentado em uma das poltronas, seus grandes olhos azuis estão fixos em uma... como chamam essa coisa? Droga, preciso passar mais tempo na terra se quero aprender sobre os costumes dos mortais.
- Nunca achei essas coisas interessantes - Comento, ainda parada ao lado do garoto. Ele me olha assutado e da um salto da poltrona, ficando de pé.
- De o-onde você veio?- Ele pergunta. Ondas de supresa emanam de seu corpo.
- Do Céu - Respondo, simplesmente, dando de ombros.- Meu nome é S/n. Eu fui designada como seu anjo guardião, e minha função é protege-lo até a hora certa.
Adam faz uma careta.
- Não preciso de uma babá.
- Eu não sou uma babá - Digo, irritada.
- Não é o que parece - Ele retruca.- Se esta aqui para tomar conta de mim.
- Estou aqui para protege-lo. É diferente - Agora estou ofendida.
- Tem certeza? Você parece ter a minha idade. Não mandariam alguém mais experiente para me proteger se eu realmente estivesse em perigo? - Adam da de ombros e volta a se sentar.
Fico parada, totalmente sem palavras. Esse... esse humano está dizendo que sou fraca e inexperiente?
- Sou um anjo. Tenho milhares de anos, isso é apenas uma casca. Não me julgue por antecipação - Digo em um murmúrio baixo.
Meu receptáculo esta tenso, tentando conter a minha fúria. Eu poderia explodir para fora desta casca e queimar esse garoto inteirinho. Mas então me lembro que se fizer isso vou acabar sendo punida... ou pior.
Respiro fundo. Caminho até a outra ponta do cômodo, ficando a uma distancia considerável dele. Assumi minha postura como anjo guardião e fiquei ali, prostrada próximo a parede e concentrada em detectar qualquer coisa que oferecesse perigo.

Aquilo estava entediante. Nada acontecia. Estava começando a acreditar que eu realmente fora mandada ali para ser baba. Ninguém iria querer atacar esse garoto... quer dizer, quase ninguém. Eu ainda não havia me decidido.
- Você vai ficar parada ai por quanto tempo?
Contínuo imóvel, ignorando o garoto que me encara.
- É meio bizarro ficar aqui com alguem parado me observando. Você parece um robô.
Viro-me lentamente para ele.
- Não estou observando você - Digo, secamente.
Volto a olhar para frente.
- Você é diferente.
Isso chama minha atenção. Volto-me confusa para Adam, sem entender o que ele quis dizer com aquilo.
- O que? - Pergunto.
- Você é diferente dos outros anjos que encontrei. Todos eram tao controlados e esquisitos - Ele sorri.- Não estou dizendo que você não seja esquisita, mas...
- Eu não sou como a maioria de meus irmãos - Digo sem refletir muito sobre minhas palavras antes de solta-las.
- Por que não?- Adam estava se aproximando, ele estava com os braços cruzados e parecia a vontade, diferente de mim.
- Não sei - Balanço os ombros.- Por que estamos falando sobre isso?
- Porque eu queria fazer você falar alguma coisa - Ele sorri outra vez.
Ponho as mãos na cintura. Não vivi tempo o suficiente entre os humanos para saber como interpretar suas ações, por isso estou totalmente confusa.
- O que quer dizer com isso?- Indago, minha cabeça tomba levemente para o lado.
- Eu queria conversar sobre alguma coisa, eu gostei de você - Adam se encosta na beirada da mesa.
De repente sinto meu rosto quente, meu receptáculo deve estar completamente vermelho. Castiel não falou sobre essa provável situação.
- Anjos coram?- Ele pergunta, agora ele estava rindo de mim?
- Não. Mas as cascas sim - Digo, mal-humorada.
- Você não gosta muito daqui, não é? - Ele pergunta, voltando a uma expressão séria. - Digo... a Terra. Não gosta de ficar com o humanos.
- Na verdade, eu gosto - Respondo, minha postura fica menos tensa.- Acho interessante a complexidade dos sentimentos humanos. Os anjos não tem isso.
- Como assim?
- Eu posso sentir a aura dos mortais, isso seria especial se metade dos anjos não pudessem fazer o mesmo - Digo.- A diferença é que também sinto a de meus irmãos. Nunca vi um Anjo sentindo mais que uma emoção por vez.
- Nunca?- Ele me olha surpreso.
- Apenas dois, meu irmão mais próximo, Castiel, e...- Hesito.- Eu.
Adam da um sorriso torto. Detecto algo diferente em suas intensões, sua aura levemente se altera e suas emoções mudam o curso, saindo da genuína curiosidade para o... desejo?
- Então você já sentiu emoções humanas?- Ele deduz.
- Algumas vezes - Respondo, repentinamente desconfortável. Meu receptáculo esta reagindo ao olhar penetrante do garoto, não gosto disso.
- E quais foram?
Não contarei a eles o tipo de emoção que senti, era constrangedor, no entanto eu estava revivendo ela bem alí.
Eu me mantive quieta, escapando de seu olhar inquietante. Outra vez senti meu rosto esquentar.
- Esta sentindo alguma agora?- Ele pergunta, não se importando por ter sido ignorado. Balanço a cabeça confirmando.
- Não sei como vocês a chamam - Digo, constrangida.
- Não precisa saber o nome - Ele da um passo em direção a mim, não me movo, tentando descobrir o que ele fara. Humanos são sempre imprevisíveis, é uma parte de sua natureza que sempre fascinou-me.
Antes que eu entendesse o que ele faria, Adam tocou meus lábios com os dele. Meus olhos abrem-se, ficando arregalados, isso não é algo que eu esteja acostumada.
Ele se afasta, talvez pela minha falta de reação. Ele fita meu rosto confuso e petrificado. Ondas de emoções invadem minha mente, emoções dele e emoções minhas também. Coisa que nunca experimentei.
Um bater de assas habitual chama nossa atenção, Zacharias se encontra no centro do comodo.
- Boa noite - Ele sorri, mais para Adam do que para mim. Ele lança um olhar frio para mim e diz em seguida: - Volte para o Céu, S/n, eu irei assumir daqui.
Concordo com a cabeça, não ousado desafia-lo. Antes de ir, olho para Adam que sorri para mim.

Ao retornar para o Céu, estou ainda mais confusa que antes. Aquele humano sabia como me confundir perfeitamente.
Sem perceber, levo os dedos até meus lábios, aquilo foi bom... de uma maneira estranha.
Preciso encontra-lo novamente para entender o que ele fez para deixar-me desse jeito. E terá de ser rápido, pois o Grande Plano sera executado em breve e posso perde-lo para sempre.

✓ 𝐒𝐍𝐀𝐏𝐒𝐇𝐎𝐓 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora