Black eyes

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Leitora/Dean Winchester

***

Paro por um minuto antes de estalar os dedos e as luzes do quarto onde os irmãos dormiam. Eu não deveria estar aqui, não mesmo, estou xingando-me mentalmente por isso. Mesmo assim estou aqui.
Quando as luzes se acendem, ambos os irmãos acordam atordoados, o loiro quase cai da cama. O maior, já não tão perdido quanto o outro, pega uma faca embaixo do travesseiro e fica de pé.
— Quem é você? – Pergunta.
— Vim em paz – Digo, erguendo as mãos. Sorrio com deboche antes de prosseguir. – Escutem, eu me chamo S/n. Sou irmã de Meg Masters.
Os Winchesters se entre olham. Dean me encara desconfiado.
— O que você quer? – Pergunta o loiro.
Respiro fundo, preparando-me para o que viria a seguir. Eu preferia voltar ao inferno a fazer isso.
— Preciso da ajuda de vocês – Minha voz pela primeira vez em muito tempo estava sem o tom sarcástico.
— Da nossa ajuda? Para que? – Sam pergunta, sem baixar a guarda mas o tom menos hostil.
— Minha irma está desaparecida há um ano – Explico. – Desde que ela serviu de distração quando vocês foram atrás de Dick Roman. Eu a procurei por todos os lugares e a achei, mas não posso salva-la.
Os dois não falaram nada de inicio, pareciam muito hesitantes. Aos poucos foram abaixando as armas, não sei se por confiarem em mim ou por estarem armando algum plano para me prenderem.
— Por que ajudariamos você? Você é um demônio – Dean fala por fim.
— Obrigada por me lembrar – Retruquei ácida.– Eu não queria estar aqui. Eu preferiria ser torturada por mil anos a ter que me sujeitar a isso.
— Então por que esta aqui? – Sam indaga.– Se odeia tanto ter que fazer isso?
— Porquê ela é minha irmã – Falo, simplesmente. – E porquê sei que mesmo sendo detestáveis, vocês sabem como é a sensação de perder um irmão. Afinal quantas vezes cada um de vocês já morreu?
— Demônios não sentem dessa maneira – Dean fala, sem acreditar.– Trabalha para o Crowley?
Seus olhos verdes estão cheios de desconfiança, encaro-o de volta da forma mais arrogante que consigo:
— Não, não trabalho para ele – Digo fria.– Tenho certeza de que foi aquele desgraçado que levou minha irmã.
Dou um passo na direção do Winchester mais velho, a raiva borbulhando praticamente na superfície. Dean ergue o queixo, me observando de cima.
— Você não sabe nada sobre como nos sentimos, Winchester – Eu praticamente cuspo as palavras em seu rosto. – Meg é minha irmã, posso não ser humana, mas eu a amo da minha maneira. Se não vão me ajuda, ótimo. Não preciso de vocês, sempre soube que isso seria uma perda de tempo!
Me afasto dos dois, pronta para partir me sentindo ridícula por ao menos considerar pedir ajuda a esses dois...
— Espera – Sam me chama, quebrando minha linha de raciocínio.–  Como exatamente espera que possamos ajuda-la?
Viro-me para ele e cruzo os braços acima do peito.
— Crowley a escondeu em algum lugar onde demônios não podem entrar, ou sair – Digo.– Mas talvez humanos possam.
— Crowley é um demônio – Dean franze as sobrancelhas.
— Mas é o único que sabe como ultrapassar a segurança – Completo. Para completar, acrescento: – E eu tenho outra informação.
Os dois ficam alertas.
— Acho que sei o motivo para que ele a tenha sequestrado – Começo. – Meg era braço direito de Lúcifer, ela sabe de coisas que nós nem mesmo imaginamos.
— Lúcifer esta na jaula outra vez, nada que ela souber faz diferença agora – Dean desdenha.
— Até as que são referentes a placa dos anjos? – Pergunto, um sorriso toma minha face.
— Existe uma placa dos anjos? – Sam parece mesmo curioso.
— Existe centenas de placas sobre tudo o que pode imaginar – Dou de ombros.– Mas apenas duas são realmente importantes: A dos demônios e a dos anjos.
— Meg sabe onde ela esta?– Dean pergunta.
— Não tenho certeza. Mas podemos fazer uma troca. Se me ajudarem a encontra-lá, peço a ela que conte a vocês tudo o que sabe.
Eles parecem estar considerando, minha proposta não era tão indecente assim. Demônios e caçadores não deveriam trabalhar juntos, mas as apostas eram altas. Eles não negariam.
— Tudo bem – Dean concorda, depois do que pareceu uma curta conversa psíquica com o irmão. – Vamos atrás de Meg, pela placa.
— Fantástico – Sorrio.– vamos.
Estalo os dedos, levando eu e os Winchesters até a casa grande, sombria, e enorme onde tinha certeza de que Crowley levara minha irmã.
— Droga – Dean exclama, cambaleando. – Pode avisar na próxima vez?
— Então vai ter uma próxima vez? – Sorrio com malicia para o caçador que sorri de volta.
— Esqueça, Baby.
— Não curto os babacas mesmo – Digo, dando de ombros.– Então, esse é o cativeiro. Meg esta nas masmorras.
— Isso tem masmorras?– Sam questiona sem acreditar.
— Crowley é do tipo clássico – Falo, revirando os olhos.– O anãozinho espalhou sigilos angelicais e armadilhas do diabo por toda parte. As armadilhas estão em tinta transparente, quase fui pega em uma. Só ele sabe a localização de todas.
— Então entramos lá, pegamos Meg e saímos? – Dean pergunta.
— Se forem competentes o suficiente – Digo.– Entro com vocês na casa e os acompanho até onde puder, depois é com vocês, tigres.
Estalo outra vez os dedos e estamos dentro do casarão em estilo colonial. O lado de dentro é bem bacana, não posso negar.
— Vou atrás de Meg, fique com S/n – Sam diz ao irmão antes de puxar uma faca.
— Dispensou a companhia – Digo, olhando para os lados aflita. Não sei se Crowley aumentou a segurança desde a ultima vez que tentei entrar.
— Não vou deixa-lo ir sozinho – Dean murmura.
— Está tudo bem, Dean – Afirma o grandão. – Não vou demorar mais de quinze minutos. É melhor ficar de olho nela.
Solto um "Ei!" que é completamente ignorado.
— Quinze minutos – Dean repete, lançando um olhar significativo ao irmão. Sam balança a cabeça e sai pelo corredor cumprido.
— Vem – Arrasto-o sem mais escolha, entramos em um quarto.
— O que...?
— Quer ficar parado em um corredor no meio de uma casa cheia de demônios? – Pergunto, espiando o lado de fora, antes de bater a porta.
— Cheia? Você não falou que a casa estava cheia de demônios. Meu irmão esta lá fora sozinho! – Dean fala ficando irritado.
— Ei, calma ai, tigrão – Falo, tentando fazer com que ele cale a boca e não chame atenção. – A maioria nem esta aqui, só as cascas. Eles mudam o tempo todo. Fiquei observando por um tempo. Guardando a cela só deve ter um ou dois.
— Se estiver mentindo – Dean da um passo em minha direção, apontando o dedo para mim.– Se algo acontecer a Sam, eu mato você.
Acompanho seu ritmo e dou um passo em sua direção, ficamos frente a frente. Dou um tapa de leve em sua mão, empurrando-a para o lado.
— Não tenho medo de você, Winchester. Seu irmãozinho quis bancar o herói sozinho, eu não tenho culpa. Acha que não estou preocupada também? Se der errado minha irmã pode ser morta.
Dean faz uma pausa. Seus olhos estão brilhando de uma maneira estranha. Nos encaramos por um tempo e eu começo a achar que tem algo de estranho nesse silencio todo do caçador.
— Qual o problema? – Pergunto.
— Você – Responde, fechando os olhos e respirando fundo.– Você é o problema, S/n. Seu corpo é um problema, sua voz é um problema, o jeito como me irrita e ao mesmo tempo...
Pela primeira vez em minha vida fico sem ter o que falar. Nunca imaginei ouvir isso vindo de um caçador. Muito menos esse caçador sendo Dean Winchester.
— Você enlouqueceu – Resmungo me afastando dele. Sinto seu braço envolver minha cintura, sua mão espalmada em minha barriga.
— Enlouqueci – Ele confirma.
Dean me puxa até que bato contra seu peito. Em minha mente me lembro sobre como costumo fazer tudo sem me importar com as consequências, esse é um dos momentos em que eu deveria estar agindo assim.
Me viro, ficando de frente para o caçador e o puxando pela camisa, levando meus lábios de encontro aos dele. Dean agarrou minha cintura, empurrando-me para a parede e me prensando ali com seu corpo enquanto suas mãos habilidosas subiam e desciam pelas laterias de meu corpo.
Dou um empurrão em seu peito, sem me importar em ser delicada, fazendo com que ele caísse sobre a cama. Tiro minha camisa em seguida minha calça, ficando de pé em frente a ele.
— Sabe a parte boa de ser um demônio? – Pergunto, observando-o morder os próprios lábios vermelhos. Ele nega.– É a falta de consciência.
Sento em seu quadril me debruçando sobre ele e agarrando seus cabelos, o beijando. Dean segura firme em meu minha cintura.

***

Eu terminei de vestir minha camisa, estava espiando pela porta, esperando ver Sam e Meg cruzarem o corredor. Dean acabava de abotoar a camisa.
— Minhas costas estão arruinadas –  Comenta.– Podia pegar mais leve da próxima vez?
Sorrio ao me virar para ele.
— Pensei que não haveria uma próxima vez – Trago de volta suas palavras.
Ele ri.
— Pensei que não curtisse os babacas – Ele retruca.
— Eu menti, adoro um babaca – Dou de ombros, puxando-o para um outro beijo. Ouço passos no corredor e me afasto dele, olhando pela porta aberta.
Sam vinha trazendo Meg que estava apoiada em seu ombro, ela conseguia andar mas estava arrasada. Abro mais a porta e saio indo até os dois.
— S/n – Ela sorri.
— Meg – Sorrio de volta, indo até ela e a abraçando.
Como eu disse, não somos humanos, mas ainda podemos sentir do nosso jeito.

✓ 𝐒𝐍𝐀𝐏𝐒𝐇𝐎𝐓 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora