A Governanta III - Pt. 34

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Iana narrando.

Assim que Amanda e Jimin foram deitar, depois de jantarem, eu estava terminando de fazer as coisas que devia fazer na cozinha. Jimin não tinha ido à empresa aquela noite. Eu tava na cozinha, aí quem entra? A mordoma da saia curta. Ela entrou, batendo as portas, e dizendo:

-Criada, me dá um copo de água!

Parei o que estava fazendo, e olhei bem dentro do globo do olho daquela tetuda do cabelo curto. Ela ficou me encarando, com cara de nojenta. Franzi a testa:

-Do que você me chamou, minhoca de saia?

-Você tá surda? Criada! - Ela grita. - Me dá água! To com sede!

Cheguei bem perto dela, e enfiei meu dedo na cara dela:

-Olha aqui: Eu não sou paga pra servir empregadinha de quinta! E segundo, não sou sua criada! Sou empregada, é diferente! E meça suas palavras, porque isso aqui não é a casa da mãe Joana!!

Ela começa a rir:

-Ah ta... É, tem razão... - Ela olha pra unha, quero dizer, cascos de cobra... - Você não é a criada daqui. - Ela olha pra mim.- É a escrava!

Não, cara. Escrava não. Tava demorando pro preconceito aparecer nesse país...

-Eu sou o quê? - Senti uma vontade de arrancar os cabelos daquela sirigaita, fio por fio.

-ESCRAVA!! - Ela grita, chegando mais perto de mim. - Além de escrava, é surda, é??

A vaca girafona tinha 1,75m,por aí... Ela era do tamanho do Jimin. E eu, baixa, né. Mesmo assim, cheguei perto dela, ficando na ponta dos pés:

-Olha aqui, você não tem o direito de me destratar, e de falar assim comigo!

-Haha, desde quando falar a verdade é crime?

Me fartei. Não entendia o que eu fiz pra essa cobra de avental me tratar assim...

-O QUE EU FIZ PRA VOCÊ ME TRATAR ASSIM? VOCÊ NEM ME CONHECE! - Gritei.

-Nasceu. Existiu está aqui, cruzou meu caminho. Sua suja! Nojenta!

É, nesse momento, percebi que tinha dado de cara com uma preconceituosa.

-Odeio você, e a sua gente! Você não é bem vinda nesse país! Aqui, você é imunda!!

Me afastei dela, com vontade de chorar. Ninguém nunca me falou palavras tão pesadas... Aquilo assim não poderia ficar... Deixei uma lágrima rolar, assim que me encostei na pia, ignorando a presença daquela pacata.

-Ta chorando, é? - Ela começa a rir. - É o melhor que pode fazer, escrava nojenta! Agora, quero minha água.

Não olhei pra ela. A ignorei, pensando no que eu poderia fazer pra me vingar daquela preconceituosa, horrorosa e asquerosa. Ela perguntou umas três vezes sobre a água novamente, quando eu decidi pegar a água. Fui em direção à geladeira, e a demonia começou a bater palmas.

-Aah, já vejo que você presta pra alguma coisa!

Ignoro, não olho pra trás, e continuo a fazer o que eu iria fazer. Pego a vasilha com a água mais gelada que tinha na geladeira, pego o copo maior, coloco o máximo de água que aquele copo suportava, e chego bem perto dela, que já estava sentada. Ela não percebe que eu estava ali, só percebeu, olhando para cima, quando eu disse:

-Você quer água? Então toma, vagabunda! - Viro o copo de água todo na infeliz, fazendo ela se sufocar. - Se afoga nela! - Depois, jogo o copo no chão, perto do pé dela. Era um copo de vidro. Saio correndo, e ela grita:

Além De Sonhos Mais LoucosOnde histórias criam vida. Descubra agora