Capítulo 12 ۞ Nos Sunt in Praedam, Nunc Sunt Venatores

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"Nos sunt in prædam, nunc sunt venatores"

Meu general sempre repetia essa frase para seus comandados. "Repitam sempre isso como uma oração" dizia ele. Significa "Éramos presas agora somos caçadores". Perguntei-me o porquê daquela frase ter aparecido em minha cabeça justo nessa hora, apesar de estar no lugar do caçador me sentia mais como uma presa. Ir atrás de Ogros em plena madrugada era uma idéia das mais bestas, mas por outro lado devia aquilo a Claire, tinha que recompensá-la por ter me ajudado. Minha força havia retornado, meus ferimentos se foram e o que restou foi apenas a cicatriz pra ser lembrado de nunca mais na vida dar as costas a um batalhão do exército armado.

A pequena cidade era rodeada por árvores, percebi isso logo quando cheguei, mas achei que isso não era problema, uma paisagem a mais e nada além. O que eu sabia de Ogros era muito pouco, apenas o que havia lido em livros empoeirados na livraria do castelo. Eles são gigantes ou simplesmente maiores do que a estatura humana normal, e possui uma aparência brutal, geralmente desajeitado. Possui o cérebro reduzido o que justifica atitudes insensatas, como invadir cidades atrás de comida, falta discernimento e a capacidade de raciocínio é reduzida. E a parte que eu mais gostava, comiam carne humana. Legal não é? Estou mesmo ferrado.

Adentrei aquela floresta escura, iluminada somente pela luz da lua, e isso não era muito ruim, pelo menos havia luz. Percebi que estava desarmado, ir atrás de Ogros em seu território é burrice, desarmado é burrice ao quadrado. Eu já disse que estou lascado não é mesmo ? Olhei para todos os lados, cercado de grandes árvores para ver se encontrava alguma coisa que pudesse me ajudar na matança daqueles seres e nada. Sei que tenho esse poder oculto, mas pelo que entendi até ali é que eu tinha que entrar em perigo para poder usá-lo. Ele se manifestava só quando minha vida corria risco, e risco era uma cosia que eu não queria passar, vou tentar acabar com os ogros silenciosamente e discretamente. Pelo que sei tenho até o amanhecer já que os ogros quando entram em contato com a luz do sol viram pedras.

Estava impressionado com todo aquele ecossistema, uma floresta temperada, as árvores me deixaram impressionados. Carvalhos tão altos que tocavam o céu negro com suas folhas me faziam companhia enquanto tentava achar o rastro de meus inimigos. As corujas faziam o seu som habitual em várias direções, provavelmente já estava na hora de caçar. Enquanto me locomovia lentamente me escondia sempre atrás de alguma árvores , percebi uma mosca presa em uma teia de aranha pronta para ser devorada.Coitada da mosca. Ela se debatia freneticamente enquanto a aranha se aproximava para degustar o seu banquete a luz do luar. Vi como a natureza era linda, mas o forte sempre vencia e naquele momento ele não era o forte, estava em desvantagem mesmo sendo com apenas um ogro e naquele momento nem saberia dizer quantos eram aqueles que ele estava procurando. Mais alguns passos pra frente e ouvi gemidos Encostei as costas no troco de uma grande árvore e olhei pela lateral, avistei três ogros.

- Três? – Droga minha sorte melhora a cada minuto.

Os ogros levavam suas vitimas nesse caso seis no total, cada um levando duas.

- Ei, idiota cuidado com os ingredientes do nosso guisado.

- Cale a boca e pare de me encher o saco.

- Fiquem quietos os dois não temos a noite toda, desgraçados.

Eu os segui em silêncio, queria descobrir a localização da caverna dos três. Espreitava-me entre as árvores e mantinha certa distância de segurança para não ser visto, para não ser morto. Mas cometi um erro. Ao me esconder atrás de mais uma das árvores acabei pisando em um graveto. "Tec" o som ecoou até os ouvidos de um dos ogros.

- O que foi isso? – Perguntou um deles.

- Isso o que idiota, continue andando. – Não escutei nada

Fábula Cristal: Grãos de Areia - Livro 1 (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora