Capítulo 11 ۞ Problemas, Problemas, Problemas

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O quarto era mais aconchegante do que eu esperava. Um quadrado que comportava uma cama, uma mesa de centro, uma pequena televisão e um banheiro. Tudo bem limpo e organizado. Tirei a camiseta e os ferimentos ainda faziam questão de sangrar, ainda que pouco em comparação a alguns dias antes. Peguei em minhas coisas o remédio que Alana havia me entregado antes de sair da capital e o coloquei de lado, antes, precisaria limpar os ferimentos. Limpa-los era a pior parte, doía e pior ainda quando derramei aquele maldito remédio em cima dele, essa merda arde, minha visão escureceu e pensei que iria desmaiar de tanta dor.

- Droga Alana, podia ter me dito que essa porcaria ardia. – Resmunguei.

Pouco tempo depois bateram na porta, não estava com a mínima condição de receber visitas, na verdade não queria ver ninguém e não fazia ideia de quem poderia ser, afinal não conhecia ninguém naquela cidadezinha de fim de mundo.

Me levantei da cama com um pouco de dificuldade agradecendo a minha querida madrinha por ter me entregado aquele maldito remédio e segui em direção a porta, pelo olho mágico vi que era Claire, a garçonete de mais cedo

A mulher estava do outro lado segurando uma caixa primeiro socorros.

- Quem é? – Perguntei dando uma de sonso, ela sabia que poderia ve-la pelo olho mágico.

- Claire! – Ela respondeu em entusiasmada.

Abri a porta e a garota sorriu para mim. Que garota maravilhosa, aquele sorriso me incendiou por dentro. Eu estava sem camisa com o ferimento sangrando e ardendo agora graças a Alana. Olha, devo admitir que nunca fui o tipo de cara bombadão cheio de músculos que não conseguem virar para limpar o próprio rabo, tinha um corpo magro porém era bem definido. Estava satisfeito com ele e o que era melhor, as mulheres gostavam.

Claire perdeu o fôlego quando me viu e eu percebi. Nada mal, ainda nao tinha perdido o meu jeito com as garotas.

- Boa noite, desculpe incomodar mas eu só quero ajudar, vi que você estava sangrando lá embaixo e resolvi lhe trazer essa caixa de primeiro socorros. Será que posso entrar? – Perguntou corando e me analisando de cima abaixo.

"Não, não é uma boa ideia" pensei.

- Claro, entre! - Eu disse que não era uma boa idéia.

Acho que Aryana não gostaria de ouvir essa parte da história e eu que não teria nenhuma disposição em conta-la.

Claire entrou no pequeno quarto e se sentou na beirada da cama, colocou a caixa de primeiro socorros de lado, me aproximei e me sentei do outro lado.

- Os ferimentos estão cicatrizando, mas teimam em sangrar sempre que faço muito esforço. - Expliquei.

Ela assentiu com a cabeça. Era linda, meus olhos não se desviavam nem por um minuto, estava enfeitiçado.

- Vou precisar dar alguns pontos mais fortes, e mais juntos, os que deram não estão segurando o ferimento. - Disse ela analisando os ferimentos. – Me passe o pano e por favor pegue um copo com água.

Depois de ter pego o copo com água, Claire molhou o pano e limpou o sangue que havia secado na ferida formando uma crosta. Logo depois pegou um pouco de água oxigenada dentro da caixa do kit de primeiro socorros para desinfetar o local. Agulha e linha já estavam a postos. Soltei um "ai" no momento em que a água tocou a pele.

- Isso vai ser sem anestesia. Vê se não chora muito. – Ela piscou pra mim.

- Vai em frente, já aguentei coisa pior.

E realmente eu já havia aguentado, mas no momento em que a agulha atravessou minha pele amaldiçoei o maldito que havia inventado aquela merda de instrumento afiado.

Fábula Cristal: Grãos de Areia - Livro 1 (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora