"Mãe da Cloe!?", Michael puxou a camisola da minha mãe, tentando chamá-la à atenção. Eu tinha-o convidado para vir brincar a minha casa, mas no entanto, começou a chover torrencialmente e acabámos os dois enroscados num cobertor a ver um filme sobre peixes. Mas agora que tinha finalmente parado de chover, Michael não parava quieto por um segundo, e eu já nem tentava dizer-lhe para se calar.
"O que foi, querido?"
"Podemos ir ao parque? Podemos, podemos, podemos, podemos?", repetiu, saltitando pela cozinha. A minha mãe riu-se e olhou para mim com um ar estranho, mas não disse nada. "Eu quero andar de baloiço!"
"E que tal fazermos outra coisa, Michael?", a minha mãe agachou-se, ficando da mesma altura que o rapaz. "Agora está tudo molhado e eu não quero que se magoem. A tua mãe não iria ficar nada feliz comigo."
"Mas eu porto-me bem!", insistiu. "A Cloe toma conta de mim."
"A Cloe nem dela sabe tomar conta.", riu-se.
"Então eu tomo conta da Cloe!", Michael encolheu os ombros, lançando-me um olhar divertido. Eu ri-me, achando-lhe piada. Não me apetecia sair de casa, mas vê-lo tão entusiasmo, cheio de vontade de ir, fez-me mudar de ideias.
"Pronto, ok. Eu levo-vos ao parque.", Elsa acabou por ceder. "Mas não podemos demorar."
Quando chegámos ao parque, Michael correu como um maluco para o escorrega e desceu umas dez vezes até se cansar, enquanto eu o observava em silêncio, parada em cima da areia húmida. A minha mãe preferiu ficar dentro do carro, para não apanhar frio, mas eu sabia que ela não iria tirar os olhos de nós. Depois de cair, Michael riu-se à gargalhada e caminhou até mim. Os seus cabelos loiros caiam-lhe pela testa numa franja e ele parecia um pequeno duende, mas eu gostava de o ver assim. Brinquei com as minhas tranças e sorri-lhe quando ele parou à minha frente, agarrando-me na mão. Ele puxou-me até ao baloiço e obrigou-me a sentar-me num dos bancos, ocupando o outro.
"Eu gosto disto.", ele admitiu, respirando fundo.
"Tu gostas de muitas coisas, Michael.", ri-me.
"Sim, é verdade.", abanou a cabeça. "Gosto de baloiços, gosto de música, gosto de parques vazios e gosto de ti."
"Eu também gosto de ti."
E então ele começou a cantar. Não conhecia aquela música mas, pelo palavreado, parecia algo que um adulto ouviria. Michael costumava conhecer musicas que mais ninguém conhecia, e, ao longo dos três anos que passámos juntos, já tinha ouvido milhares de músicas saírem-lhe dos lábios. Ele dizia que o pai lhe tinha deixado uma coleção de discos vinil antes de morrer, e que um dos seus objetivos de vida era ouvi-los a todos antes de completar os dezasseis. Michael tinha apenas oito anos, e já ia a meio da sua meta.
"I think I'm dumb/Maybe just happy. Think I'm just happy/Think I'm just happy/Think I'm just happy.", ele cantarolou, virando o rosto para me encarar. Os seus lábios estavam desenhados num sorriso e ele parecia feliz por me ter ali à sua frente. Suspeitei que ele pudesse ter lido os meus pensamentos, e assustei-me com essa possibilidade. Não queria nada que ele descobrisse aquilo que me ia na cabeça. "Cloe?", ele esticou a sua mão e pegou na minha, apertando-a com força.
"Sim, Michael?", o meu coração disparou.
"Tu gostas de mim?"
"Talvez.", sorri timidamente, encolhendo-me. "Tu gostas de mim?"
"Sim.", respondeu. "Eu gosto muito de ti." Depois de uma pausa em silêncio, olhei para ele e sorri, vendo-lhe o rosto vermelho. "Tu gostavas de ser minha namorada?"
Um suspiro escapou dos meus lábios quando aquela pergunta lhe escapou da boca, e eu encarei a areia molhada abaixo dos meus pés. O meu corpo gélido balouçou-se lentamente e eu senti um pingo tocar-me na testa. Não sabia o que significava ser namorada de alguém, mas suponha ser algo importante e difícil.
"Está a chover.", ignorei a sua pergunta, encolhendo os ombros. "Devíamos ir."
»»»
mais um sonho de uma memória de infância da Cloe.. :') eu gosto tanto destes extras, apesar de por vezes saírem assim um bocadinho do contexto. Espero que também tenham gostado, para a semana publico mais um capítulo!
xo
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Social Casualty II ಌ m.c
Humor❝Eu odeio ter de fazer isto, e desejava somente ficar perto de ti, mas talvez tu tenhas razão. Talvez eu seja realmente errada. Tinha medo que to dissessem, mas ainda mal que não o fizeram. Tu devias tê-lo ouvido, pois talvez assim parasses de me qu...