Aminimigos

PRÓLOGO

- Vai Ty! Brinca comigo. - Suplicou a garotinha de cabelos loiros.

- Ah não Molly! Não sou garota pra brincar de boneca! - Disse o menino fazendo um bico enorme logo depois de cruzar os braços.

- Você é a pessoa mais chata que eu já vi na vida, Tyler!

- Você é mais chata que eu então!

Molly se jogou no gramado de seu quintal e começou a chorar. Tyler tentou segurar a pose de durão, mas logo desistiu. Para ele, ver sua melhor amiga naquele estado, era a mesma coisa que ver seu ídolo - Barney - ser morto. Era extremamente horrível.

O garoto se ajoelhou, ficando de frente com a garota que ainda estava com as mãos nos olhos e continuava a chorar.

- Ei. - Disse ele colocando as mãos em seu rosto, fazendo-a olhá-lo. - Não chore, por favor. Você fica feia quando chora. - Tyler acariciou as bochechas rosadas de Molly com o seu polegar.

- Isso quer dizer que vai brincar comigo? - Molly deu um sorriso sapeca.

O pobre menino revirou os olhos e bufou.

- Está bem. Eu brinco, por você.

Os olhos de sua melhor amiga brilharam e automaticamente ela abriu um sorriso imenso revelando suas janelinhas.

- Você é o melhor amigo que alguém poderia ter! - Falou ela abraçando fortemente o mesmo, que logo caiu no chão junto com ela. - Eu te amo Ty! - Molly começou a dar vários beijinhos em seu rosto enquanto Tyler ria.

- Eu também te amo!

A garota se levantou e logo ajudou seu amigo a se levantar também.

- Aceita uma xícara de chá?

O garoto ainda não aceitando muito essa brincadeira de menina, assentiu com a cabeça.

Cinco anos depois...

- M., você não pode estar apaixonada pelo idiota do Benjamin! - Disse Ty furioso.

- Qual o problema Tyler? Ele é um cara legal.

- Mas você só tem dez anos! Vê se entende. O Benjamin tem onze!

- Tyler, me deixa! Você mesmo disse que está apaixonado por uma garota! Por que eu não posso estar apaixonada também? E além do mais, vou fazer onze anos mês que vem.

- Eu te proíbo de gostar desse idiota!

- Você não pode e nem vai me proibir de nada, Tyler!

A garota, que agora já estava crescida, estava prestes a chorar, seus olhos já estavam marejados. Era triste brigar com seu melhor amigo.

- Ei. - Falou Tyler mais calmo se aproximando da menina que ainda estava sentada em sua cama. - Você fica feia quando chora. - Ele sorriu e Molly sorriu também. Com certeza se lembraram da cena de cinco anos atrás. - Só me promete que não vai me deixar. Eu não gosto de te ver com esse cara. Por favor M., não fique com ele, por favor.

- Eu já te disse Tyler! - Disse ela se levantando de sua cama e ficando de costas para seu amigo. - Eu gosto dele.

- Por favor! É tudo que te peço Molly. Você não sabe o significado de se apaixonar, isso é só uma atr...

- Eu não sei o que significa se apaixonar?- Interrompeu. - Então quer dizer que você sabe?

- M., só faça o que te pedi. Por favor!

- Me dê um bom motivo, Tyler! - Gritou ela se virando e ficando de frente com o garoto.

Tyler a beijou. Sim, a beijou. Esse foi seu desejo desde quando a viu pela primeira vez, mesmo sendo um garoto de cinco anos na época, esse foi o seu maior desejo, e agora ele estava o realizando.

- Seu idiota! - Gritou Molly logo depois de empurrá-lo. - Saía do meu quarto, agora!

Antes de sair, Tyler sussurrou um pequeno pedido de desculpa e saiu pela porta do quarto.

Molly chorou muito e como consequência, acordou com seus olhos inchados.

Seis anos depois..

Eles ainda são vizinhos.

Ele cresceu.
Ela também.

Ele conheceu gente nova.
Ela também.

Ele se afastou dela.
Ela também.

Ele ainda é apaixonado por ela.
Ela não sabe disso.

Ele começou a odiá-la por não corresponder seus sentimentos.
Ela começou a odiá-lo por ele ter começado a odiá-la primeiro.

Ele é o famoso badboy da escola.
Ela é a nerd engraçada.

Ele a olha todas as noites antes de dormir pela janela de seu quarto.
Ela - novamente - não sabe disso.

Ela sente falta dele.
Ele mais ainda.

Ela realmente não entende o motivo de seu ódio.
Ele está confuso com seus sentimentos - não sabe se a ama ou se a odeia.

Ela tem um novo melhor amigo.
Ele tem amigos que nem sabem seu nome direito.

Ela sonha com os garotos fictícios de seus livros.
Ele sonha com ela.