CAPÍTULO 13 - PARTE 2

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ALLISON WYNTON

A tarde foi baseada em conselhos amorosos e surtos da minha própria mãe. Ela parecia muito feliz com a história que eu contei sobre mim e Matt. Segundo ela, seu sexto sentido nunca falhava e ela já previa que isso fosse acontecer. Eu não posso negar, ela me conhece muito bem.

Antes mesmo que eu pudesse protestar, ela já estava ligando para a tia Molly, buscando por alguém que pudesse compartilhar de sua extrema alegria por sua filha ter, finalmente, desencalhado. Só alguns beijos e minha mãe já acha que estou namorando? Em que tempo ela vive?

O céu já havia escurecido e mamãe estava sentada ao meu lado, em minha cama, enquanto sorria, feliz, para o celular a sua frente, esperando que Molly atendesse. Não me surpreenderia se ela já estivesse planejando o meu casamento com o Matthew em sua cabeça.

Quando um chiado saiu do aparelho, senti minhas bochechas queimarem em vergonha. Tentei abrir a boca para protestar, novamente, mas minha mãe me ignorou quando um suspiro pesado saiu através do viva-voz. Um suspiro nada feliz.

A felicidade da mulher ao meu lado desapareceu em segundos quando a tia Molly começou a chorar pelo telefone. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Grace logo se apressou em sair do meu quarto e não me disse nada.

[...]

Faz mais de uma hora que estou olhando para o teto do meu quarto. Eu não me ousei a sair daqui depois que mamãe passou pela porta apressada.

E eu repito: esse dia não está fazendo o menor sentido!

Penso em Matt. O que será que ele está fazendo agora? Será que ainda gosta de mim? Está com raiva?

As cortinas balançam com o vento gelado e eu a observo, tentando tomar coragem para sair da posição confortável em que estou agora e ir fechá-la. Minha janela é bem de frente para o quarto de Matt e sim, isso é extremamente clichê até para mim que não suporto. A curiosidade me atinge, querendo saber como ele está. Pego-me torcendo para que sua janela esteja aberta. Respiro fundo, reconsiderando a ideia.

Eu moro nesse bairro desde que nasci. Pelo que sei, meus pais moravam em São Francisco quando casaram. Lá eles tiveram o Gus e depois que minha mãe descobriu estar grávida de mim, meu pai preferiu comprar uma casa maior e mais perto da família, então, decidiu voltar para Los Angeles. Logo, tudo aqui é próximo. Vovô e vovó Hills moram a três quadras daqui. Tia Phoebe, a duas ruas abaixo da minha. Meus avós paternos moram em Santa Mônica, litoral de Los Angeles e sempre festejamos de tudo lá. As praias são lindas!

Mas é claro que os melhores amigos desde a adolescência não poderiam se separar mesmo depois de terem construído suas famílias. Assim que o vizinho da família Baker anunciou que estava vendendo a casa, meus pais aceitaram de primeira. O bairro é ótimo e como eu disse, tudo aqui é perto. Muito perto mesmo. Até o garoto que insiste em mexer com meus sentimentos tem a janela de seu quarto, praticamente, colada a minha. Perdi a conta de quantas vezes pedi para meu irmão trocar de quarto comigo, afinal, os dois não têm tanta diferença, tirando a parte que no de Gus tem um banheiro exclusivo para ele; não tem tanta diferença. A sorte de ser o irmão mais velho e me lembrar que eu nasci depois e que é ele quem, supostamente, manda nas coisas, fez com que ele quebrasse meus argumentos e eu desistisse de tentar. Eu não queria trocar de quarto para ter um banheiro privado, mas sim, para não ter que olhar Matthew Baker sem camisa logo pela manhã, ou então, aturar suas gracinhas sempre que me vê fazendo alguma dança ridícula ao som de Taylor Swift quando minhas janelas estão abertas.

Abraço meus braços quando me aproximo da janela. A noite está fria, mas meu coração aquece quando eu o vejo sentado em sua escrivaninha que é colada a parede da janela, dando-me a visão completa de seu rosto triste. Muito triste. Ele parece chorar enquanto olha para baixo. Meu coração aperta ao vê-lo tão vulnerável desse jeito.

Consigo ouvir uma gritaria no fundo. Ah não! Os pais dele estão brigando? Confirmo meu pensamento quando ele sobre o olhar para mim e me encara confuso e logo vira-se para trás com o som da porta se abrindo, encontrando sua mãe que assim como ele, chora. Eles rapidamente se abraçam e prefiro dar privacidade aos dois e fecho as cortinas.

Meu coração pesa pelo Matt. Hoje não está sendo um dia fácil para ele.

Respiro fundo antes de sair do quarto. Preciso saber o que está acontecendo. Minha mãe está colocando a mesa para o jantar e o Gus está no sofá com seus fones, jogando video-game. Não nos falamos desde o episódio do refeitório. Ele evita me olhar quando passo próximo a ele. Eu já esperava por isso.

Não encontro meu pai. Normalmente ele estaria ajudando minha mãe com a mesa enquanto cantarola um dos sucessos de Dave Stewart, mas não está. Grace nota que eu me aproximo, mas não sorri como sempre. Tudo está muito estranho.

- A janta está pronta, podem se servir. - Mamãe diz voltando para a cozinha, indo pegar os copos. Gus, surpreendentemente, parece ouvir e passa por mim como se eu fosse um nada.

Sentamos um do lado do outro, desconfortáveis com a situação em que estamos. Eu preciso falar com ele e resolver isso.

- Mãe, onde o papai está? Não vamos esperar por ele? – Pergunto quando ela volta com apenas três copos na mão.

Antes de se sentar à nossa frente, ela suspira pesado e nos encara impaciente.

- A família Baker está com problemas e seu pai foi ajudar. – Outro suspiro. – Parece que Molly e Tyler vão se divorciar...

Meu queixo cai. Não é possível! Conheço o tio Tyler e tia Molly desde sempre e eles sempre foram um casal tão apaixonado... August tem a mesma expressão que a minha, estamos sem acreditar, totalmente em choque.

- O Matthew está passando por muita coisa e eu quero pedir para vocês dois – O olhar severo de Grace cai em mim, reforçando que eu não tenho como escapar de seu pedido. – para que deem apoio para ele nesse momento tão difícil. – Gus concorda de imediato e parece esquecer o que aconteceu hoje mais cedo na escola. – A Molly está pensando em voltar para Miami e tocar o hotel lá mesmo e o Tyler quer vender a casa.

- E o Matt? – Meu irmão pergunta.

- Ele vai para a Flórida com a mãe dele, eu acho. Tyler, provavelmente, vai voltar a morar com os pais enquanto encontra outro lugar para ficar... O pai de vocês está tentando acalmar o amigo e a Molly está com o Matt na casa. Pensei em chama-los para passar a noite aqui. O que acham?

Eu não sabia o que achar. A possibilidade do meu vizinho acabar morando, definitivamente, no outro lado do país chega a me apavorar.

- Por mim, tudo bem. Tenho um colchão extra no meu quarto e eu posso ficar com o Matt. – August se apressa em dizer.

Mamãe concorda feliz pela ajuda e volta a encarar meu rosto que ainda está surpreso com todas essas informações.

- Tudo bem para você, Ally? – Eu concordo ainda atônita. – A Molly fica com o quarto de hóspedes. – Ela se retira da mesa e pega o telefone, ligando para a amiga.

Meu irmão encara o prato vazio a sua frente, parece triste. O dia está triste hoje. Grace se afasta para o quintal para conversar a sós com a tia Molly, então decido falar com meu irmão:

- Gus, eu...

- Não quero falar sobre isso agora, Allison. – Seus olhos estão baixos. Ele está evitando olhar para mim. – Estou pensando em uma forma de confortar o meu amigo. Agora não é hora pra isso.

Concordo e levanto-me da mesa, sem me importar com o jantar. Não quero ter que chorar ou insistir no perdão do meu irmão, então vou em direção ao meu quarto.

Quando chego no topo da escada escuto a campainha tocar. Eles chegaram. Maravilha!

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espero que tenham gostado do capitulo de hoje!

#blacklivesmatter SEMPRE ✊🏼✊🏾✊🏿

bjus

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