CAPÍTULO 2

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TYLER BAKER


29 de Junho de 2006

Querido novo diário,

Prazer, Molly Mitchell. Mas pode me chamar de M. - se um dia você resolver falar.

Ainda não sei como devo te chamar, mas não se preocupe, logo irei pensar. Hoje mamãe me deu você e eu fiquei super feliz! Agora poderei ter um amigo para compartilhar meus segredos, porque mesmo que Tyler seja meu melhor amigo, não tenho muita confiança nele, e praticamente quase todos meus segredos tem a ver com ele!

A primeira coisa que você deve saber, é que eu gosto dele. Pronto, falei. Mas não vou falar de novo.

E nunca vou falar pra ele!

Bem-vindo ao meu mundinho. <3


Beijos.

M.

~•~

Meu coração dispara assim que leio as palavras escritas por Molly Mitchell aos sete anos de idade.

Sei que é errado mexer nas coisas dela, mas ela escreveu sobre mim e tenho todo o direito de saber. E saber que ela já gostou de mim é um alívio, pensava que era o único a se apaixonar quando criança. E agora descobri que o sentimento era recíproco.

Eu passei tantos anos da minha vida a amando. Nossa, como eu a amo. Ela é a pessoa mais importante da minha vida. Mas ela não precisa saber disso e provavelmente nunca saberá.

Depois daquele beijo que dei nela, ela simplesmente começou a me olhar de um jeito diferente, distante e a cada dia ia se afastando, e cá estamos nós.

Deixei de ser um nerd e virei um popular, com a ajuda de Johnny, meu melhor amigo. Ele é o capitão do time de futebol americano da escola e adora pegar todas, mas nunca se apaixonou por nenhuma.

E Molly continua a mesma, e a cada dia parece que me apaixono ainda mais. Ela - assim como eu - tem novos amigos. Um deles é o idiota do Benjamin Lloyd. Sim, o mesmo Benjamin que ela disse estar apaixonada aos dez anos. Mas agradeço à Deus por ela não estar namorando ele.

Meu celular começa a tocar a música do Missão Impossível e logo atendo-o.

- Alô?

- Cara, sou eu. - Diz John.

- Fala aí Johnny! O que quer?

- Preciso de ajuda. Me apaixonei e isso é uma porcaria!

- Quem é a azarada? - Digo rindo.

- Para de graça. Vem aqui em casa, estou te esperando. - Diz e logo finaliza a chamada, não me deixando dizer mais nada.

Ainda estou no sótão da casa de Molly. Coloco o diário em minha jaqueta. Ela não vai sentir falta disso.

Desço as escadas e vejo que minha mãe ainda está conversando com Willow, mãe de Molly.

- Mãe, tenho que ir. Vou me encontrar com Johnny.

- Ah, tudo bem. - Ela me dá um beijo na testa. - Vou ficar aqui. O pessoal que participará da reunião já está por vir.

Assinto.

- Tchau, Tyler. Volte mais vezes, Molly irá adorar. - Ela sorri e me abraça. Sorrio com a possibilidade de que ela esteja certa. - Ah, e não se esqueça de fazer a doação da semana.

- Pode deixar. - Sorrio e saio pela porta que muitas vezes já passei.

[...]

Antes de sair de casa, deixo o diário de Molly no meu baú de coisas antigas e minha mãe nunca mexe nisso, então ele estará seguro.

Vou caminhando até a casa de Johnny, é perto da minha, então não precisei pedir o carro da minha mãe emprestado.

- Entra logo! - Diz John assim que bato na porta.

- Ei. Calma! O que houve? - Ele começa a me empurrar em direção ao seu quarto.

- Preciso desabafar urgentemente! - Diz fechando a porta atrás de si.

- Então diga.

- Minha irmã disse que estou apaixonado. - Fala. - E eu estou com muito medo de que isso seja verdade.

- Espera. - Digo. - Quem é a garota?!

- Isso não importa. Só me diz se estou com cara de bobo apaixonado.

Analiso seu rosto e seguro o riso. É claro que ele está apaixonado.

- Cara, se você está me perguntando isso, é porque está apaixonado!

- Droga! - Diz se jogando na cama. - Ela me deixa louco, até parece que ela tem imã no corpo, porque eu não paro de olhá-la, toda hora quero ficar ao seu lado. Meu Deus! Estou parecendo um gay. Viu o que ela faz comigo? - Pergunta.

- É. Pois é. Tá apaixonadão. - Rio. - É meio estranho ver você apaixonado.

- Ah, cala a boca! - Fala.- E o pior é que ela me viu beijando a Bryanna. - Esconde o rosto com as mãos. - Me deu um aperto no coração quando a vi sair correndo, e pra piorar, ela estava chorando.

- Diz logo quem é ela!

- Grace Hills. - Se vira pra mim. - Mas ninguém precisa saber disso, beleza?

- Meu Deus! A Grace? Aquela que você sempre provocou? - Rio novamente. - Amiga da Molly?

- Ela mesmo. Mas não conte, por favor. Eu nunca me apaixonei e como você mesmo disse, é estranho me ver apaixonado. - Se senta de frente pra mim. - Você já sentiu isso?

- Senti o que?

- Esse lance de se apaixonar. Você já sentiu algo diferente por alguma garota?

Ele é meu melhor amigo, não posso mentir pra ele. E além do mais, estou escondendo esse segredo há anos.

- Sim. - Digo por fim.

- Sério? - Ri. - Quem é?

- Molly Mitchell. - Falo olhando para o chão.

- Ah, então ela é o motivo da Sra. Jinks chamar sua atenção na aula?

- Sim. Mas ela também não precisa saber de nada, ok?

- Esse é nosso acordo, beleza?

- Beleza. - Digo.

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