Epílogo

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Morte.

Tão temida, tão esperada, tão misteriosa. Que um dia ela chegará a nós é certo; realmente, a única certeza que temos na vida. De uma forma ou de outra, não há como fugir. As pessoas sofrem e se conformam. É um ciclo natural. Mas e quando o ciclo é alterado? Uma única peça retirada de uma estrutura de dominós pode atrapalhar tudo.

E foi assim que a estrutura de Harry foi atrapalhada.

Já presenciara tantas mortes e até fora a causa de muitas. Não esteve muito surpreso, vez ou outra afetado, mas não o suficiente para o sofrimento. A diferença de todas ela é que não tinham importância para ele. Estava estragando vidas alheias com as quais ele não se importava. Soa desumano, mas ele se acostumara a ser assim. Porém, aquilo era totalmente, completamente e profundamente diferente.

Ele viu o amor de sua vida se suicidar diante de seus olhos e não pôde fazer exatamente nada. Ele partiu seu coração e então se foi.

Deus, como aquilo doía.

Em 1 semana, ele conseguiu piorar o tanto que não conseguiu em 7 anos. Estava indomável, desnorteado, descontrolado, sozinho. Seu coração dói como o inferno e ele não pode sequer lutar contra isso. Ele não quer lutar, na verdade. Para que lutar contra as suas feridas? Elas não curariam nunca mais.

Acompanhou o memorial e o enterro de longe, tentando não se culpar ainda mais a cada soluço de Johannah ou dos amigos de Louis. Viu o belo rosto do menor pela última vez, ele estando sem cor e sereno, mas ainda assim lindo. Só quando todos foram embora, Harry se aproximou da lápide. Jogou rosas brancas, as favoritas dele, sobre o túmulo, e chorou sobre ele. Chorou por horas, que passaram tão rápido que ele mal percebeu. Pedindo desculpas e murmurando "eu te amo" freneticamente, ele acabou adormecendo ali.

Ele viu Johannah na sexta-feira. Ela estava com olheiras profundas e não esboçava nenhuma reação, apesar de suas feições um tanto infelizes. Ela não estava falando, não estava prestando atenção, ela não parecia estar naquele mundo. Harry realmente podia entendê-la. Ele sabia que ela chorava todas as noites até adormecer, se perguntando onde errara.

Via Liam todos os dias. Estava como Johannah, porém, agressivo e sem paciência. Ele não era de beber muito, mas passara a se embriagar todas as noites para tentar se livrar da frustração e tristeza extrema. Sempre o via em bares, boates ou na casa de Louis, chorando em silêncio com diferentes garrafas. Ele não se atreveu a contatá-lo, pois a última vez em que ele vira o seu rosto, pôde identificar ódio neles. Era melhor não.

Viu Niall algumas poucas vezes. Este por sua vez quase não saía mais de casa, trancado em sua tristeza profunda. Ele possuía um carinho inigualável por Louis, e aquilo era como arrancar seu próprio coração. Harry desconfiava que ele estivesse desenvolvendo uma depressão. Ele tinha pesadelos todas as noites e estava tomando os remédios de Louis para conseguir dormir.

E ele... Ele estava tentando viver. Não tentou fugir de sua dor. Saía algumas vezes para ir se alimentar, algumas vezes se enfurecendo e matando por estar sobrecarregado demais. Mas ele não queria matar, torturar, beber, nem nada disso. Ele só queria uma única coisa que era impossível ter novamente.

Voltou à faculdade uma única vez, o que o fez se arrepender pois haviam fotos de Louis espalhadas por todos os cantos. Um memorial dedicado ao seu garoto também foi feito, o qual ele não aguentou ficar por mais do que a metade, porque as lembranças o torturavam como facas sendo cravadas em seu coração.

Zayn o visitou algumas vezes, e tentou fazer seu papel de bom amigo, mas Harry sabia que ele não entendia o que estava sentindo. Ele só estava tentando ser gentil. Luke ficou surpreso quando soube, mas nada disse sobre. Na verdade, ele havia sumido a alguns dias, mas Harry não dava a mínima. Katherine criara um pequeno afeto por Louis quando eram mais novos, então ela ficara chocada quando soube. Não se entristeceu, mas também tentou ser gentil.

Danger Of Green Eyes Δ | {AU!lwt + hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora