Dona da Bola [Revisado]

Capítulo 9

Uma nova semana se iniciou e isso só significava que teríamos mais uma semana de aula pela frente.

Me arrumei, fui para a escola de ônibus e tive as primeiras aulas. O intervalo veio como uma salvação para os meus pobres cinco últimos neurônios.

Laís, Sarah e eu tomamos nossos lugares em uma das mesas e eu as atualizei sobre o meu final de semana com Josh; Sarah escutou tudo, sem mudar nem um pouquinho da sua expressão de impaciência.

Eu podia ler em seu rosto o quanto ela queria me bater, mas estávamos em uma boa vibe e não talvez ele preferisse me dar apoio a me espancar até a morte.

Durante o tempo de intervalo, algumas pessoas me reconheciam do jogo e me davam os parabéns e elogios e, vou confessar, eu até gostava daquilo. Quem não gosta?

Mas os minutos passaram voando.

O sinal estridente soou e todos nos dirigimos de volta para as nossas salas. Laís e eu teríamos Química e então fomos conversando até a classe.

Cruzamos o corredor e dei de cara com Andrew que estava parado em frente a porta da sala. Quando me viu, sorriu e me puxou pela cintura para um beijo.

Não consegui corresponder. Na verdade, nem fechei os olhos e, por isso, pude ver Lalah fazer uma cara de nojo que eu entendia.

Me desvencilhei de Drew e abri um sorriso sem graça, minhas bochechas queimavam.

- Drew, calma - comecei e tomei uma distância segura dele - Me desculpe por não ter deixado claro, mas... Eu não estou afim de algo sério agora e não quero brincar com você - fiz uma pausa para pensar nas palavras que eu iria usar, eu queria ser delicada - Sinto muito, mas a gente não tem nada.

- Ah - seu semblante se tornou desapontado - Tudo bem...

Me despedi dele e adentrei a sala, sendo seguida por Laís. Me sentei em meu lugar e Lalah se sentou ao meu lado.

- Que tenso, hein...

- Ai, mano... Eu gosto tanto do Drew, ele é um cara muito legal, mas...

E fui interrompida quando o professor me chamou. Achei que estava com problemas quando ele apontou para uma inspetora que aguardava na porta.

- Maya Wilson? - ela perguntou e eu assento.

- Vem comigo, por favor - me levantei de minha cadeira e a acompanhei até uma sala.

Gelei quando li "sala do diretor" na plaquinha da porta e a mulher abriu a porta e me empurrou para dentro.

Eu estava nervosa, era a primeira vez que eu ía parar na diretoria em toda a minha vida e, o pior, era que eu nem sabia o que poderia ter me levado àquela circunstância.

Me sentei a uma cadeira indicada pelo superior, ao lado de um homem que eu não fazia a menor ideia de quem era, mas já o havia visto.

- Bom dia, senhorita Wilson. Sou o diretor Phillip...

- E eu sou o treinador Marvin - ele estendeu a mão e eu a apertei.

- É um prazer conhecê-los, mas... Por quê, exatamente, eu estou conhecendo vocês?

- Primeiramente - começou o diretor - Gostaria de lhe parabenizar por seu desempenho acadêmico. Você tem um belo histórico escolar.

- Segundamente, queremos que faça parte do Time de Basquete.

- O quê?! - soltei, exasperada e o diretor lançou ao treinador um olhar de censura.

- Combinamos que eu diria essa parte, Marvin! - o homem pareceu bravo.

- Desculpe, Phill, mas você enrola muito. Por que não ir direto ao ponto...?

- Espera aí, como assim fazer parte do Time de Basquete?!

- Por causa disso - o diretor explicou me lançando um olhar de tédio.

- Escute, Maya... - o treinador prosseguiu - Você tem boas notas e, aparentemente, um dom para o Basquete. Estes são, literalmente, os únicos pré-requisitos para entrar para o Time, então estivemos pensando e, por que não podemos ter um componente feminino no nosso Time?

- Bem...

- É claro que consideramos a hipótese de ter sido sorte, embora você precisasse ter uma sorte boa o suficiente para sobreviver à uma explosão nuclear para acertar aquela cesta sem ter nenhuma habilidade esportiva - o treinador riu - Nós gostaríamos de ter a certeza de que não foi apenas um presente divino circunstancial antes de desperdiçar um talento como o seu.

- O queremos dizer, senhorita Wilson, é que está convidada a fazer um teste para entrar no Time se essa for a sua vontade.

- Eu acho que vou precisar pensar um pouco antes de dar uma resposta oficial - repliquei e os dois assentiram.

- Maya, tudo com o que tem que se preocupar é em manter as notas e tudo vai dar certo. Vamos entrar em contato com seus responsáveis e aposto que tudo vai seguir os conformes, o diretor é bem persuasivo - eu ri.

- Vou pensar a respeito - prometi.

Pedi licença para me retirar e voltei para a minha sala, com uma expressão mais leve agora que já sabia que não estava encrencada.

Adentrei a sala e o professor tocou o meu ombro.

- Pense com carinho, senhorita Wilson - ele pediu com um olhar cúmplice e eu assenti suavemente.

Voltei ao meu lugar e Laís passou o restante da aula tentando me arrancar informações e eu apenas lhe disse que era segredo, por enquanto.

Realmente estava considerando, aquela seria uma chance que eu possivelmente nunca mais receberia.

O horário escolar terminou e eu fui caminhando para casa, pensando no que faria e resolvi que não contaria para Carmen ou meu pai, naquele dia.

A mulher já estava com a cabeça cheia por causa dos preparativos do casamento e a última coisa que eu queria era jogar em seu colo mais uma coisa para se preocupar.

Eu mal havia processado tudo aquilo.

Segui com a minha rotina infeliz de fazer lição de casa, estudar e gastar o resto do meu tempo assistindo séries.

Josh não apareceu naquela tarde para me distrair, na verdade, eu nem mesmo o havia vista naquele dia.

Fui dormir cedo naquela noite.

Jantei uma receita maluca de Max, separei meu meterial do dia seguinte e fiquei deitada na cama por uns bons minutos pensando em tudo.

Eu devia me dar uma chance, eu devia acreditar no meu potencial, mas auto estima nunca foi o meu destaque.

Essa era uma das coisas que eu invejava em Joshua. Talvez aquele fosse apenas o seu disfarce, mas ele tinha um amor próprio que eu nunca teria.

Resisti à tentação de chorar aqueles sentimentos confusos e apenas fechei os olhos, deixando a inconsciência me levar para onde quisesse.