Dona da Bola [Revisado]

Capítulo 24|Josh

Maya bêbada era obscena.

Ela parecia uma criança de nove anos que acabou de descobrir de onde vem os bebês e era divertido vê-lá daquela forma, porque normalmente ela era descontraída, mas séria - o que eu achava incrivelmente sexy.

Sarah a desafiou se embriagar e então ela fez.

Àquela altura todos já estavam acostumados com as piadas maliciosas dela, e a fogueira ganhou mais lenha quando giraram a garrafa e ela foi a vítima, de novo.

- Eu te desafio a dar um beijo na pessoa mais linda da roda - Jeremy tentou me ajudar.

E então ela veio engatinhando na minha direção e parou na frente de Dustin, que estava ao meu lado e o beijou, fazendo todos na roda ficarem em silêncio para não perderem um segundo sequer daquilo.

Eu estava ciente de que aquilo era para me provocar, mas mesmo assim não pude deixar de me enciumar quando ela selou seus lábios macios aos de outro cara, na minha frente.

E acho que deixei meu ciúme transparecer um pouco, porque Jeremy me lançou um olhar cúmplice e tentou desviar a minha atenção. Ele era a única pessoa que sabia o quanto eu gostava de Maya.

A brincadeira continuou e não envolveu mais beijos e nem nada do tipo.

No fim, eu estava com várias mechas de cabelo presas por algum tipo de elásticos, Jeremy ainda com a langerie, Amber com vários desenhos obscenos no rosto e Dustin vestido apenas por sua cueca. Sarah tinha todo no seu rosto coberto por creme dental, Fred usava um salto, Laís estava maquiada como um palhaço e Maya estava bêbada.

Arrumamos a bagunça que havíamos feito e nos aprontamos para ir para a piscina.

O pessoal havia ficado na piscina fazendo barulho e Jeremy e eu fomos até o quarto de Laís para procurar uma caixinha de som.

Voltamos à área da piscina e uma movimentação estranha nos chamou atenção.

Laís e Sarah gritavam histéricas uma com a outra enquanto Amber tentava apaziguar a situação e então, quando percebi o que estava acontecendo, não pensei duas vezes antes de pular dentro da piscina.

Maya estava se afogando.

E eu tentei tirá-la dali o mais rápido possível, mas ela se debatia muito. Estávamos no fundo da piscina e nem mesmo eu alcançava o chão.

Quando consegui sair dali com ela nos braços, quase me senti aliviado. Mas ela não acordou de imediato.

- Porra! Eu falei pra você ficar de olho nela, cacete! - Sarah gritou com Laís.

- Não disse, não! - Laís se defendeu.

- É claro que disse, mas você estava ocupada demais agarrada ao seu namoradinho.

- Cala essa boca! O Jeremy nem mesmo estava aqui!

- Calem a boca vocês duas, porra! Era para estarem de olho nela! Não se deixa uma pessoa bêbada sozinha na piscina - eu gritei nervoso.

Me concentrei em fazer os primeiros socorros em Maya e então ela reagiu.
Começou a tossir desesperadamente e a cuspir água também.

Eu a abracei forte, sentindo como se o mundo não tivesse mais problemas, porque ela estava ali e viva. Um de seus braços passou ao redor do meu pescoço e ela encostou a cabeça em meu peito, desfalecida.

Todos deram passagem para que eu passasse com ela no colo e fosse para dentro da casa.

A coloquei na cama de Laís e a envolvi com uma toalha, para esquentá-la e me ajoelhei no chão ao seu lado. Ela sorriu um pouco e me agradeceu com um gesto de cabeça.

- Você está bem? - perguntei, preocupado.

- Sim, eu acho... E você? - ela perguntou e eu suspirei aliviado.

- Se você está... Eu também - sorri e então um silêncio desconcertante se estendeu por alguns segundos e foi Maya que o quebrou.

- Me desculpe... - ela começou se encolhendo um pouco.

- Por quê? - franzi o cenho, confuso e ela se arrumou no lugar e pegou a minha mão.

- Eu agi como uma criancinha. Beijei o Dustin na sua frente pra, sei lá... Te irritar? E mesmo assim você salvou a minha vida.

Afastei alguns fios de cabelo que caiam em seu rosto e balancei a cabeça em negação.

- Maya, isso não faz o menor sentido. Eu nunca deixaria algo acontecer com você... Não se eu puder evitar - eu disse.

- Josh... - ela corou.

- Isso é uma promessa! Eu vou sempre cuidar de você, porque... - hesitei.

- Por quê...?

Pensei se deveria terminar aquela frase, com um "porque eu te amo", mas talvez aquele não fosse o melhor momento para isso.

- Porque... Eu sinto que devo. É estranho eu sei, mas...

Ela nem mesmo me deixou terminar de falar, quer dizer, não intencionalmente. Eu poderia ter continuado, mas o sorriso que ela abriu me desmontou por inteiro.

Aquele sorriso magnífico e perfeito que me trazia de volta a vida, mas que também me matava.

Senti meu coração bater o mais rápido que podia e uma vontade quase incontrolável de beijar aqueles lábios sorridentes.

- Obrigada - ela disse por fim, se aproximando e me abraçou forte.

Tinha quase certeza de que ela conseguiu ouvir o meu coração bater.

Ficamos um bom tempo assim. Eu afagava seus cabelos molhados enquanto ela invadia a minha bolha de invulnerabilidade e eu amava cada segundo.

Quando Laís adentrou o quarto nos afastamos e nos levantamos da cama, ficando lado a lado.

Maya encarou a amiga, e disse que, o quer que fosse dizer, eu poderia ouvir.

- Você está bem, May? - Laís perguntou. Aproximou-se e abraçou Maya.

- Estou, Lalah. Fique calma!

- A culpa é minha. Caramba, eu sou uma idiota! Como pude deixar isso te acontecer, amiga?!

Maya puxou a amiga abraçando-a novamente e revirando os olhos pelo drama da garota.

- Está tudo bem - ela beijou o rosto de Laís - Está tudo bem agora.

Voltamos para a piscina e eu fiz companhia a Maya, já que ela não queria entrar mais na água. A fiz rir, o que era a minha coisa favorita no mundo e a distraí do furdunço.

Quando todos resolvemos voltar para dentro demorou um pouco até que todos já tivessem tomado seus banhos e se arrumado para dormir.

Nos arrumamos na sala, onde veríamos um filme até pegar no sono e a maioria votou em um de terror.

Devo admitir que o meu voto para o terror tinha o propósito de fazer Maya querer dividir um dos colchões infláveis e me senti um garotinho por fazer isso.

Todas as vezes em que levava um susto, Maya se empurrava para mais perto de mim e sentir sua estrutura próxima da minha era terapêutico.

Quando finalmente fomos dormir ela se acomodou no mesmo colchão que eu, passou os braços envolta da minha cintura, deitou sua cabeça em meu peito e assim adormeceu.

Nos meus braços.