Acordei com a doce voz de Carmen me chamando, depois senti a sua estrutura afundar no colchão ao meu lado.
- Não vai se levantar? - ela perguntou, enrolando uma mecha de meu cabelo em seu dedo indicador enquanto eu abria os olhos devagar.
- Oi - disse eu, me sentando na cama, enquanto passava a mão pelo rosto.
- Vai se atrasar para o seu primeiro dia de aula, querida... - ela disse, incentivando-me a levantar da cama - O café está pronto, não demore muito, seu pai já vai sair - ela avisou e então saiu do quarto e fechou a porta.
Meu pai não podia ter arranjado uma noiva melhor, Carmen era o máximo.
Adentrei o banheiro e encarei meu reflexo sonolento. Lavei meu rosto, escovei os dentes e, então, tomei uma ducha rápida para tirar o suor da noite.
Nenhuma espinha deveria significar que aquele dia seria agradável.
Voltei ao meu quarto e vesti a roupa que havia levado um bom tempo para escolher na noite passada. Eu queria passar uma boa impressão no meu primeiro dia, mas, ao mesmo tempo não era a minha intenção parecer desesperada, então me enfiei num vestido florido e nem cogitei um casaco, era totalmente improvável que fizesse frio naquele lugar.
Saí do quarto e atravessei o corredor até o quarto de Max, meu irmão mais velho.
- Vai se atrasar, Au-Au - o chamei pelo apelido que sabia que ele odiava e o vi se virar para mim com um falso semblante enfurecido.
- Já disse para não me chamar assim, Maya - o garoto resmungou e eu revirei o olhos e me preparei para tirar mais um pedaço da sua paciência.
- Ué, a culpa não é minha que Max é nome de cachorro - eu disse e saí correndo escada abaixo, sendo perseguida por ele até a cozinha.
Nossas risadas pareceram incomodar papai que cruzou os braços e nos encarou de cara feia até que estivéssemos sentados à mesa com ele e Carmen.
Não sabíamos o motivo da irritação do homem, então todos tomamos o café em um silêncio perturbador, apenas o ruído dos talheres e dos copos de vidro podiam ser ouvidos.
Quando finalmemte terminamos, Max e eu nos levantamos e pegamos nossos lanches de cima da mesa de centro da sala, íamos em direção à porta, quando papai nos chamou.
- Esperem... Maximus, você pode levar a sua irmã? - perguntou sem tirar os olhos do celular - Eu tenho uma reunião, não posso me atrasar - pegou a chave do carro e saiu pela porta aberta, sem nem esperar por uma resposta.
O garoto e eu caminhamos até a garagem e entramos no carro. Liguei o rádio em um volume alto quando já estávamos na rua e dediquei minha atenção às pessoas que passeavam com seus cachorros, corriam ou andavam de bicicleta.
Era um bairro muito agradável.
Meus pensamentos me fechavam numa bolha de devaneios que Max logo estourou.
- Não fica brava com ele - meu irmão disse abaixando o volume do rádio.
- O quê? - franzi o cenho.
- O pai... Não fica brava com ele.
- Não estou brava com ele, por que eu estaria? - cruzei os braços e fechei a cara. Odiava como o meu humor oscilava de manhã.
- Eu sei que você queria que ele te levasse pra escola, não eu - me senti culpada por fazê-lo pensar daquela forma - É o seu primeiro dia na escola nova.
- Não se preocupe com isso, Maxie... Eu não crio muitas expectativas em relação ao papai - admiti soltando o ar com força - Eu só fico chateada pelo fato de ele se importar mais com a droga do trabalho do que comigo... do que com a gente... - disse eu, já irritada.
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Dona da Bola [Revisado]
RomanceMaya está de volta à sua cidade natal. O calor ainda é o mesmo e sua amiga de infância continua doida como sempre, mas muita novidade cerca a menina de uma vez. A começar por uma nova pessoa que invade a sua vida com um show de inconveniência, mas...