Capítulo 26

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Carmen e meu pai estavam em lua de mel, e isso se perduraria por um mês inteiro, já que sempre sonharam em viajar pela África.

Max e eu ficaríamos sozinhos durante todo este período, entretanto, meu querido irmão não havia entendido muito bem o significado de "cuide da sua irmã", pois, um dia depois do vôo de meu pai ele se mudou por algum tempo para a casa de sua maldita namorada.

Ou seja, eu estava sozinha.

Eu sempre gostei da minha companhia, sempre adorei ficar sozinha em casa porque a televisão e a geladeira eram minhas, mas, uma hora o tédio realmente me amarrou num sofá e só no que eu conseguia pensar era no quanto eu sentia falta da minha família.

Acordei cedo num domingo estranhamente frio.

Me levantei da cama e minha primeira visão do dia foi Josh andando de um lado para o outro no seu quarto e vasculhando em todos o lugares, como se procurasse algo.

Ele parecia aborrecido e seu maxilar estava trincado, mas quando me viu o encarando com um micro sorriso no rosto, seu semblante se amenizou e ele respirou fundo, se aproximando da janela.

- Oi - eu deixei meu sorriso aumentar.

- Oi - ele sorriu também, enfiando o celular no bolso e se escorando no parapeito.

- O que foi? Por que está tão afobado? - perguntei vendo o seu sorriso vacilar um pouco.

- Nada... Por quê?

- Parece nervoso... - franzi o cenho. Ele me encarou sem dizer nada e eu mantive meu olhar no seu, até ele confessar.

- Eu não estou, não... - revirei os olhos.

Me irritei.

Josh não tinha o dever de me dizer se não quisesse, mas, se fosse comigo, ele não me deixaria em paz, até arrancar de mim alguma informação.

- Tá legal... O que vai fazer mais tarde? - perguntei, ignorando minha onda de aborrecimento e lhe concedi um sorriso de flerte.

Ele hesitou.

- Vou à casa de Judy - ele limpou a garganta e pareceu perder ainda mais a paciência, só de lembrar aquilo - Nós temos um trabalho para fazer... juntos.

Nem preciso dizer que o meu ciúmes já tinha alcançado o teto, mas me contive e assenti calmamente.

- E... você escolheu ela como a sua dupla? - perguntei como quem não quer nada.

- Não! - defendeu-se - Ela deu nossos nomes para o professor antes que eu pudesse dizer que faria o trabalho com o J - soltou o ar e socou as mãos nos bolsos da calça - Mas por que perguntou?

- O quê? - levantei uma sobrancelha.

- Você perguntou o que eu iria fazer mais tarde...

- Ah, sim. Bem... o Max me largou aqui e, como meu pai e Carmen estão viajando, eu estou sozinha e entediada. Só queria ver um filme ou qualquer outra coisa, mas você vai me trocar pela Judiota...

- Eu não trocaria você pela Judy, nem se estivesse naqueles programas de auditório, numa cabine e com tampões de ouvido. O apresentador perguntaria "Josh, você troca a insuportável chatice matinal de Maya Wilson-Smith por alguns beijos sem emoção de Judith DiLopez?" e eu, mesmo sem ter escutado, responderia um não bem longo.

Eu tentei evitar, mas um sorriso bobo se formou em meus lábios. Ele sorriu também.

- Nós só vamos fazer o trabalho, eu juro - ele me encarou com aquele par de olhos azuis.

Dona da Bola [Revisado]Onde histórias criam vida. Descubra agora