Dianna

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- Senhora! Acorde! - meus olhos se abriram e se encontrou com os olhos preocupados da enfermeira.

- Minha filha..

- Ela está bem senhora.

Me levantei e fui ate a mesma, ela parecia dormir tranquilamente. Respirei fundo e voltei a minha atenção para a enfermeira.

- desculpe.

- Tudo bem! - ela sorriu. - Ela está melhorzinha, está até com uma coradinha.

Voltei a olhar a minha Demi e a enfermeira tinha razão. Dei um beijo na testa dela e logo acariciei seus cabelos, não via a hora dela acordar, seu sorriso fazia muita falta.

- A senhora quer ir tomar um café? Posso ficar cuidando da mesma.

- Não, não quero sair de perto dela.

- A senhora precisa se alimentar.

- Vou ficar bem! Não se preocupe. 

A enfermeira saiu e fiquei ali, cuidando da minha Demi. Eu me tornaria uma mãe chata, eu não sairia mais da casa da Demi, eu não correria o risco de perdê-la. 

O horario de vista foi mudado, Dallas e Eddie vieram vê-la. Madison havia ficado em casa com Isa - contra gosto. Demi dormia e enquanto eles estavam ali, eu aproveitei para ir comer algo e logo fui a recepção para proibir a visita de Wilmer Valderrama e ate me disponibilizaram um segurança, e seguimos ate o quarto de Demi, eu entrei e abracei Eddie. Logo eles partiram e fiquei ali, velando o sono da minha pequena.

...

Demi.

Acordei, meus olhos se incomodaram com a luz e os fechei, aquele cheiro estava me incomodando, parecia cheiro de hospital? Retornei a abrir meus olhos e suspirei, frustradamente. Lamentavelmente eu estava em um.

Olhei em volta e lá estava minha mãe, dormindo. Meus olhos pararam em meus braços enfaixados e as cenas invadiram minha mente como um flash.

Não...

Me senti péssima, tantos anos de tratamento jogados no lixo. Sem perceber eu já soluçava e logo aqueles braços protetores estavam ali, me abraçando como se eu fosse a pessoa mais importante de sua vida. Eu não duvidava do amor da mesma, mas eu me sentia vazia e sem amor.

- Mãe...

- Meu anjo, graças a Deus você acordou. Eu tive tanto medo de te perder, Demi. - ela choramingou.

Eu não poderia pedir desculpas, afinal, eu não queria ter sobrevivido.

- Eu te amo tanto. Eu morreria junto caso você...- sua voz falhou.

- Está tudo bem! - falei, sussurrando.

- Vou chamar o médico.

Apenas assenti. Ela saiu dali e me deitei, repousando a mão em minha barriga, suspirei fundo e meu coração se apertou, será que eu ainda tinha uma vida ali? Solucei baixinho, me sentindo a pior pessoa do mundo.

Enxuguei as lágrimas ao ver o doutor entrar no quarto e ele sorriu, me perguntou como eu me sentia e falei um: Bem. Ele me examinou e logo uma enfermeira entrou no quarto e suspirei baixo, já havia passado por isso e lá estava eu de novo. O medico desenrolava a camada de curativos do meu braço, minha mãe apertou minha mão e a encarei, ela já chorava, acho que estava tão emocionalmente fudida que nem percebeu que estava assim. Ela choramingou e um pequeno soluço saiu de seus lábios quando meus cortes foram revelados. Choraminguei.

- saía!

- Filha...

- Saía! Você não tem que ver isto mãe. - agora eu que soluçava.

- me desculpe...filha.

- Saía...por favor! - ela se afastou, e seus soluços ficaram mais intensos.

A ignorei, percorrendo meus olhos por cada marca inchada e avermelhada. O medico limpava - delicadamente as linhas - com um liquido e aquilo ardia, mas nada doía mais que a dor que eu sentia em meu peito, eu havia decepcionado a todos e o pior estava por vir.

Como eu explicaria isso aos meus fãs? Como eu teria coragem de encará-los depois disso? Como eu explicaria isso a  Isa?

O medico me tirou dos meus pensamentos, ao terminar de enfaixar meu braço novamente. Minha mãe retornou ao meu lado e estava com o rosto vermelho, mas sem chorar.

- Nos deu um grande susto Lovato! Mas agora esta tudo bem e provavelmente ainda hoje receberá alta.- sorri, fraco. - Espero que se cuide, tem uma vida aqui que depende da sua.- ele tocou minha barriga.

- Oh...- gemi baixo, pondo a mão na barriga. - Esta tudo bem com meu bebê?

- Sim. Fora um milagre. Cuide-se!

Ele saiu e minha mãe sentou do meu lado, me abraçando. Minhas mãos ainda continuavam em minha barriga, e minha mãe também pousou sua mão nas minhas.

- Cuidarei de vocês!

Me aconcheguei em seus braços e fechei os olhos, eu só queria ficar em silencio e aproveitando os carinhos da minha mãe.

- Eu te amo! - minha mãe falou.

Mas não fui capaz de retribuir. Eu sabia que o amor - as vezes - machucava, mas não sabia que ele poderia me destruir e matar meus sentimentos.

RaptadaOnde histórias criam vida. Descubra agora