cap 3

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Assim que me aproximo da alcatéia, vejo que havia um movimento incomum por dentro dos portões.

- Emy! - meu pai corre até mim.

- o que está acontecendo?! - pergunto saindo da moto com pressa.

- nosso território foi invadido! - meu pai fala visivelmente irritado.

Lembra do olhar ríspido e intimidador que só meu pai conseguia fazer? Bom... Esse era o olhar dele ao me ver saindo da moto sem capacete.

- e qual é a novidade?.

- ele disse que conhecia você - tio Théo chega carregando um chicote de prata  ensangüentado.

- onde ele está?! - pergunto assustada.

- na sala de interrogatório - meu pai responde.

Nosso território constantemente é invadido por lobos ou outras criaturas que renunciaram o governo de meu pai. Nós os chamamos de rebeldes.
Eles vêm causando problemas em diversas alcatéias no nosso país, roubando armas, suprimentos, material místico etc. Temos o costume de apenas prende-los, mas em alguns casos quando a situação fica descontrolada, acaba dando em morte ou apenas punição. Desde a guerra que ocorreu a 18 anos atrás, a guerra em que meus pais lutaram, nosso mundo vêm enfrentando um desequilíbrio horrível. A alguns meses, os rebeldes atacaram uma alcatéia inteira, matando o alfa e assumindo o comando, somente quando meu pai interviu eles foram punidos e presos. Sempre há aqueles revoltados com um governo.

Corro imediatamente para a sala de interrogatório, escutando meu pai gritar o meu nome atrás de mim, mas eu apenas ignoro. Quando abro a porta, tampo minha boca com as duas mãos sem acreditar no que estava vendo, era o Leon. Ele estava péssimo, cheio de machucados e cortes...
Leon estava amarrado a uma cadeira, mas não parecia estar consciente, já que sua cabeça estava jogada para frente. Solto ele, e ele se desequilibra e quase cai no chão, mas eu o seguro.

- E-Emily... - ele fala com a voz fraca.

- o que fizeram com você?! - digo o olhando com pena.

- Emily Jones Cortez, solte já esse garoto! - meu pai ordena.

- pai, por favor! - o olho desesperada - seja lá o que ele fez, ele não merece isso!. Deixe eu o levar para longe, prometo que você nunca mais o verá! - suplico.

- este garoto diz ser filho do alpha Rodrigo Black. Quem nos garante que ele não é um maldito espião?! - meu pai vocifera apontando para Leon - nada pode confirmar que esse garoto está falando a verdade!

- ele não possui nada que comprove o que ele diz, e a alcatéia dos Black não responde nossas comunicações - um guarda se dirige ao meu pai.

- pai, ele vai morrer! - digo com os olhos marejados.

- esse garoto tentou golpear um dos guardas para entrar aqui! Ele é claramente um invasor! - tio Théo argumenta.

- aquele guarda que começou! - Leon murmura com dificuldade, e então volta a cuspir sangue.

- pai, eu sei o que estou fazendo! - imploro - deixe-me tirar ele daqui, antes que morra!

Meu pai bufa, mas finalmente cede.

- vá logo! - ele olha para o garoto com fúria - ...e depois vamo ter uma conversa...- ele fala ríspido. 

Assinto positivamente e ele sai da sala furioso. Pego uma seringa com um remédio para acelerar a cura dele e injeto em sua veia.
O alpha Black anseia pelo posto de supremo alpha desde sempre, ele e o meu pai já duelaram por isso, e meu pai venceu. No entanto, os Blacks  são a alcatéia mais forte do país, depois da nossa, o que faz meu pai ficar na defensiva. Ele e meu tio Théo acham que eles tem algo haver com os ataques dos rebeldes nos arredores do país, e que ele está ampliando o seu arsenal para uma possível guerra. Ele não me deixa muito a par dessas informações, mas isso é tudo o que eu sei.

Os Blacks e os Jones não tem uma relação muito boa, o que gera a divergência entre meu pai e o alpha Rodrigo. Tudo isso não passa de uma luta por poder. O domínio sempre esteve nas mãos nos Jones desde o início do tempos, mas os Black insistem em promover uma troca de liderança.
A alguns anos, meu tataravô criou uma lei que proibia os Black de atravessarem as fronteiras para o nosso território a menos que tivessem permissão, mas isso nunca deu muito certo já que a floresta fica entre nossas alcatéias  e a lei não pode se estender até ela. Meu pai nunca foi de fazer o que ele fez hoje, mas a algum tempo, os Black torturaram alguns guardas nossos que se infiltraram em um grupo de rebeldes, então tudo isso não passa de uma vingança de ambos.

- eu não sei o que você fez, mas espero que tenha valhido a pena - digo enquanto passo um pequeno pano em seu rosto. 

Com a ajuda de alguns guardas, consigo colocar ele dentro de um carro. Ele já estava começando a abrir os olhos, e seus ferimentos já estavam se fechando.

- onde você mora?!.

Ele me dá o endereço, e eu dirijo o mais rápido possível. Eu provavelmente passei por uns três sinais no vermelho, mas não me arrependo, as vezes o meu pai me assusta. Minha mãe diz que a guerra o tornou mais impiedoso.

(...)

Estaciono na frente de uma casa simples a beira da floresta, e o ajudo a descer do carro.

- eu estou bem - ele fala quando o deixo na porta - obrigada - ele me olha com gratidão. 

- não vai me contar o que você fez para despertar a ira do meu pai?.

- até amanhã, filha do supremo - ele fala com humor.

- até mais - reviro os olhos em tom de brincadeira, e volto a entrar no carro.

(...)

Assim que chego em casa, dou graças a Deusa por encontrar todas as luzes apagadas, mas minha felicidade dura pouco, pois assim que eu começo a subir os degrais da escada, a voz furiosa do meu pai eco atrás de mim.

- Emily Jones Cortez, volte já aqui - ele ordena.

Desço as escadas receosa, e fico de frente para ele, tentando ao máximo evitar contato visual com seus olhos enfurecidos.

- sim, pai?.

- pode me dizer o que raios aconteceu hoje?! - ele grita comigo, me fazendo encolher os ombros.

- você estava machucando ele. Eu só queria o tirar de perto de você! - fito ele - ele é da minha escola, mal dos conhecemos. Isso que você fez foi uma atitude monstruosa! Ele não merecia aquilo! - o confronto.

- não me diga como um alpha deve agir, garota! - ele rebate - você é só uma adolescente que não faz idéia das coisas que acontecem fora desses muros! - ele vocifera.

- Tristan? - minha mãe fala sonolenta descendo as escadas - o que está acontecendo?.

- sua filha está de desafiando, Kiara! - ele fala furioso.

- veja como fala comigo, Tristan Jones... - minha mãe fala em tom de ameaça, e logo as luzes da casa começam a piscar freneticamente.

- ok... "Nossa" filha... - ele se corrige.

- você não tem coração! - falo com fúria e subo as escadas apressadamente, me trancando no quarto. 

- Emy, espere! - minha mãe tenta me alcançar, mas para no meio do caminho quando escuta meu pai reclamar.

As voz furiosa do meu pai fazia eco na escada, e bem no fundo, escutava a voz da minha mãe tentando o acalmar.
Saio de perto da porta e vou para um banheiro tomar meu banho, quem sabe água fria me ajudasse a esfriar a cabeça. 
Após o banho, coloco um shorte e uma blusa confortáveis e sigo para a sacada. Uma das vantagens de morar num castelo, é que a vista é muito boa. Só da sacada do meu quarto eu podia ter uma visão belíssima da floresta.
Fico debruçada no parapeito aproveitando a brisa fresca, até que começo a sentir um pouco de frio e resolvo entrar de volta no quarto.

Te Amo Meu Alpha-2° volume.Onde histórias criam vida. Descubra agora