cap 10

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Ele estava longe o suficiente para que eu não conseguisse ver suas características, como a cor do pelo, mas garanto que estava perto o suficiente para que todo meu corpo ficasse tenso e os pelinhos do meu braço se arrepiassem.
O vejo descer a colina rapidamente e entrar na floresta, ele parecia pular em algumas árvores para ganhar impulso, já que eu via algumas árvores se movimentarem aleatoriamente.

Era como se ele estivesse vindo até mim.

Meu desespero só aumenta quando não vejo mais seus movimentos. Me inclino para frente no parapeito da varanda, e me esforço para enxergar qualquer sinal dele.
E lá estava ele, no alto de uma árvore, apenas me observando. Quando consigo o notar, automaticamente dou alguns passos para trás.

Como ele subiu ali?!.

Pelo tamanho dele, suponho que suas garras sejam afiadas o suficiente para conseguir escalar uma árvore, considerando a força que era evidente que ele tinha. Se ele foi capaz de fazer isso, pular os muros da alcatéia para ele seria moleza.

Nunca vi um lobo com essa habilidade.

Fecho a porta da sacada rapidamente e corro até o quarto de meus pais, abrindo a porta  com desespero.

- pai, pai! - sacudo ele na cama.

- mas o que... - ele acorda assustado, mas logo muda seu semblante quando me vê - ... o que houve, Emily... ? - boceja.

- eu vi um lobo! - falo enérgica.

- que bom, filha... que bom... - ele fala sem abrir os olhos, ainda sonolento.

- pai! - sacudo ele.

- estou acordado, estou acordado! - ele fala rápido.

- pelos céus... - minha mãe fala rouca por causa do sono - vão dormir!.

Praticamente "reboco" meu pai até o meu quarto, ignorando os resmungos que  dava no meio do caminho. Assim que chego no meu quarto, explico o que houve, e abro a porta da sacada de novo.

- Emy... - ele coça os olhos - ...acho que você ficou sonâmbula...

- eu não estava dormindo! - me defendo, me debruçado de novo no parapeito e olhando em volta.

- mas não há lobo algum aqui... - ele se inclina no parapeito da minha sacada, e olha ao redor - há guardas por toda a alcatéia, fique calma!

- droga... - bufo - ele estava bem ali, pai! - aponto.

- Emy, você estava sonâmbula - ele fala com sono - apenas isso...

- pai, você tem que acreditar em mim!.

- volte a dormir... - ele dá um beijo na minha testa e volta se arrastando para o quarto.

Assim que o vejo fechar a porta do quarto, me viro novamente para a floresta.

Eu sei que vi algo... Como poderia estar sonâmbula todo esse tempo?

Tranco a porta da sacada e fecho as cortinas com raiva, sei que não estava louca, sei o que vi.

(...)

Acordo com o barulho do despertador ao lado da minha cama, tinha a sensação de que um ônibus havia passado por cima de mim. Me levanto sonolenta e vou realizar minhas higienes matinais. Enquanto estava arrumando minha cama, vejo um pequeno brilho perto da porta da minha sacada, ando até lá e vejo uma pequena pedrinha, era uma safira.
Me certifico de que a porta da sacada estava trancada, e as janelas travadas.

Mas de onde ela surgiu?.

Coloco a pedrinha na minha caixinha na penteadeira, e volto a arrumar minha cama. Visto uma roupa confortável, e antes que eu possa sair do quarto, meu celular começa a tocar.

_______________ ligação __________________

- Hey, Jones! - era a voz de Leon.

- bom dia para você também - falo com humor.

- o cinema ainda está de pé? - ele pergunta receoso.

- sim - penso um pouco - queria te perguntar uma coisa...

- vish... - ele suspira - o que houve?.

- você ainda não me contou o porquê de ter se desentendido com meu pai.

- ah, é claro...- ele fala com tédio - na verdade, eu me desentendi com alguns guardas. Eu estava na floresta, e quando fui abordado por eles, digamos que ninguém acreditou que eu era filho do "Alpha Black" - ele da ênfase - eles acharam que eu era um impostor, e aí toda aquela confusão aconteceu.

- você não tinha nada para provar que era um dos Black? - falo aflita.

- não é como se eu fosse muito próximo do meu velho - ele ri - mas eu não os culpo, eu não tenho muito a cara de que tenho sangue de alpha.

- meu pai disse que você atacou um guarda - falo me recordando do dia.

- "atacar" não parece ser a palavra adequada... - ele parecia pensar - ... eu apenas deferi um soco no rosto de um deles quando me acusaram de ser um espião.

- eu odeio isso. Todos os lobisomens deveriam ser mais unidos...

- não odeie... - ele suspira - não podemos fugir de nós mesmos. E além disso, eu acho que eles ficam com ainda mais raiva por saberem que precisam um do outro.

- Leon, tenho que ir... - digo ao ouvir a voz de minha mãe me chamando - até logo.

- até logo, Emily - ele se despede.
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Desço as escadas com pressa, e me junto a eles para tomar café.

- bom dia - sorrio.

- por que demorou tanto? - minha mãe franze a testa.

- estava no banheiro... - minto.

- espero que não tenha entupido o encanamento com essa demora toda - meu pai ri.

- Tristan! - minha mãe dá um tapinha em seu braço.

- não é para tanto! - rio junto.

Tomamos café animadamente, e logo voltamos para o acontecimento da noite anterior. Até mesmo eu já estava quase convencida de que tudo isso foi apenas um sonho muito realista, nada fazia sentido.
Após meu pai sair para resolver alguns problemas, passo o resto da manhã com a minha mãe até dar a hora de ir ao cinema com Leon.

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- é impressão minha, ou você está nervosa? - Sarah ri.

- "nervosa"?.

- você vai ter um encontro com Leon Black, sua tonta!.

- não é um encontro! - me defendo.

- falou a garota que está a vinte minutos pensando no que vai vestir - ela rebate.

- pare de ler meus pensamentos, Sarah!.

- tudo bem, tudo bem! - ela se dá por vencida - mas é um encontro sim - ela ri antes de se calar novamente.
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Depois de pelo menos três trocas de roupa, opto por um vestido bem acinturado na cor vinho, que ia até o meio das minhas coxas. Confesso que usar vestidos ainda é algo incomum para mim, eu sempre apreciei a praticidade que apenas uma calça jeans pode oferecer, todavia, admito que gostei do que vi quando me olhei no espelho. Arrumo o decote do vestido e ajusto as alças finas dele, em seguida, faço uma maquiagem básica e finalizo meu cabelo, dando mais volume as minhas ondulações.

Eu amo meu cabelo ondulado!

Modéstia a parte, eu estava belíssima!
Calço uma sandália com um salto pequeno, e dou mais uma olhada no espelho.

Espera... Mas por que estou dando tanta importância para isso?.

Ok, é só uma saída de amigos, porque é isso que nós somos... apenas amigos. Puxo fundo o ar na esperança de afastar toda essa ansiedade nem um pouco compatível com apenas uma ida ao cinema, e pego minhas coisas.

Eu estava pronta.

Te Amo Meu Alpha-2° volume.Onde histórias criam vida. Descubra agora