cap 27

3.9K 263 11
                                    

Assim que chego nos portões, me despeço de Leon e praticamente corro até minha casa. Mas antes que eu vire a maçaneta, a porta é aberta pelo lado de dentro e dou de cara com meu tio.

- Emy...? - ele franze a testa - você não era para estar em casa a mais ou menos uma hora? - ele cruza os braços e me encara.

- oi tio! - é a única coisa que consigo dizer.

Sentia uma gota de suor descendo pela minha testa, e borboletas começarem a bater contra a parede do meu estômago.

- "oi tio"?! - ele vocifera - é o máximo que você consegue?.

- eu perdi a hora. Só isso! - choramingo.

- têm sorte dos seus pais não estarem aqui! - ele me dá passagem.

- onde estão? - me jogo no sofá.

- resolvendo problemas - ele se vira e pega uma carta de papel vermelho e caminha até mim.

- o que é isso?.

- eu não sei, mas aqui diz que só o alpha ou a luna podem abrir - ele se joga ao meu lado - Kiara me mataria se eu abrisse - ele me entrega a carta.

- o que?! - o olho pasma - você quer que eu abra?!.

- duvido que não esteja curiosa para saber o que é. E além disso, você já vai ficar de castigo mesmo, o que é uma carta aberta não é? - ele ri.

- você vai contar a ela?! - reclamo - foi só um atraso.

- engraçado, que a diretora da sua escola confirmou que você só assistiu uma aula - ele me olha convencido - então onde esteve esse tempo todo?.

- eu... Eu... - começo a suar frio de novo.

- sei que estava com Leon - ele me olha feio - tem sorte que eu que atendi o telefone, e não seus pais - ele fala mais calmo.

- não fiz nada errado... Eu juro - suplico.

- eu acredito em você - ele me olha com um sorriso de canto e um semblante brincalhão.

- obrigada, Tio Théo - o abraço.

- ouça, se isso acontecer de novo, não vou te salvar - ele fala sufocando no abraço -  porque você sempre some quando sou eu que tenho que ficar de olho em você? Que baita azar eu tenho! - ele bufa.

- desculpe...? - sorrio amarelo.

- abre logo essa carta, sua encrenqueira - ele rola os olhos.

Abro a carta com pressa e curiosidade, e logo leio o remetente, exatamente o que faz com que eu e meu tio ficássemos pálidos.

" Você e sua família estão convidados para o jantar de gala no castelo do conselho sábado as 8:00.
Um jantar dedicado a todos os alphas e sua família.

- conselho sobrenatural "

- por que sinto que nada de bom vai sair disso? - ele fala receoso.

- provavelmente não.

- vou levar isso para o centro da alcatéia, Tristan vai querer ver isso quando chegar.

Assinto positivamente e o vejo sair. Subo para o meu quarto e trato logo de tomar um banho e colocar um pijama confortável. Estava ansiosa para ler um pouco mais o livro que peguei na biblioteca com Leon, então logo o faço.
Avanço um pouco os capítulos, e me deparo com um título que me chama a atenção.

Os escolhidos - família Cortez

" A primeira escolhida da Lua azul foi Thalya Cortez, juntamente com seu primo Max que foi o primeiro escolhido da Lua dourada. Dois membros da mesma família jamais tiveram sido agraciados pela Deusa de tal maneira, transformando essa na primeira família escolhida".

Me arrepio toda com somente o primeiro parágrafo, o que desperta um certo medo de continuar a ler. Minha mãe sempre me disse que havia algo de diferente na nossa família, algo que ninguém conseguia explicar, é como se fôssemos um "imã" de escolhidos. Pelo menos, era isso que aparentava ser...
Deixo o medo de lado e volto a ler.

" Max e Thalya no princípio desempenharam seus papéis divinos, de corrigir a humanidade e lembra-los da bondade. Os escolhidos eram vistos quase que como santos, e eram tratados como pessoas de alto poder e prestígio. Eles tinham como função garantir que as criações não sucumbissem as vontades mundanas e pecaminosas, deveriam garantir que as raças permanecessem puras.
Com o passar do tempo, Max se perdia no seu próprio poder, e acabou sendo consumido pela ganância.
Ele dominou reinos e devastou vilas que eram contra suas vontades. Thalya por diversas vezes tentou abrir os olhos de Max, mas nada o fazia voltar a ser o que eram antes.

- Max, porque faz isso?! - Thalya perguntou entre lágrimas ao ver as ruínas da vila que o mesmo acabara de destruir.

- estamos acima de todos eles, devemos ocupar nosso lugar de direito e não agir como simples justiceiros bonzinhos! - ele fala enraivecido - jamais seremos o que um dia fomos, Thalya. Estamos condenados a destruir - ele falava com os olhos vazios.

- você está errado! - ela fala aflita - devemos ajudar e curar os outros, não causar mais caos!.

Ele não respondeu, apenas saiu andando.
Thalya saiu de coração partido ao ver que seu primo havia sucumbido a maldade, ela correu até o templo da Deusa e orou até que Sol fosse embora, e o brilho da Lua fosse a única luz no céu. Ela acabou pegando no sono, mas uma luz muito forte a acordou, um mensageiro tivera sido enviado.
Thalya estava petrificada com o que acabara de acontecer, mas logo o desespero tonou conta de sua alma. Ela teria que matar aquele que era como um irmão. Rogando por forças, ela correu a caminho do castelo de seu primo, empunhando sua espada com um cristal azulado da Lua cravado no cabo. Algo pertubava seu lobo interior, e não era por menos, ela jamais havia tirado uma vida.
Assim que entrou no quarto de Max, encontrou sua cama vazia. Ele estava sentado em frente a lareira, com sua espada com um cristal dourado da Lua cravado no cabo ao seu lado. Ele a esperava.

- eu venho aguardado ansiosamente pela sua tentativa de me parar, Thalya - ele falava amargamente.

- não sinto prazer nisso, acredite.

- não importa - ele se levanta e impunha sua espada - você será apenas mais uma alma que tirarei dessa terra.

Thalya não estava segura de si, ela sabia dos poderes de Max, e temia não ser o suficiente. Diferente de Thalya, Max tinha o poder absoluto de um guerreiro, o que o deixava mais forte que qualquer lobo. Com lágrimas nos olhos, ela avançou.
A luta se estendeu até que ambos estivessem exaustos, mas não o suficiente para que Thalya conseguisse cravar sua espada no coração de Max.
Ela amparou o corpo de seu primo já sem vida, e se pôs a chorar, mas não pelo o que ele era, mas pelas lembranças de um Max completamente diferente. Thalya não percebeu que o primo que ela tanto amava, havia morrido a muito tempo.
Desolada no chão, ela rogou a Deusa mais uma vez, agora pedindo que seus sucessores pudessem escolher o seu próprio caminho. Ela rogou por livre arbítrio, e por misericórdia com os que viriam a nascer.
E assim, a luz novamente apareceu.

- sua Deusa atentou ao seu pedido. Uma nova Era vai começar. As criações poderão tomar seus próprios caminhos, e arcar com o fogo ou a benção da Deusa.

Ao acabar a luz some, assim como a angústia de Thalya. Mesmo com seu primo morto em seus braços, uma última lágrima saiu de seus olhos. Uma lágrima de esperança "

Paro de ler quando escuto meu estômago roncar. Ainda estava sem acreditar no que tinha acabado de ler.
Decido pegar um sanduíche na cozinha e subir até a biblioteca para procurar algo mais sobre minha árvore genealógica e sobre Thalya. Mas assim que abro a porta, tenho uma surpresa.

Te Amo Meu Alpha-2° volume.Onde histórias criam vida. Descubra agora