Capítulo 5 - Alemão X Walmir

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No instante em que Regina conversa com Barbosa sobre estar sendo perseguida, Alemão tem uma discórdia com Walmir: eles ainda estão dentro de um dos carros da fuga. É um fusca 1300 L com vidros fumê. A lataria está pintada de azul-colonial (o nome dado pela Volkswagen), uma cor de fábrica, muito usada nos fuscas do ano 1979. Nele estão Walmir, Alemão e o motorista, o Francisco. Walmir vai no banco do carona, ao lado do Francisco, Alemão vai no banco traseiro. Esse posicionamento do Alemão e do Walmir dentro do carro é estratégico. Apesar de ser quase impossível a federal achar que eles estão fugindo num fusca. Caso sejam abordados, Walmir poderá, pela janela da frente, trocar tiros com os policiais. E o Alemão deverá ficar agachado atrás dos bancos. Devo lembrar que outros carros, com os capangas de Walmir estão fazendo a escolta.

Walmir todo cheio de si, querendo, obviamente, se exibir, revela para o Alemão, que ao mesmo tempo em que eles estavam na operação resgate, uma turma estava no encalço da Regina.

— No encalço da Regina? Não entendi! – Alemão mostrou-se nitidamente contrariado com o que ouviu e não acreditou ter ouvido.

— Sim, da Regina. Precisamos acabar...

Foi a minha tia que mandou você pegar a Regina? – Alemão foi incisivo.

— Não, a sua tia...

— Claro, a minha tia não mandaria fazer uma coisa dessas – Alemão atropelou Walmir, não o deixou terminar de falar. — Sabe por que ela não faria isso? Ela sabe que eu resolvo os meus problemas.

— É que... – Walmir tentou argumentar.

— ... Eu necessito resolver os meus problemas sem ajuda de ninguém. Você entende? – Alemão continuou atropelando Walmir. — Não, claro que não entende. Você não entende nada mesmo. – um dos preconceitos do Alemão era que esses brutamontes, tipo Walmir, eram pessoas sem raciocínio lógico.

Alemão começou a entrar em pânico só de imaginar o que os capangas do Walmir poderiam fazer. Era dele, do Alemão, o destino da Regina. De mais ninguém. Um calor dominou o corpo de Alemão, principalmente na cabeça. Era um calor desagradável. Alemão começou a ver tudo meio nublado. Aquilo afetou o seu âmago.

Por sua vez, Walmir não gostava de ser tratado como um subalterno, a não ser pela Katharina, claro. Ele tinha por ela um fascínio abstruso. Por isso, ela podia tratá-lo como quisesse. Só que ela o tratava muito bem, ela precisava dele.

Walmir já tinha esse fascínio pela Katharina há muitos anos, mas foi há uns dois anos que o fascínio aumentou; criou-se uma paixão desregrada. Isso ocorreu porque ele, como chefe de segurança, tinha acesso em toda casa. Um certo dia (há dois anos), ele fazia uma inspeção pelos quintais da mansão, indo em direção à piscina da casa, quando de repente viu na piscina o que marcou para sempre sua vida. A princípio ele não acreditou no que estava vendo; Katharina estava fazendo topless, da cintura para baixo usava uma saia longa florida. Era uma saia meio godê com a parte superior franzida. O franzido era preso num cós de uns 5 cm de largura. Era uma saia bem no estilo hippie. Depois ele se conscientizou do que via, e ficou pasmo, seu coração disparou, suores tentando esfriar o corpo que esquentara alucinadamente. Um misto de medo (medo por ela se ofender com o seu olhar) e encantamento invadiu seu cérebro, como nunca tinha acontecido antes. E ficou mais intrigado ao achar que ela o tinha visto e mesmo assim continuou a desfilar pela borda da piscina, de um lado para o outro, sorvendo uma taça de champanhe e falando ao celular. Na boca, um cigarro queimava aos poucos. Aquilo o fez se retirar do local, temeroso de estar confundindo tudo e ela achar que ele estava invadindo a privacidade dela. E tinha mais: a admiração que ele tinha por ela não permitia que ele tivesse o desplante de vê-la naquela situação. Mas dentro dele houve uma luta que continua até hoje: ela viu que ele estava olhando e não deu a mínima importância de ser vista, porque queria se exibir, provocá-lo (ela estava a fim dele)? Ou ele era tão insignificante que ela não ligava que ele visse os seus seios (seios lindos, por sinal)? Essa dualidade o afligia até hoje. E isso só o fez aumentar a sua paixão abstrusa por ela. Por isso qualquer coisa que ela faça: um olhar, um gesto, algo que ela fale tipo: "Faça o que você achar que dever fazer. Confio demais em você e você sabe disso, né? Toca pra frente! Vá com Deus!". Cria nele uma dúvida sobre onde ela quer chegar. O que ela quis dizer com isso? Ouvir coisas desse tipo, sempre o confunde. Mas ele acaba se achando colocado, por ela, num pedestal, num altar ou algo assim. E detalhe: até hoje ele ainda se masturba pensando naqueles seios, no sorriso que ele presumia ter ganhado. Às vezes chegava a se masturbar duas vezes por dia. Ele não só usa os seios vistos e o sorriso roubado para se masturbar, bem verdade, mas qualquer coisa que venha dela; o suor escorrendo pelas costas sobre a penugem lourinha que ela tem próximo ao pescoço, para ele aquilo é demais. Outro bom exemplo de como ele se excita com ela é quando ela, sentada, e as pernas longas e claras estão cruzadas fazendo aparecer uns 10 cm daquelas coxas lisas e rechonchudas. Aqueles 10 cm de coxa o perturbam por um bom tempo. É pior quando as pernas são cruzadas e logo em seguida descruzadas. No ato de ela cruzar, ele imaginava entre as pernas, uma vagina cabeluda que, ao receber esse movimento, contrai os seus lábios externos, e no ato de descruzar, esses mesmo lábios se abrem levemente. Aí a imaginação corre solta: imagina o seu pênis penetrando entre aqueles cabelos, fazendo Katharina gozar, com gemidos e gritos, eles gozando juntos.

Por ela, ele seria capaz de morrer. Por ela, ele lamberia o chão, comeria lama, carne podre, por ela, ele faria qualquer coisa. Dela, ele admitia tudo. Não sendo dela, ele não admitia nada.

No início da carreira militar até que ele, meio a contragosto, se controlando muito, pois queria seguir carreira militar, admitia que gritassem com ele, admitia ser esculhambado. Depois que chegou ao posto de Coronel paraquedista, seu comportamento começou a extravasar o seu verdadeiro caráter de uma pessoa completamente intolerante. Até que um dia ele teve uma desavença com um colega coronel, como ele. O "sangue subiu à cabeça" e ele perdeu a compostura e acabou aplicando um direto cruzado que acertou bem no nariz do colega. Soco acertado, nariz quebrado. O colega foi nocauteado. Walmir além de ser expulso ganhou seis meses de prisão. Conclusão: ele não admitia que ninguém elevasse a voz com ele, que o contrariasse de qualquer forma.

Apesar de Katharina nunca ter gritado com ele, mesmo se gritasse, certamente, ele não perderia a cabeça. Mas o sobrinho dela? Walmir esqueceu que ela era tia dele. A sua soberba não o deixava raciocinar direito. Ele estava acostumado a comandar, a gritar, dar ordens, e era obedecido e respeitado. Por isso, na hora em que viu as suas palavras serem atropeladas pelas do Albert, perdeu a noção de que ele era o sobrinho querido da Katharina.

— Me deixe falar, não atropele as minhas palavras – gritou olhando nos olhos azuis do Alemão. Chegou seu rosto tão perto do rosto do Alemão que seus narizes quase se chocaram. Ao gritar, Walmir chegou a soltar gotículas de cuspe que foram parar no rosto do Albert. Walmir sabia que isso acontecia e isso era mais uma forma de ele humilhar o seu adversário no momento. Porém, por sua vez, Albert também não estava acostumado a ser tratado daquela forma, muito menos por um subalterno (ele, o Wlamir, era empregado da sua tia, como sabemos), ficou estarrecido. Walmir continuou, enquanto Alemão, com expressão de nojo, limpava com a manga da blusa, do seu rosto, as gotas de cuspe do Walmir:

— Eu tentei ajudar, essa mulher o tem feito de bobo...

Isso Albert também não gostou, dizer que uma mulher o tinha feito de bobo.

— Pare de cuspir na minha cara, e fique sabendo: nenhuma mulher me faz de bobo...

— Mas essa o fez e continua fazendo...

— Minha tia Katharina... – ao falar o nome da tia, Walmir despertou, seus olhos se arregalaram arqueando as sobrancelhas, sua boca ficou entreaberta como se ele fosse pronunciar algo, porém se arrependera; aquele era o sobrinho querido dela. Ele, o Walmir, não poderia magoá-la. Na verdade, Walmir não sabia da importância que tinha para Katharina. Ele era o cara de confiança, ela sabia que podia contar com ele para tudo. Ela sabia que dificilmente arrumaria alguém com as características dele. Por isso não queria perdê-lo. Ele não sabia disso. Não sabia que certamente Katharina iria apoiá-lo em detrimento do seu sobrinho "querido". Por sua vez, Walmir não queria perder aquele emprego, não porque ganhava muito bem. Não, não era por isso. Era para não se afastar dela. Por isso, a muito contragosto, acabou cedendo ao Albert.

— Vou mandar suspender a perseguição a Regina...

— Acho bom. E espero que eles não tenham feito nenhum mal a ela. – rebateu o Alemão.

Petulante, se você não fosse o sobrinho da Katharina...

Walmir tentava ligar para Romualdo, o sujeito que comandava a operação: "Regina Viva ou Morta". Walmir não estava conseguindo, só estava dando caixa postal. O olhar do Alemão fulminava Walmir. Aquilo o deixava mais nervoso. Talvez estivesse discando o número errado...

O temor de que seus capangas eliminassem Regina começava a dominá-lo. Katharina não iria perdoá-lo...

***

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