Capítulo 18 - Encontro Com Josefa

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Josefa mal visualizou o carro da Gabriela e um sorriso de pura satisfação iluminou o seu rosto. Nesse mesmo instante ela sumiu da janela e, como num passe de mágica, surgiu na porta. O sorriso ainda estava ali, estampando. Josefa era baixa, ligeiramente gorda. Tinha os cabelos, meio crespos, totalmente brancos, presos num coque. Aparentava ter uns 60 e poucos anos. Ao olhar para ela, via-se que era uma senhora muito simpática.

A casa da Josefa era pequena por fora e provavelmente pequena por dentro. Ela ficava de frente para rua (não tinha quintal, era a parede que surgia de frente, na calçada). A parede tinha no máximo três metros de largura e aproximadamente uns 5 metros de altura. As paredes eram pintadas de branco neve, parecia uma pintura recente, ou estava bem conservada. À direita, mais para o canto, havia uma porta francesa alta de madeira que para ultrapassá-la seria exigido subir três degraus de cimento Era uma escada sem corrimão. À esquerda, a aproximadamente 1,50 m do chão, estava a famosa janela da Josefa. Era, também, uma janela francesa. Tanto a porta como a janela, eram pintadas (também parecia pintura recente) de um verde cromo brilhante, eram bonitas. Não posso esquecer que, a cada lado da escada, havia um vaso com planta; do lado esquerdo o vaso com Antúrios, de um vermelho escuro encantador, do lado direto era um vaso com uma "costela de adão" exuberante. Eram plantas bem cuidadas, via-se. Elas faziam a recepção. As casas dessa rua, tanto de um lado como do outro, eram semelhantes. A única diferença eram as cores e o estado em que elas, as casas, se encontravam.

— Não tem nada a ver, não sei por que me lembrei disso agora – Rita ia conversando, enquanto Gabriela estava estacionando numa vaga um pouco distante da casa da Josefa. Foi a vaga mais próxima que ela encontrou. — Mas sabe aquela menina, a Eduarda, que fui visitar no hospital, no dia que nos encontramos?

— Sim. Ela ia para a sua casa...

— Ia. Disseste bem. Os pais dela já a levaram para onde eles moram, que fica lá onde o Judas perdeu as botas, longe de tudo...

— Meu Deus, que loucura! O que alegaram?

— Não sei. Nem falaram nada com a gente. Só soube por uma das enfermeiras que cuidava dela, quando fui fazer uma visita.

Elas acabavam de sair do carro e Gabriela fez mais uma pergunta para Rita, olhando-a sobre o teto do carro:

— Ela não precisava de tratamento psicológico?

— Precisava. É essencial. Se não fizer um bom tratamento ela nunca será uma pessoa normal, produtiva...

— Estranho esse comportamento deles.

— Acho que é para ela voltar ao trabalho. Não tenho certeza, mas só pode ser isso. Porém com o estado psicológico dela...

Rita não chegou a terminar de falar. Josefa já estava abraçando e beijando muito a Gabriela. Que correspondia, mesmo fechando o carro com o controle.

— Quem é a sua amiga? – Josefa perguntou apontando para Rita com o queixo e fazendo um biquinho com os lábios.

— É a Rita, uma amiga de anos. Estudamos juntas na 2ª série, ela tinha 6 anos e eu tinha 8 anos...

— Ahn! Lembro-me que você comentava sobre ela. Porque ela era a mais novinha e inteligente da sala e que era muito sapeca.

— Biela também me falou de você, Josefa – Rita estendeu a mão, que foi recebida pelas duas mãos da Josefa com direito a um beijo carinhoso nas costas da mão. — Ela só falou isso de mim: que eu era novinha, sapeca e inteligente? – Rita falava e sorria em direção a Gabriela.

— Disse também que você era muito bonitinha. Era isso que você queria ouvir?

Todas riram.

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