No momento, Regina ficou sem saber o que fazer. O cheiro da jaguatirica estava cada vez mais forte. Era aquele cheiro de bicho do mato. Quem já sentiu sabe como que é. E, se a Regina já estava sentindo o cheiro da fera, certamente a fera também estava sentido o cheiro dela. A fera estava tão próxima, que Regina chegava a ouvir, não só o rosnar durativo, mas, também, os seus passos.
Regina não sabia para onde ir: sair da caverna, por onde havia entrado, não dava. A jaguatirica estava dominando essa área. O Jeito era penetrar mais na caverna, e assim ver se achava uma solução, uma saída, literalmente uma saída.
Ao voltar para o interior da caverna, no instante em que viu a luz que adentrava e se chocava contra a parede da caverna, Regina, lepidamente, teve a provável solução para o seu problema. Pegou a mochila que estava no chão, junto à parede onde ela tinha ficado sentada, e já passando os braços pelas alças, colocou a mochila nas costas. Ao fazer isso, ela caminhava com passos rápidos em direção à luz. Ela não podia perder um minuto sequer. A parede que encimava a luz era de fácil escalada, tinha muitas proeminências rochosas. Regina, ao começar a escalada, tinha que usar o seu braço direito com cautela, para evitar fazê-lo sangrar, de novo. Já tinha subido uns 3 metros, quando, em determinado momento, instintivamente, olhou para baixo. E o que viu, numa cor esverdeada, com seus óculos de visão noturna? Nada mais, nada menos, que a jaguatirica. Ao olhar para baixo, constatou que a fera tentava também escalar a parede. E pior que estava conseguindo. A fera não tinha desistido da Regina. Nisso, Regina apressou a sua a escalada, tinha que sair dali o mais rápido possível. Agora só dependia da abertura que passava a luz. Daria para Regina passar por ela?
Regina, perto da abertura, concluiu que ela era pequena, daria para ela passar? A dúvida persistia. Nesse momento lembrou-se de um livro que havia lido, "7 Dias, o bastante para transformar vidas", a personagem principal, a Ju, vê-se envolvida com uma jaguatirica. Só que a Ju, além de estar num campo aberto (estava na floresta da tijuca, nas proximidades com Jacarepaguá), conduzia uma arma: uma atiradeira profissional, a qual ela, a Ju, sabia manejar com maestria. Lembrou também que a Ju, na história, se encantou com a Jaguatirica, com a cor dos olhos dela, um de cada cor, tipo David Bowie, a Ju pensou. No caso, na história, ao portar essa atiradeira, Ju levava vantagem. Só que ela não queria usar essa vantagem: que era acertar o olho da jaguatirica com a munição da sua atiradeira, uma roliça bola de chumbo cromada. Ela sabia que iria acertar e que a munição atravessaria o olho, o cérebro, e iria parar dentro do crânio do animal. Ju não queria fazer isso, só o faria se a jaguatirica atacasse. E a Ju, como no caso da Regina, era a invasora. A Ju estava na floresta que era o habitat da fera, a casa da fera. Contudo, nesse caso tudo terminou bem, para a felicidade da Ju, a fera se afastou. Essas lembranças demoraram só alguns segundos nos pensamentos de Regina. Ela esperava que a sua história com essa jaguatirica também acabasse bem.
Aquela pequena abertura era a solução para Regina escapar da Jaguatirica. Ela não via outra saída. Tinha que dar para ela passar.
Primeiro enfiou a cabeça, em seguida, com muito cuidado (Regina não queria ficar entalada naquela brecha), foi enfiando o tronco. A abertura era apertada, apertada até demais. Seu corpo começou a sentir dificuldade para passar, seus seios foram esmagados, maltratados. Porém Regina não desistiu, não podia. Com todo esforço que ela fez, logo estava sendo cuspida para fora da caverna, cuspida para a floresta e seus perigos. Aquele trecho da floresta era praticamente uma mata virgem. Ali, tudo poderia ser uma ameaça: uma ribanceira imprevista; uma pedra ou uma raiz protuberante; a jaguatirica (poderia surgir, de novo); até uma simples aranha, ou mesmo um mosquito. Ali, todo cuidado era pouco. Nunca se sabe onde está o perigo maior.
Estava livre da Jaguatirica (pelo menos ela achava), mas, como era de se esperar, não sabia o que poderia vir a lhe acontecer a seguir.
Regina guardou os seus óculos de visão noturna na mochila, antes, porém, por curiosidade, deu uma olha pela abertura para ver o que a jaguatirica estava fazendo. Não deu para vê-la. As proeminências rochosas a impediam. Porém, Regina escutou, lá embaixo, o rosnar reclamante da fera.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Momentos de Tensão - Amor; hot; namoro; policial; suspense; terror...
RomanceMOMENTOS DE TENSÃO Um complexo programa de resgate consegue libertar Alemão, no mesmo instante em que Regina é perseguida, numa floresta semivirgem, por pistoleiros com intenção de matá-la. Albert, mas conhecido pela alcunha de Alemão, é o serial ki...