Capítulo 15 - Walmir Quer O Albert Preso

57 8 0
                                    


No segundo toque, Maria Rita atendeu ao telefone fixo que ficava na bancada divisória da sala com a cozinha. A construção das casas da vila onde Regina Maria e Maria Rita moravam foi feita pelo pai delas, seu João Pedro Vasconcelos, era um mestre de obras muito competente. Daqueles mestres de obras que são capazes de ensinar um engenheiro. Houve uma época que não havia engenheiros, havia só os mestres de obras. João Pedro não foi dessa época, porém ele bem que poderia ser um mestre de obras daquela época, com certeza.

Ele, ao morrer de câncer (a família não sabia da doença), deixara aquela herança para a sua família, a vila com 10 casas.

Nos últimos meses de vida, o seu comportamento mudou drasticamente. Ele sabia da doença, mas não quis se tratar, por isso mesmo não queria que a família soubesse dela. Também se entregou à bebida tomando porres descomunais. Sendo encontrado, muitas vezes, caído na rua e, certa vez, junto à privada da sua casa, sempre contornado por vômitos. Era uma tristeza ver um homem sensato ter se transformado tanto. Isso tudo ocorrer após descobrir que sua mulher, que ele amava demais, dona Maria da Conceição Vasconcelos, mãe das suas filhas, o traía com o padre da igreja a qual ela frequentava como uma carola de primeira. Ele a pegou fazendo sexo anal na sacristia com o dito cujo reverendo.

Foram três casas para cada uma: para a mulher e as duas filhas. Uma das casas servia de moradia a todos e, sendo assim, essa casa pertencia a todos (no momento só dona Maria da Conceição habitava essa morada). Pode se dizer, com certeza, que era uma boa herança, pois o aluguel das casas era que dava o sustendo para elas. Não havia necessidade de trabalhar. Dona Maria optara por não trabalhar. Mas Regina e Rita não tinham essa intenção, de viver só dessa renda, elas pretendiam trabalhar. Estavam estudando para isso. Regina acabara de se formar em Jornalismo, apesar da pouca idade, 20 anos. Ela ia começar a fazer pós-graduação em jornalismo investigativo. Tinha vontade de se tornar escritora, mas sabia muito bem que a faculdade não lhe daria embasamento para isso. A vontade do jornalismo investigativo cresceu depois das coisas que aconteceram na sua vida. A começar com o rapto que ela sofreu, feito pelo Alemão.

Rita, apesar, também, da pouca idade, 16 anos, terminou o ensino médio e já passou para faculdade. Teve uma ótima pontuação no Enem. Tão boa que deu para escolher fazer medicina na PUC do Rio de Janeiro.

As casas da vila eram semelhantes, feitas com a mesma planta, eram casas confortáveis de dois andares. O pai delas poderia ter construído casas menores, ocupando menos espaço no terreno, dariam mais casas, consequentemente uma renda maior. Porém preferiu construir menos casas com conforto e de espaço bem maior. Era um idealista.

— Pronto... – Rita começou a falar, então foi interrompida por uma voz grave do outro lado da linha:

— A Regina está?

— Não, ela foi fazer uma trilha...

— Sabe onde?

— No Parque da Pedra Branca. Quem está falando?

— Um amigo dela... Sabe a hora que ela volta?

— Talvez no final da tarde... Qual é o seu nome?

— Ela não me conhece pelo nome, só trocamos leves palavras. Mas prefiro falar com ela. Digamos que sou... um fã.

Isso ela tem muitos, pensou Maria Rita.

— Ligo mais tarde... Obrigado.

Rita ia se despedir, porém desistiu, notou que o telefone já tinha sido desligado...

Essa ligação foi feita pelo Walmir, para mais tarde, poder incriminar o Alemão. E ele se livrar de estar envolvido na fuga do Alemão e na perseguição da Regina. Para todos os efeitos, o Alemão soube onde a Regina estava fazendo esta tal ligação. A Rita iria confirmar ter recebido uma ligação estranha.

Momentos de Tensão - Amor; hot; namoro; policial; suspense; terror...Onde histórias criam vida. Descubra agora