Capítulo -14 - Barbosa Em Campo

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Como vão as coisas por aí - foram as primeiras palavras do Barbosa ao ligar para Norberto

— Tudo está muito tranquilo por aqui. – Norberto respondeu de pronto — Tranquilo até demais. Na Casa Rosa não está acontecendo nada: não chega helicóptero nem entra nem sai carro algum. O movimento dos seguranças parece até que diminuiu. Logo, logo estarei mandando o relatório para você. – Barbosa só escutava, porém, a preocupação era que, até então já havia se passado 48 horas e nada de encontrarem Regina. Não se sabia dela nem do Alemão. E o corpo achado no açude ainda era um mistério. Os besouros da drª Sara ainda não tinham feito a limpeza no cadáver.

— Aqui estamos na mesma. – Barbosa resolveu comunicar — Eu vou hoje fazer entrevistas com os moradores da redondeza próxima do Parque da Pedra Branca. Vou ver se tenho mais sorte do que os agentes que fizeram esse trabalho anteriormente.

— O porteiro do Parque... – Norberto, não completou a sua indagação, Barbosa se antecipou:

— Os porteiros... são dois que deveriam estar trabalhando na guarita. Eles, eu mesmo entrevistei. – comentou Barbosa — Dizem que não viram nada. Que ficaram o tempo todo na guarita, quando um saía para fazer suas necessidades o outro ficava. Só que não sei se eles ficavam prestando atenção no serviço ou ficavam distraídos mexendo no celular, quando cheguei à guarida era o que estavam fazendo. Lamentavelmente, isso acontece com vários profissionais, mesmo na área de segurança.

— O que eu fico puto é que o cara está na hora do seu serviço, do seu trabalho, – Norberto acabou interrompendo o Barbosa —, e em vez de prestar atenção no trabalho, fica o tempo todo mexendo no celular. E pior que é o tempo todo mesmo. – Norberto estava revoltado. Ele sabia que essa atitude, como no caso atual, prejudicava o trabalho. Se eles estivessem atentos teriam visto a Regina passar, se ela tivesse passado. Por não confiar no que eles falaram, de não ter visto Regina, a dúvida permanecia. Ela tinha saído do Parque?

— Essa falta de profissionalismo me lembra o caso, há uns três anos – foi Barbosa que desta vez interrompeu Norberto —, de dois policiais que foram baleados junto à rádio patrulha. Perto de cada um havia um celular. Quando ligaram os celulares, o que surgiu na tela, de ambos? Aplicativos de joguinhos ridículos infantis. Quer dizer, cada um estava se distraindo com o seu celular. Então, por isso, não viram quando os marginais chegaram. Testemunhas disseram que foi uma moto, e o carona portava, pelas características dadas, uma submetralhadora Uzi...

— Tô me lembrando... – comentou Norberto — Estava na delegacia com você nesse dia, quando se deu o fato. Lembro-me muito bem de que uma das testemunhas, disse que a moto chegou a parar antes de disparar contra os policiais. Quer dizer: eles estavam completamente distraídos.

— Morreram porque estavam querendo levar vantagem: se distrair na hora do trabalho. – comentou Barbosa numa voz quase inaudível.

— Voltando para o nosso assunto. – Norberto falou se mostrando indignado com a situação. — Nada parece ajudar, por exemplo: se houvesse câmeras de vigilância na redondeza, poderíamos ter mais informações. Saberíamos os movimentos da Regina e do Alemão, se ele tivesse ido para o Parque. Mas, até hoje, não instalaram câmeras num lugar em que elas seriam essenciais. Lamentável.

— Cara, ela sumiu, isso não é possível! Pedi para verificarem os corpos que passaram pelo IML – Barbosa comentou fatos que Norberto já sabia, porém Barbosa estava querendo desabafar. Norberto percebeu isso — Pedi também para verificarem nas principais emergências dos hospitais públicos, porque quando morrem num hospital público, o médico responsável é quem atesta a causa mortis e o corpo não vai para o IML. Por isso não basta procurar no IML. Pedi, para facilitar, que desprezassem óbitos de homens, mulheres velhas e crianças, isso reduzia bem os números a serem procurados. Ainda frisei para investigar as mortes de mulheres jovens e morenas. Usei todos os caminhos para chegar até a Regina. Fiz o possível, e nada... Tivemos que soltar os elementos presos no Parque, porque não havia provas contundentes contra eles; as colegas da Regina não os reconheceram – Norberto começava achar que o amigo estava entrando em desespero. Estava perdendo o controle. E isso não podia acontecer. Ele nunca tinha visto Barbosa assim. Norberto sempre admirou o seu delegado por ser um cara centrado. E isso estava se esvaindo, como uma água corrente que você não consegue segurar toda com as mãos.

Momentos de Tensão - Amor; hot; namoro; policial; suspense; terror...Onde histórias criam vida. Descubra agora