Capítulo 21 - Barbosa Vai Tentar Resgatar Regina

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Barbosa colocou o colete balístico e, também, o colete identificativo da Polícia Federal. Pegou o Mitsubishi da Polícia Federal, o mesmo que ele gostava de usar sempre, sem identificação e com vidros fumê bem escuros. Ele ia, rumando para o Parque Nacional da Pedra Branca, numa velocidade considerável, com a sirene e o giroflex ligados. O giroflex era um manual, aquele de uma única luz, que se coloca quase sempre no teto do carro, preso por um ímã possante. No caminho, usando seu iPhone sincronizado via Bluetooth com o rádio do seu carro, falava com Betão:

— Betão preciso, que você me faça um favor...

— Manda, meu querido...

— É para pegar, amanhã bem cedo, com o juiz Guimarães, um mandado de busca e apreensão, com a data retroativa de hoje...

— Deixa comigo, o juiz Guimarães acorda cedo. Mas é para onde?

— Sei onde é, mas não sei o nome da rua nem o número da casa. Liga por Ernesto. Ele está fazendo sombreagem na casa que vamos invadir.

— Perdão, por que da invasão?

— Acredito que a Regina esteja nessa casa.

— Será?! – havia espanto na voz do Betão.

— Tudo indica que sim. De acordo com uma testemunha...

— Deve ser uma testemunha séria, para você confiar...

— Pelo que a Rita me falou é séria. Tanto que ela não afirma que era a Regina. E pediu que nós não fôssemos lá para entrevistá-la.

— Então, não é daquele tipo que gosta de aparecer, de se fazer de importante...

— Isso. E pelo que foi dito pela Rita, não gosta nem de fofoca. E também não é gagá, que não diz coisa com coisa. E tem também o fato de eu ter desconfiado do comportamento do morador dessa casa, quando o entrevistei, tanto que ele está sendo vigiado.

— Você me falou a respeito.

— Falei sim... Estou indo para lá agora...

— Vamos rezar que ela esteja lá.

— É bom você estar a par de tudo, porque o juiz Guimarães vai querer saber o porquê da data retroativa.

— Ah, isso ele vai querer saber, mesmo. – Betão, como uma boa parte dos federais, conhecia bem o juiz. Ele era um cara honesto, não aceitava propina. E só agia fora da lei numa emergência necessária, ou coisa parecida. — Barbosa, não quer que eu vá pra lá agora, encontrar com você?

— Não. Não precisa não. Se for necessário, o Ernesto me dá cobertura. Você já pode ir assinando o mandado como uma das testemunhas.

— Deixa comigo.

— Valeu, Betão!

—Boa sorte mesmo!

Estas atitudes: de pegar o mandado com dada retroativa, assinar como testemunha sem ser testemunha eram fora da lei. Mas a intenção deles era boa. Nem sempre a lei se ajustava. Seria correto deixar a Regina enclausurada mais uma noite, sabe-se lá com quem? Seria correto deixar ela mais uma noite ser oprimida (sim, porque todo enclausuramento é opressor)? Coloque como se a Regina fosse alguém que você ama. Qual seria a sua tomada de posição? Deixaria quem você ama sofrendo mais algumas horas que fosse?

Depois de uma hora, aproximadamente, Barbosa estava chegando onde Ernesto esperava por ele. Porém, bem antes de chegar ao local, ele desligou a sirene e o giroflex. O giroflex foi guardado dentro da viatura. Barbosa não queria chamar a atenção do Nelson, não queria assustá-lo.

Momentos de Tensão - Amor; hot; namoro; policial; suspense; terror...Onde histórias criam vida. Descubra agora