Há 50 anos nascia Nelson Carvalho, na cidade de Mato Grande, interior pernambucano. Era uma cidade (se é que se poderia chamar de cidade) com somente 468 habitantes. Nelson era o caçula de três irmãos. Eles moravam num sítio afastado, a 20 km da tal cidade. O irmão, Adriano, era mais velho 2 anos, a irmã, Antônia, era 1 ano mais velha. Sua mãe, Dona Francisca, veio a falecer um ano depois que ele nasceu, ao tentar gerar um quarto filho. Esse filho morreu três horas depois que a sua mãe.
O pai, Seu Severino, não casou de novo, juntou-se com a irmã da Dona Francisca, Dona Quitéria. Na verdade, foi uma junção por interesse, não havia sexo: ela morava muito mal, mas muito mal mesmo. Era num barraco de 170 cm de altura, de um cômodo só. As necessidades fisiológicas, ela tinha que fazer no mato. As paredes eram feitas de caixote de bacalhau, e o teto era um plástico improvisado (permanente – já que estava ali há uns 6 anos). Também não tinha o que comer, comia, a maior parte das vezes, quando alguém lhe dava um prato de comida, farinha com água. E Severino, por sua vez, não levava jeito com a casa, não sabia lavar uma roupa e muito menos cozinhar, não sabia fazer nada, precisava de uma "empregada". Conclusão: ele tinha a casa e uma pensão que, mal ou bem, dava para eles irem vivendo. E ela, sabia arrumar uma casa, lavar uma roupa e cozinhar. Não que ela fizesse algo com perfeição, mas dava para o gasto. Melhor do que nada.
Nelson, desde quando ele se lembrava, era criticado pelo pai e pelo irmão Adriano. Tudo que ele fazia era motivo de gozação. Mesmo se fizesse bem feito, eles arrumavam um jeito de gozar com ele. O irmão e o pai também gostavam de fazer dele um saco de pancadas. O pai por qualquer motivo tirava o cinto para espancá-lo. O irmão não precisava de motivo para lhe dar uns cascudos.
Aos oito anos, sem frequentar escola, andava por tudo quanto era canto, contanto que não ficasse em casa, acabou fazendo amizade com um índio, Kaike, da tribo Kapinawá. Kaike tinha a mesma idade do Nelson.
Nelson passava a maior parte do tempo na tribo. Ali ele comia, brincava, pescava, aprendeu, vagamente, a ler e escrever (Kaike frequentava uma escola) e aprendeu, também, muitos segredos indígenas. O avô de Kaike, Rudá, era um Xamã poderosíssimo, ele ensinava coisas ao seu neto (o intuito era que o seu neto o substituísse como Xamã – o que aconteceu 15 anos mais tarde), e seu neto, por sua vez, ensinava ao Nelson. Na verdade, ele não deveria fazer isso, ensinar os segredos indígenas, principalmente os segredos do Xamã, que eram segredos passados pela família, de pai para filho. O avô estava ensinando ao neto, porque o pai de Kaike havia falecido há três anos. Tinha sido comido por um jacaré.
Aos 11 anos, certo dia, Nelson acordou com uma dor penetrante no seu ânus. Era o seu irmão, copulando com ele. Nelson tentou resistir, mas não deu, o seu irmão era muito mais forte do que ele. E, para impor a sua vontade, Adriano, enquanto fazia a penetração no ânus, dava vários socos do rosto do Nelson, parecia um lutador de MMA, agredindo o adversário. Ele socava com a direita de um lado e com a esquerda do outro lado. Eram socos alternados, que renderam no Nelson uma orelha quebrada, a perda de dois dentes e de muito sangue.
Antônia havia presenciado a cena. Ao tentar tirar o Adriano de cima do Nelson, foi afastada com uma tapa fortíssimo do Adriano que fez o nariz dela sangrar. Quando Adriano foi embora, ela, ainda com o nariz sangrando, tentou consolar Nelson, que não parava de chorar, não só pela dor física, mas pela dor emocional. Lá pelas tantas ela confessou algo que Nelson ignorava completamente. Disse que o pai deles, depois de se embriagar, fazia sexo com Adriano e com ela também (a irmã já estava grávida do pai, mas, no momento, ainda não sabia). Nelson ficou desnorteado. Não queria passar por aquilo outra vez.
— Por que o meu pai faz isso com você, mas não faz comigo? – a curiosidade misturada com o temor, fez Nelson perguntar.
— Não sei bem. Pelo menos conosco, ele começou a fazer quando fizemos 12 anos. Ao menos foi assim com Adriano e comigo. – A resposta da irmã fez Nelson ter uma taquicardia.
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Momentos de Tensão - Amor; hot; namoro; policial; suspense; terror...
RomanceMOMENTOS DE TENSÃO Um complexo programa de resgate consegue libertar Alemão, no mesmo instante em que Regina é perseguida, numa floresta semivirgem, por pistoleiros com intenção de matá-la. Albert, mas conhecido pela alcunha de Alemão, é o serial ki...