Capítulo 16 - Alemão Vai Atrás Da Regina

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O carro que o Alemão pegou foi o seu Ford Fusion 3.0. Um Carro que já estava com ele há mais ou menos 2 meses. Ele gostava daquele carro porque era um carro veloz, e veio bem a propósito para aquele momento, no qual ele precisava chegar o mais rápido possível no Parque Estadual da Pedra Branca. Tinha que estar lá para não perder a Regina, perder sendo pega pelos capangas do Walmir ou mesmo saindo do parque e indo para a sua casa. Ela provavelmente estava sem a proteção policial. Essa era a oportunidade dele.

Antes de sair com seu carro, verificou no fundo falso da sua mala se os seus apetrechos estavam lá. Estavam. Então ele pegou o vidro de éter dietílico (às vezes ele usava clorofórmio) e uns pacotes de gases. Ao jogar esses apetrechos no porta–luvas, reparou que nele havia uma marreta. Não lembrava por que ela estava ali. Deixou esse detalhe para lá.

Alemão não era muito habilidoso na direção. Por isso mesmo, deveria ter aceitado a oferta da Walmir de levá-lo dirigindo – esse podia ter sido um erro dele. Com Walmir dirigindo, ele chegaria mais rápido e sem risco de acidente. Walmir, ao contrário dele, era um excelente motorista. Esse possível erro foi porque Alemão, na sua concepção, achou que tivesse que agir sozinho. Principalmente nesse caso, no qual ele foi procurar Regina, a mulher que, depois de ser resgatada das suas mãos pela Polícia Federal, fez o seu retrato falado (ela mesma desenhou o retrato falado). Com isso, ela o colocou aos olhos de milhões de pessoas. O retrato falado, além de ter sido publicado em diversos impressos, também foi para vários canais de televisão. A exposição do seu rosto e de suas características foi massacrada nos meios de comunicação. Isso o tornou vulnerável. Essa vulnerabilidade não o incomodava da maneira que incomodaria outra pessoa nessa situação. Ele também não esquecia que ela foi quem o levou à prisão, no seu ponto de vista, ela o pegou desprevenido (o que o angustiava, pois estar desprevenido era um erro) e o nocauteou, com um round kick (um chute, um golpe de Muay Thai) e uma joelhada no seu rosto. A joelhada era desnecessária, pois o chute já o tinha nocauteado. Disso ele não gostava de lembrar.

Alemão sempre gostou de carros velozes e possantes. Porém, isso não queria dizer nada, não era por isso que ele era o motorista que se considerava ser. Era aquela história: não é porque o cara gosta de jogar bola que ele é um bom jogador. Às vezes é um jogador medíocre, mesmo tendo como preferência esportiva o futebol. E pior, mesmo sendo um jogador medíocre, normalmente ele se acha um craque incompreendido.

Por que ocorre isso, como era o caso do Alemão, o sujeito tem que vender a imagem do "Piloto"? Uma amiga minha disse, acompanhado de uma boa risada, que talvez seja para compensar o tamanho do pênis, ou talvez – também – o mau desempenho sexual. Concordo plenamente com essa tese.

A distância de onde o Alemão estava após o resgate que ele sofreu, quando a Polícia Federal o conduzia do Hospital Marcílio Dias para o Complexo Penitenciário de Gericinó, Bangu 1, até o Parque Estadual da Pedra Branca era cerca de uns 30 km. Era muito chão para o pouco tempo que ele tinha.

O propósito da alta velocidade em que o Alemão dirigia o seu Fusion estava longe de ser para alimentar os seus problemas psicológicos, no momento ele queria era chegar, o quando antes, no Parque Estadual Da Pedra Branca, e o motivo nós já sabemos qual era. A angústia para chegar ao seu destino o fez pisar forte no acelerador. Ele estava ultrapassando os seus limites de velocidade. E pior, ele estava sentindo isso: ele não estava acostumado a dirigir naquela velocidade. E também sabia que isso era perigoso. Perigoso até demais, pois não sabia controlar o carro naquela velocidade desconhecida para ele. A prova disso aconteceu numa curva, até que suave, na Av. Salvador Allende, quando ele percebeu, já era tarde; havia perdido o controle: o Fusion girou umas três vezes, com os quatros pneus, praticamente, no chão. Às vezes um deles, por alguns segundos, saía do solo alguns bons centímetros, porém, logo voltava num quique assombroso. Para a felicidade do Alemão, o carro tinha uma boa aderência, por isso mesmo não capotou. O cheiro de borracha queimada tomou conta do local. O giro parou quando a traseira do carro bateu num poste. Isso tudo demorou poucos segundos, no máximo 5. A sorte foi que ele estava com o cinto de segurança. Esse cuidado já o tinha salvado outras vezes; essa era a quarta vez que ele tomava aquele susto.

Momentos de Tensão - Amor; hot; namoro; policial; suspense; terror...Onde histórias criam vida. Descubra agora