Capítulo 31 - O Acordo

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As Imagens começaram a ser assimiladas pelos olhos do Alemão. Eram imagens difusas, mas vinham surgindo. Ele sentia uma dor de cabeça medonha, principalmente nas têmporas. Não se lembrava de nada. Aos poucos foi lembrando... Percebeu, depois de alguns segundos, que estava num quarto simples. Logo a seguir verificou que era o quarto do hotel, no mesmo quarto que ele havia se hospedado. Com dificuldade para andar, ainda estava meio desorientado, caminhou até o banheiro. Ele lembrava ter visto uma cartela de aspirina no pequeno armário que ficava em cima da pia. Ao chegar próximo do armário, que tinha a sua porta espelhada, não pôde deixar de ver a sua fisionomia: estava péssimo. Parecia ter envelhecido alguns anos e adquirido olheiras cinza. Abriu a porta fazendo a sua imagem desaparecer e desesperadamente catou a cartela de aspirina, estava misturada com cartelas de outros remédios, certamente deixadas por outros hóspedes. Um erro do hotel deixar esses remédios dando sopa, pois se um hóspede passasse mal por tomar um deles, a culpa seria do estabelecimento. Tomou, de uma só vez, os quatro comprimidos que restavam na cartela, mesmo sem ver o prazo de validade. Sentou-se, esparramado na poltrona que tinha num canto do quarto. Fechou os olhos e começou a massagear as têmporas, tentando com isso diminuir a dor. Ainda não conseguia lembrar o que tinha acontecido e o motivo daquela dor.

O que tinha acontecido? Como um flash, a imagem da Milena apareceu na sua mente. Foi muito rápido, mas foi um começo. Aos poucos foi se lembrando do que havia acontecido: a entrada da Milena pela porta entreaberta, o comportamento dela... foi lembrando tudo, ou melhor, quase tudo. Lembrou até o ponto em que tinha visto uma figura masculina que havia, do nada, aparecido no seu quarto. Lembrou-se de ter ouvido a voz daquela nova figura. Foi aí que ele reparou que as suas roupas estavam espalhadas pelo chão e reviradas dentro do guarda-roupa. Nessa altura ele já havia compreendido o que tinha ocorrido, mesmo assim pegou o interfone e no mesmo instante olhou o relógio que ficava na parede em frente, eram 9h45.

Uma voz feminina atendeu:

— Bom dia. Portaria. Ema, ao seu dispor – A voz parecia uma máquina, falando o que tinha sido gravado.

— Milena se encontra?!

— Não é Milena, é Ema... – o tom da voz era de mau humor.

— Sei que não é Milena, pergunto se ela se encontra...

— Hã, sim. Ela não veio hoje. Eu estou no lugar dela. Em que posso ajudar?

Alemão sabia: ela não viria mais.

— Tudo bem. Era só com ela.

Alemão, já desconfiado, foi verificar seus documentos e seu dinheiro em espécie que estava na sua mochila. A mochila havia sumido. O primeiro pensamento do Alemão foi ligar para a sua tia, mas logo a seguir achou melhor ligar para o celular do Walmir, o telefone da tia certamente estava grampeado. Walmir teria que arrumar novos documentos e os cartões de crédito. A filha da puta levou tudo. Enquanto pensava, ele ia arrumando a bagunça que a filha da puta tinha deixado.

Era o jeito, só Walmir poderia tirá-lo daquela situação. Foi aí quando ele acabava de pendurar no guarda- roupa as últimas peças de roupas que haviam formado a bagunça, que o interfone tocou.

— Telefonema para o senhor, é a Milena, o senhor vai anteder?

Claro, imbecil, se eu estava procurando por ela... – sentiu vontade de falar, mas se controlou:

— Claro, preciso falar com ela...

— Oi, meu querido! Você me desculpe, mas parece que eu tenho 100 anos de perdão. E você vai ter que me perdoar. Sabe aquela história: "Ladrão que rouba ladrão..." Estou com tudo que é de valor para você. A essa altura você já deve saber. – foi direta, falava com muito sarcasmo — Quantos documentos, hein, querido – deu uma risada sonora — Estou querendo devolvê-los, os documentos e os cartões de crédito. Não tem serventia...

— Por que tão boazinha?

—... Em troca queremos 200 mil reais.

— Queremos? – Alemão se fez de ignorante, pois a essa hora, sabia que ela tinha um parceiro.

— Sim. Eu e o meu homem...

— Vou ter que ligar para o uma pessoa, me liga daqui a uns 20 minutos. – disse Alemão.

— Certo, faça isso. Mas não vou ligar daqui a 20 minutos, não. Vire-se. Hoje por volta das 18 horas, hora da Ave Maria, nós estaremos por aí de qualquer jeito. Se não tiver os duzentinhos, mandaremos os documentos para a delegacia mais próxima. Sei bem que isso não causará nenhum grande problema para você. Eles já estão atrás de você. Mais cedo ou mais tarde você será pego... Agora os documentos fazem falta. Sem eles você será pego mais rápido... – Alemão sabia disso. Sabia, na situação em que se encontrava, iria ficar de molho uns três dias até conseguir novos documentos. E teria que sair urgentemente daquele hotel. Ali ele ficaria vulnerável. E para ir para outro hotel, teria que ter documentos e dinheiro, ou pelo menos, os cartões.

— Deixa a porta aberta, encostada... Só que, desta vez, nós não vamos gozar. Não vou nem poder pegar nesse pinto gostoso – Falou diminuindo o tom da voz. O homem dela deveria estar por perto.

Depois que ela desligou, a primeira coisa que o Alemão fez, foi ligar para o Walmir e explicar tudo. Meio sem graça por ter tomado um "Boa Noite Cinderela", mas não tinha jeito, só o Walmir para acertar tudo.

Walmir adorou que Alemão tivesse tomado um "Boa noite". Mas logo percebeu que essa era uma oportunidade. O casal de ladrões eram uns babacas, uns principiantes. Deveriam ter marcado o encontro num lugar público para evitar qualquer acidente. Vai ser moleza...

***

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