— Oi, quero saber como você está? – Rita reconheceu logo aquela voz delicada. Era Gabriela.
— Estou péssima, Briela. Foi por isso que não te liguei...
— O que houve? – na voz da Gabriela havia a conotação de preocupação verdadeira.
— Você não está sabendo?
— Sobre?
— A minha irmã, a Regina, está sumida há dias.
Rita contou tudo para Gabriela, que vez ou outra murmurava algumas palavras com melúrias.
Rita já estava terminando o essencial da história sobre o sumiço da irmã, no momento ela comentava que ninguém pela redondeza tinha visto Regina, quando Gabriela a interrompeu.
— Conheço uma senhora, a Josefa, que mora na rua principal que vai dar na entrada do parque. Ela foi empregada lá em casa por anos. Aposentou-se.
— Como ela pode ajudar? – Rita estava intrigada.
— Eu explico: hoje em dia ela vive fazendo o que sempre fazia quando estava de folga ou mesmo de férias.
— Fazendo o quê? – Rita começava a ficar ansiosa.
Gabriela ignorou o comentário da Rita.
— Ela dispensa uma televisão para ficar na janela vendo as pessoas, ou mesmo a poeira, levantada pelo vento, passar. Onde ela fica na janela, por ser de madeira, tem até uma marca côncava, onde ele fica com os braços apoiados no peitoril...
— E você acha que... – Rita tentou argumentar.
Gabriela continuou ignorando os comentários angustiados da Rita. Ela sabia, ou pelo menos achava, que os seus argumentos convenceriam a Rita de que Josefa poderia ajudar.
— Conclusão: é impossível que ela não tenha visto a sua irmã passar. Ela vive o tempo todo debruçada na janela.
— Será? – Rita ouviu toda a explanação da Gabriela sobre a sua ex-empregada. Essa sua pergunta saiu com um tom meio desanimado — Os federais já tiveram interrogando pela região...
— Ela talvez não tivesse respondido para não querer se envolver. Apesar do aspecto de fuxiqueira: ficar na janela observando o que acontece, ela é muito reservada, sempre foi.
— E se ela for reservada, também, para nós?
— Não vai ser.
— Como você sabe que não vai ser?
— Ela sempre foi muito minha amiga. Me apoiava em tudo, até demais. E não custa tentar... vamos tentar... tenha fé...
— Fé em quê?
— Em Deus.
— Perdão... – Rita ia continuar, mas só ficou no seu pensamento. Dele não espero muita coisa.
— Tudo bem que você não tenha fé Nele – Gabriela entendeu que Rita não era devota e então mudou de assunto — Vou te pegar em 40 minutos, posso?
— Tá. Tá bom. Vou me aprontar. – Rita não acreditava que poderia acontecer alguma coisa nova. Mas no fundo gostaria que sim. Que Josefa mostrasse um caminho.
Gabriela chegou mais ou menos dentro do prazo determinado por ela. Seu carro era um jipe antigo. Depois Rita veio a saber que o jipe era de 1950. Ele estava inteiro, todo original, inclusive a sua cor, era verde. E o interessante era o contraste da figura delicada da Gabriela com a aparência rústica do jipe.
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Momentos de Tensão - Amor; hot; namoro; policial; suspense; terror...
RomanceMOMENTOS DE TENSÃO Um complexo programa de resgate consegue libertar Alemão, no mesmo instante em que Regina é perseguida, numa floresta semivirgem, por pistoleiros com intenção de matá-la. Albert, mas conhecido pela alcunha de Alemão, é o serial ki...