Capítulo 23 - O Buraco

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Lágrimas brotaram nos olhos do Barbosa, junto com elas um grito saiu da sua boca:

— ERNESTO, LIGUE 192!!!!! 192, ERNESTO, POR FAVOR, 192!!!!

O miasma que invadiu o ambiente era provocado por cadáveres que estavam em decomposição dentro daquele buraco. Barbosa pôde perceber dois cadáveres, um sobre o outro, jogados no chão de terra batida. Por eles, baratas passeavam. O que Barbosa não pôde ver, de onde ele estava, era que os cadáveres estavam sendo dizimados por larvas, muitas larvas. O zumbido de moscas, as genitoras das larvas, era enervante. Mas não foi o cheiro, as moscas e seus zumbidos, e nem os cadáveres que o chocaram e o fizeram ter vários sentimentos quase ao mesmo tempo: sentimento de alegria, de curiosidade excessiva, de pavor (essa reação em cadeia que o fez quase desmaiar e sua cabeça parecer que ia explodir), foi quando iluminou com a lanterna o buraco escurecido que ele viu a Regina, estava, também, ali deitada sobre algo que parecia um estrado.

Barbosa, depois de jogar a lanterna no buraco, tentou com movimentos rápidos, entrar no buraco, estava difícil, pois a sua altura, 1,89 m, mesmo se agachando, não estava dando. As dimensões da abertura também não ajudavam, eram muito pequenas para que Barbosa pudesse se ajeitar numa posição que desse para ele entrar no buraco. Mas ele queria ver Regina de perto. Ver o seu estado, saber sobre ela. Estaria morta? Ele tentou tanto que acabou conseguindo se abaixar o máximo. Custou, bem verdade, um pequeno rasgo no colete da Federal e um arranhão na testa, que sangrou na hora, mas ele conseguiu, isso que era importante. A única forma de se movimentar foi se arrastando com os cotovelos apoiados no chão. Ao deslocar-se, ele era constantemente surpreendido por teias de aranhas e por algumas delas, que passavam pelo seu corpo. As baratas circulavam por toda parte e algumas delas até foram esmagadas pelos seus cotovelos. Barbosa ignorava tudo isso. O objetivo dele era mais precioso.

Foi ao chegar perto da Regina e ao acender a lanterna, que ele pôde ver o estado em que ela se encontrava: estava deitada sobre um colchonete imundo, rasgado, que se apoiava sobre um estrado estreito, que mal dava a Regina. Ela estava com os braços presos ao lado do corpo. Era uma pulseira de couro, com uns três cm de largura, em volta de cada punho da Regina. Nessas pulseiras, estavam presas correntes, não muito largas, os elos deviam medir 1 cm de largura por 2,5 de comprimento no máximo. Eram finas, mas eram correntes. Essas correntes, por sua vez, estavam presas, cada uma, num vergalhão (um de cada lado da menina) dobrado de forma que as pontas ficavam presas num bloco de cimento que parecia uma pequena coluna fixada no chão. Esses vergalhões formavam elos de, mais ou mesmo, 10 cm de altura. Tudo isso, dava-se para ver, pela forma rude que foram feitos, que era obra de um principiante, provavelmente obra do Nelson. Regina também estava amordaçada. A mordaça era daquelas que vendem em sex shop, aquelas que uma bola de uns quatro cm de diâmetro fica dentro da boca da parceira, nesse caso atual, da vítima. Sobre a Regina, algumas baratas passeavam despreocupadas com a chegada do Barbosa.

A primeira coisa que Barbosa fez foi tirar a mordaça e, ao mesmo tempo, tirar as baratas que circulavam sobre ela, porém, de vez em quando, uma aparecia toda faceira. Barbosa verificou que ela tinha uma leve, muito leve pulsação.

— Fala comigo, Fala! – tentava reanimá-la.

Parecia estar adormecida, certamente drogada. Dava para ver pelo seu estado letárgico. Barbosa não conseguia conter as lágrimas. Ele estava acostumado a ver cenas, talvez piores do que aquela, mas, nesse caso atual, era a sua amada que estava ali.

— Como ela está? – era Ernesto aparecendo na entrada do buraco.

Barbosa não respondeu:

— Já ligou para o 192?

— Já, eles estão vindo.

— Chame o corpo de bombeiros para arrebentar esse chão e tirar ela daqui. E tem dois cadáveres em decomposição. Chame tudo que for preciso.

— E ela, como está? – persistiu Ernesto.

— Está... morrendo – Barbosa falou com dificuldade, sua voz estava embargada.

***

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