Capítulo 11 - Um Cadáver Dentro Do Açude

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— Os mergulhadores encontram um cadáver no fundo do açude. – O agente que chegou correndo, gritou antes mesmo de chegar perto do Barbosa.

— É dela? – Barbosa falou com uma voz angustiada, quase berrando.

— Não dá para saber de quem é, ele está incinerado. Completamente.

— Como ele ficou no fundo do açude?

— Pelo que eu vi e o major Aguiar explicou, o cadáver, depois de incinerado, foi preso com uma tela, aquela tela para galinheiro, num cano de cobre, bem comprido e largo. O major disse que o cano deveria ter 1, 5 m de comprimento por 0, 50 m de diâmetro. O Cano era para servir de peso e o cadáver ficar bastante tempo dentro do açude...

A intenção era que, mesmo depois da decomposição do cadáver, a tela segurasse as parte soltas da putrefação por muito tempo no fundo do açude. – concluiu Barbosa em pensamento. O agente continuou falando, porém Barbosa já não escutava mais nada, com passos largos, ele, quase correndo, pulando os obstáculos, troncos caídos, pedras e as proeminências do caminho, se dirigiu para o Açude. Seria Regina? O insano do Alemão a encontrou, antes de nós? Não, não deve ser ela. Não pode ser ela. Muitas dúvidas passavam pela cabeça do Barbosa. Seus olhos, mesmo não tendo certeza que poderia ser Regina, estavam marejados de lágrimas. Ele, um sujeito totalmente equilibrado, estava perdendo o controle. Isso não podia acontecer.

A busca pela Regina, que o Barbosa queria fazer na noite anterior, não foi feita por motivos técnicos. Barbosa, no afã de encontrar logo a Regina, não raciocinou que no Parque da Pedra Branca, à noite, mesmo com lanternas poderosas, seria impossível percorrer qualquer caminho. E as pistas, se houvessem pistas que pudessem ser vistas, se perderiam pela falta de iluminação. O Parque da Pedra Branca era praticamente uma floresta densa, as copas das árvores se incumbiam de não deixar passar a luz do sol, quanto mais da lua, que, aliás, não existia naquela noite escura e chuvosa. Mesmo nas trilhas isso acabava acontecendo, motivado pelas copas das árvores, que ladeavam essas trilhas. E, convenhamos, um ser humano naquela situação em que eles se encontravam, não conseguiria mesmo de dia, mesmo sem as copas das árvores, visualizar qualquer pista. Os cães farejadores eram a salvação. Só eles, com os faros treinados, poderiam fazer esse serviço a contento. E sem os cães farejadores seria perda de tempo, acabou se conscientizando Barbosa.

Os preparativos e a espera dos cães farejadores, foram uns dos fatores para a busca só ser no dia seguinte.

O que preocupava era uma leve chuva que caiu quase toda madrugada. Essa chuva poderia encobrir as pistas e prejudicar as buscas que seriam feitas pelos seis cães farejadores que chegaram às 6 horas da manhã, com seus latidos desritmados.

A busca começou logo depois da chegada dos cães, era mais ou menos 06h30min da manhã. 30 pessoas faziam parte dessa busca, entre agentes da federal, polícia militar e corpo dos bombeiros. Ela começou na entrada do açude e dali foi se espalhando para cima. Eles queriam escanear toda a reserva. Seria um trabalho árduo. O Parque estadual da Pedra Branca era considerado o maior parque natural urbano do mundo, media 12,492 hectares. As buscas eram feitas pelas trilhas e fora delas, pela floresta, com seus troncos muito próximos uns dos outros. A busca seria demorada, isso também angustiava Barbosa. Enquanto isso, três agentes percorriam a vizinhança local, pelas casas iam pedindo informação sobre a Regina. Se alguém a tivesse visto seria fácil identificá-la. Ela sobressaía pela sua altura e pela sua beleza.

Barbosa estava mantendo contato com a Rita. De meia em meia hora ligava para saber se Rita tinha alguma boa notícia. Barbosa já havia feito contato com as delegacias da Zona Sul, Barra da Tijuca e Zona Oeste, fornecendo a descrição da Regina, inclusive as roupas que ela estava vestindo de acordo com que a Rita a viu separar no dia anterior da caminhada, e pedindo que lhe comunicassem imediatamente sobre o registro que pudesse ter correspondência com ela. O comunicado também foi feito para a emergência dos principais hospitais e para a central da PM, passando para ambos a descrição já feita para as delegacias. Isso tudo foi feito na noite anterior e até agora nada. A solução era "varrer" o Parque Estadual da Pedra Branca.

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