Capítulo 14

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                                                                            (Mel narrando)

Não havia entendido porque o Guilherme saiu daquele jeito da casa do meu pai na noite anterior, havia um ponto de interrogação na minha cabeça. Eu dormi por lá, arrumei toda a bagunça e no outro dia peguei um taxi e fui pra casa. Minha mãe estava inquieta demais.

— O que foi mami? – Dei um beijo no rosto dela.

— Nada não filha, depois a gente conversa, tá?

Assenti com a cabeça e fui pro meu quarto. Na hora do almoço desci, estavam na sala meus pais e o Pedro também. Fui até ele e lhe dei um abraço.

— Está melhor pai?

— Sim meu amor, muito obrigado.

— Mel, senta aqui filha, precisamos conversar! –Minha mãe disse e eu sentei no sofá.

— Melissa, meu bem. – Pedro se ajoelhou na minha frente. – Você precisa entender.

— Vocês estão me deixando preocupada. – Eu disse rindo.

—Falem logo. — Meu pai, Léo, disse.

— Deixa que eu falo, ela não está preparada... –Minha mãe ia dizendo e o Léo nos interrompeu.

— Eu falo! O teu namoradinho, é na verdade teu irmão Melissa.

— Que namoradinho, o Vitor? – Minha cabeça girou.

— Não filha, o Guilherme... – Meu coração bateu mais rápido.

— Mas, o que? Não, não é possível, não pode ser! O meu Gui... – Encarei meu pai. E as coisas começaram a se encaixar, a foto no escritório, ele ter saído daquele jeito, o encontro no hospital, a briga pra separar ele, tudo fez sentido naquela hora. – O Guilherme? – Uma lágrima caiu.

— Filha... – O Pedro tentou encostar em mim, mas eu o empurrei.

— Não trisca em mim Pedro! – Gritei.

— Você disse que ia entender.

— Você tá louco? Como você quer que eu entenda uma coisa dessa? – Chorei. – Eu estava realmente apaixonada por ele Pedro, por que você não fez alguma coisa antes? Você é um idiota, vocês três são!

Sai correndo pro meu quarto e tranquei a porta, deitei na minha cama ainda sem acreditar em tudo isso. Fechava os olhos e só ouvia a voz dele me chamando de mimadinha, podia ouvir a risada dele, podia sentir os beijos, o abraços, o cheiro. Eu tentava me livrar desses pensamentos, ele era meu irmão...

— Não, não pode ser. – Chorei descontroladamente. – Não...

Minha mãe batia na porta, mas eu fingia que não era comigo. Eu chorei tanto que peguei no sono, acordei já de noite. Pensei em ligar pra Thay, mas não, não era com ela que eu precisava falar. Então peguei meu celular e disquei o número dele. Demorou mas ele atendeu.

— Oi. – Suspirou.

— Você também não sabia né?

— Descobri quando eu vi a foto, mas não tive coragem de te contar. – Então comecei a chorar. – Tinha medo dessa sua reação, fica calma Mel! Pensa pelo lado bom, somos da mesma família agora.

— Vem cá. – Eu disse entre os soluços.

— Eu to muito longe Mel e já tá bem tarde.

—Irmãos mais velhos cuidam das irmãs mais novas. – Ele suspirou.

— Tá certa, você tá em casa?

— Sim, vou te esperar no portão, mas vem.

— Eu vou, eu prometi.

Ele desligou o telefone e eu fui tomar um banho, já era quase de madrugada. Vesti uma roupa qualquer e desci, esperei mais um pouco e vi ele virando a esquina.

— Oi. – Ele veio se aproximando de mim.

— Desculpa te acordar e te fazer vir até aqui.

— Vem cá. – Ele me deu um abraço forte e me fez esquecer os problemas por um segundo, mas ele logo se afastou.

—Como você tá se sentindo?

—Eu to vivo! – Ele riu. – Trouxe chocolate pra você, é bom pra esquecer os problemas.

—Obrigada, é o meu preferido.

— A vida é cheia de armadilhas, né? Pela primeira vez na minha vida que eu estava envolvido com uma garota e apaixonado por ela, fico sabendo que ela é minha irmã.

— E essa garota também estava. – O encarei. – Como vamos fazer agora? O que você quer que eu faça?

— Se afastar né?

— E se eu pedir pra você não se afastar?

— Não vai mudar nada Mel. Não vamos mais nos encontrar, eu não vou frequentar sua casa porque não somos uma família, eu odeio o Pedro, ele me odeia. Vou seguir com a minha vida e você com a sua, são realidades diferentes. – Ele apertou minha mão.

— Tudo bem, mas eu ainda gosto de você.

— Eu também. – Me deu um beijo na testa. – Melhor eu ir, daqui a pouco eu pego no batente. Calma, tenho uma coisa pra você.

— O que? – Ele tirou do bolso minha pulseira.

— Acho que esse M não é de Melissa, é de mimadinha. – Sorri. – Não esquece de mim. – Nessa hora me deu vontade de chorar.

— Não vou.

— Deu minha hora, vou indo.

Ele virou as costas e saiu. Não olhou pra trás e eu sabia que não ia olhar. Só Deus sabe como foi difícil me despedir dele assim. Virei também e entrei em casa, não queria que ele me visse chorando ali. Entrei no meu quarto e o cheiro dele ainda estava em mim, deitei na minha cama e comecei a chorar, deixei que as lágrimas molhassem meu travesseiro e logo dormi. Acordei mais de meio dia com as meninas entrando no meu quarto, Thayná e Lívia.

— Oi. – Disse baixo.

— Você não foi pro colégio, o que foi? — Lívia perguntou.

— É uma longa história.

— A gente não tá com pressa nenhuma.  — Thay respondeu sentando na beirada da minha cama.

Contei toda a história pra elas e na primeira frase já estava chorando, elas me ouviram e não me interromperam em nenhum momento e quando eu terminei de falar me puxaram pra um abraço bem apertado, ficaram em silêncio só me deixando chorar.

—Tem que haver um jeito Mel, essa história deve ser um mal entendido ou alguma mentira. — Thay disse limpando as minhas lágrimas.

— Bem que podia prima, mas não é. Ele é filho do Pedro e eu também, fim. Vocês deviam ver o jeito que ele falou comigo hoje, também estava sofrendo, eu sei.

— Olha pra mim. – Lív pegou no meu rosto. – Isso tem que acabar amor, vocês dois são irmãos.

— Já acabou Lív.

— Você sabe que não Mel.

Elas me puxaram pra outro abraço apertado e eu me senti em casa. Me senti aonde sempre deveria estar, com as minhas melhores amigas!


Engravidei do Jogador 3Onde histórias criam vida. Descubra agora