(GUI NARRANDO)
Acordei com o barulho chato do despertador tocando, peguei na mesinha do lado, antes que eu pudesse falar alguma coisa, a pessoa se pronunciou.
— Alô. — Era uma voz feminina, a única pessoa que me ligaria de madrugada era a Nanda, eu já estava pronto pra xinga-la, quando ouvi o resto da ligação. — Gui?
— Sou eu, quem tá falando? — Me fiz de desentendido, eu já sabia quem era, Mel.
— Você deve estar se perguntando porque eu estou te ligando a essa hora da madrugada, aí já deve ser bem tarde né? Já deve estar quase amanhecendo... É que hoje eu saí com um cara. — Minha respiração parou. — O nome dele é Rafael, ele é muito legal e eu me senti muito bem com ele, é um cara bacana.
— Por que você tá me ligando pra dizer isso?
— Na real? É porque eu não consegui pregar o olho depois do encontro. A saudade que eu tô sentindo de você tá muito forte. Foi bom sair com o Rafa, mas depois que ele me deixou em casa ficou um vazio enorme. Ficar sozinha é muito ruim, vivo sentindo sua falta e eu achei que te ligando mataria um pouco dela.
— Ele é legal?
— Muito. Você ia gostar dele, ou não. — Ela riu. — Você ia dizer que ele é um mauricinho chato e ridículo, do jeito que eu gosto.
— Só que você não gosta de mauricinhos.
— É, não gosto.
— Eu sei bem disso. — Abaixei a cabeça e suspirei, segurando o choro.
— Te vi chorar poucas vezes.
— Não gosto que ninguém me veja chorar, é sinal de fraqueza.
— Não, é sinal que você sente Guilherme.
— Quer que eu te diga o que Mel? Que eu te amo? Eu te amo! Que eu choro todas as noites escondido em baixo do chuveiro? Eu choro! Que eu quebro meu quarto todinho quando sinto sua falta? Pois bem, eu faço isso. Eu sofro também caralho, só porque eu não demonstro, não quer dizer que eu não sinta. E você quer saber mais? Eu deveria ter te pedido pra ficar, mas não pedi e nem vou, porque não é justo com nenhum de nós dois.
— Por que tá me dizendo isso agora? Não faz mais diferença! Você me disse pra eu ser feliz e eu tô tentando ser.
— Muito bom. — Eu disse baixo deixando algumas lágrimas caírem.
— Eu te amo e eu sinto muito a sua falta, mas realmente isso não muda nada.
— Nada mesmo. — Afirmei.
— Por que é tão difícil você deixar seu orgulho de lado, Guilherme? — Ela disse entre o choro.
— Cara! — Eu suspirei. — Eu tô dizendo que eu te amo, eu fui me despedir de você no aeroporto, não é orgulho caralho! É amor Melissa, porra. Para de me julgar!
— Eu não te entendo... — Eu a interrompi.
— Amor não se entende, só se aceita. — Fechei meus olhos. — Desliga o celular.
— Por que você não desliga?
— Porque eu não consigo mais me despedir de você, não mais uma vez.
— Você viria atrás de mim aqui em Nova York, Gui? — Ela perguntou e eu me calei. — Guilherme?
— Você sabe a resposta.
— Não, eu não sei. Aliás, eu nunca sei nada sobre você.
— Você sabe que sim.
— Por que faz isso comigo?
— Você provoca meu pior lado. — Eu respondi suspirando.
— Teu pior lado? Como assim?
— Esse cara Mel, que sente sua falta e não faz porra nenhuma pra mudar isso.
— Por que você não admite pra si mesmo que eu sou sua e você é meu? Por que você não muda o nosso final? Não tem que ser assim, não temos que sofrer com essa distância. Nós dois vamos ser sempre de nós dois, você não enxerga isso? Eu já implorei pra você ficar comigo e tô pedindo de novo, mas é a última vez. Se você não me pedir pra ficar com você, eu não vou dar mais nenhuma chance pra você, nunca mais! Mesmo que você venha atrás de mim, mesmo que você atravesse o mar nadando, eu nunca mais vou te dar nenhuma chance.
— Mel, volta pra mim?
— Hã? — Ela perguntou baixo. — Você pediu pra eu voltar com você?
— Eu pedi. — Afirmei.
— Meu Deus, você é um filho da puta. — Ela disse alto.
— Por que?
— Porque não vamos voltar
— Quê? — Perguntei sem entender.
— Achei que você tinha que sentir raiva de mim, do mesmo jeito que senti de você quando entrei naquele avião.
— Você me ligou, fez essa palhaçada toda, chorou, me fez pedir pra voltar com você, pra você brincar com o que eu sinto? — Perguntei sério,
— Se você vê assim. — Eu peguei o celular e joguei na parede, ele se partiu em vários pedaços.
— FILHA DA PUTA! — Gritei. — DESGRAÇADA! — Levantei da cama e empurrei a o criado mudo no chão.
— Gui? — A vovó abriu a porta do meu quarto. — Guilherme, calma. Gui... — Ela segurou no meu rosto. — Olha pra mim, fica calmo. O que foi, meu filho?
— Aquela desgraçada vó, ela brincou comigo, brincou com o que eu sinto!
— O que a Mel fez, querido?
— Ela vai se arrepender por cada palavra dita nesse telefone. — Sussurrei. — Sai vó, quero ficar sozinho, por favor.
![](https://img.wattpad.com/cover/59957792-288-k464492.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Engravidei do Jogador 3
Storie d'amoreCê prefere um engravatado que maltrate ou um vagabundo cheio de amor? A burguesinha, o vagabundo. A rica, o pobre. Ela morava na zona sul, ele na zona norte. Ela curtia eletrônica, ele rap. Ela fazia compras, ele pegava roupa emprestada. Ela era ma...