(GUI NARRANDO)
Quando cheguei em casa estava tudo normal, Pedro no trabalho, vovó fazendo crochê sentada do lado do Mateus que estava jogando vídeo game.
— Boa tarde família! — A vovó sorriu e o Mateus nem tirou os olhos da tv.
— Como foi a faculdade filho? — Eu me aproximei e sentei do seu lado.
— Foi boa, vó.
— Está com fome?
— Muita. — Ela se levantou, largou o crochê e foi pra cozinha. Aproveitei o notebook aberto em cima da mesinha de centro e peguei, no mesmo momento em que coloquei no meu colo, foi a hora que a chamada de vídeo abriu.
— Pronto vó, voltei... — Ficamos mudos, primeira vez em três meses que nos víamos. — Guilherme...
— Melissa... — Respondi chocado. E pronto, parecíamos dois idiotas encarando a tela, minha respiração acelerou e minhas mãos não soavam assim há muito tempo. Ela tinha sobre mim, um maldito efeito.
— A vovó tá aí? — Eu não respondi, fiquei encarando-a por longos minutos. — Vou desligar então.
— Não! Quer dizer, ela tá na cozinha preparando algo pra eu comer, porque cheguei morto de fome da faculdade. — Droga, percebi que estava falando muito.
— Eu entendi Gui.
— Vou chamar ela. — Saí andando até a cozinha. — Vó? — Ela tinha um sorriso irônico no rosto. — Velha do mal a senhora, hein?
— Você não sabe o que é melhor pra você, eu tenho que te lembrar isso todos os dias. — Revirei os olhos, saí da cozinha e fui pro quarto. Joguei meu material em cima da cama e isso fez com que tudo caísse da mochila. Puta merda, mas o que me chamou atenção mesmo foi aquela maldita pulseira. Peguei delicadamente, o pingente estava do mesmo jeito, pequeno e delicado como ela. Então eu não tinha reparado em uma foto que estava dentro da minha mochila, uma foto minha e dela, peguei a foto e caí sentado na cama, foi o suficiente para as memórias virem fortes.
(MEL NARRANDO)
Fechei o notebook e sentei na cama com a respiração pesada, minhas mãos tremiam tanto e meu coração saltava, parecia que eu ia ter um enfarto. Me virei e encarei a pequena foto no meu mural, ninguém que estivesse alí a veria, porque ficava em baixo de outra foto, mas eu via. Então eu me levantei e puxei, lá estava ele. Meu Gui. Meu? Sim! Sempre será meu!
— Por que hein? — Caiu uma lágrima. — Porque você fez isso hein? Porque não me deu a chance de provar que eu era diferente? Porque você tem que ser tão turrão, chato e orgulhoso? — Sequei as lágrimas e coloquei a nossa foto no meu coração. — Eu sinto tanto a sua falta. — Sussurrei.
Levei um pequeno susto com o toque do meu celular e joguei a foto pra cima, atendi com mó voz de choro.
— Alô.
— Liguei só pra dizer que te busco as oito, pode ser? — Era o Rafa, então o papo de sair não era brincadeira.
— Você quer mesmo sair comigo?
— Claro que quero. Só porque você ainda pensa no seu ex, não significa que futuramente eu possa ter um lugar no seu coração, não é?
— Talvez eu esteja fechada pra balanço.
— Talvez sua balança precise sair da teia de aranha. — Gargalhamos.
— Você é engraçado.
— Isso é bom, garotas bonitas não costumam ficar com caras chatos.
— Isso é verdade.
— Bom, preciso ir. Até as oito!
— Até as oito.
Desliguei o celular e acabei dormindo, acordei umas seis e meia já. Levantei e fui direto pro banheiro, lavei meu cabelo e durante o banho as palavras do Guilherme começaram a martelar na minha cabeça. Ele queria que eu fosse feliz, não queria? Que eu tivesse outros homens e se fosse outros, porque não o Rafa que era tão educado? É, seria ele. Saí do banho enrolada na toalha e abri meu guarda roupa, depois de muito pensar acabei optando por uma saia de couro, um top cropped vermelho vinho de mangas e uma jaqueta de couro por cima. Nos pés uma bota cano curto de salto fino, uma bolsa Gucci dourada e de acessório apenas um maxi brinco. Soltei o cabelo, passei perfume, fiz uma make e meu Deus, como fazia frio! Oito horas em ponto o Rafa estava na porta do meu prédio e eu já estava pronto.
— Já? — Perguntou quando me viu entrando no carro.
— Claro, sou pontual. — Ele sorriu. Rafa estava lindo, com uma blusa de frio, um cachecol, tênis e calça jeans. Tão normal, mas tão lindo.
— E aí, o que quer fazer?
— Primeiramente, comer. — Respondi sorrindo.
— Vamos comer então.
Ele ligou o carro e fomos até um restaurante que por sinal, era muito luxuoso. Na porta, ele deu o nome e o garçom nos acompanhou até a mesa. Tiramos o casaco e eles guardaram.
— Uau. Lugar quentinho, está ganhando pontos comigo!
— Não é só um lugar quente. — Ele sorriu. — Um lugar que também servem comidas típicas brasileiras.
— Mentira!!
— Juro.
— Você é muito legal. — Eu disse segurando a mão dele e o encarando, ele levou a mão até a minha nuca.
— Sou? — Ele perguntou baixo e eu arrepiei.
— Muito. — Respondi e ele aproximou seus lábios dos meus, mas eu virei o rosto. — Por enquanto, se contente só com legal.
— Eu gosto de você. — Ele sorriu e chamou o garçom.
— Gosta de mim? — Perguntei confusa.
— É, do seu jeito. Você é diferente! — Eu o encarei. — Vai querer comer o que? — Nós olhamos o cardápio, pedimos massa e um espumante pra acompanhar. Confesso que ele havia mexido comigo.
— Então... — Eu perguntei depois que já havíamos jantado. — Quem era a sortuda?
— Não entendi.
— Quem era a sua ex namorada que deixou um bom partido desse solto por aí? — Ele começou a rir.
— Eu nunca namorei. — Fiquei perplexa.
— Como assim?
— Nunca gostei tanto de uma pessoa a ponto de namorar, compreende? Nunca me apaixonei de verdade, por isso nunca namorei.
— Entendi.
— Mas isso não quer dizer que eu não possa me apaixonar por você. — Sorri de lado.
— Fiquei sem graça agora.
— Desculpa, mas é que você é muito linda! — Ele colocou a mão em cima da minha.
— Rafa... — Puxei minha mão.
— Rápido demais, eu sei, vou mais devagar. — Sorri e tomei mais uma taça do meu espumante.
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Engravidei do Jogador 3
RomanceCê prefere um engravatado que maltrate ou um vagabundo cheio de amor? A burguesinha, o vagabundo. A rica, o pobre. Ela morava na zona sul, ele na zona norte. Ela curtia eletrônica, ele rap. Ela fazia compras, ele pegava roupa emprestada. Ela era ma...