Capítulo 18

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                                                                                 (Mel narrando)

Depois de toda a confusão, eu fui para a casa do Pedro. Fui com ele no hospital ver a Helena, e chorei horrores. Chorei por mim e pelo Gui, pois sabia como ele estava se sentindo e aquilo acabava comigo. Estávamos na sala, meu pai estava nervosíssimo, o silêncio prevalecia. E quando a campainha tocou, ele correu pra atender.

— Cadê meus filhos? — Ouvi ele perguntar alto, me levantei e vi uma mulher entrando, era a madrinha do Gui.

— Eu vim aqui a pedido da Helena. — Ela ignorou a pergunta do meu pai.

— CADÊ MEUS FILHOS? — Ele gritou.

— Eu que deveria te fazer essa pergunta Pedro. — Ela o encarou.

— Como assim?

— Como você tem coragem de mandar aqueles caras lá pra matarem o Guilherme? — Congelei.

— Você tá doida Cris? — Meu pai riu.

— A Helena me contou tudo, Pedro!

— Você tá insinuando que eu mandei matar os meus filhos?

— Filhos não. O Guilherme. E ele está bem, graças a Helena.

— O Mateus é menor, tem que vir pra minha casa. Cadê ele?

— Você mandou matar o Guilherme, pai? — Sussurrei. — Ele é seu filho.

— Óbvio que não! A Helena só pode estar maluca. Eu jamais faria isso.

— Jura? — A Cris perguntou. — Você o odeia Pedro, com todas as suas forças, odeia tudo nele. E agora ele estava envolvido com a Melissa e... — Meu pai interrompeu.

— Cris, pelo amor de Deus. Eles são meus filhos, eu tenho as diferenças com eles, mas eu os amo.

— MENTIRA! — Ela gritou, — Eles estão a salvo de você Pedro, você nunca mais os verá.

— Eu vou te processar.

— Processa. Mas onde eles estão, eu nunca vou dizer. — Disse e saiu batendo a porta.

                                                                    (Guilherme narrando)

Um mês se passou. Minha mãe saiu do hospital, mas as agressões a deixaram paraplégica. Ela saiu do hospital mas preferimos que ela fosse morar em Goiás, com a minha avó. Com certeza passaríamos um bom tempo sem nos ver, mas seria pro bem dela. Eu e os meninos estávamos na fazenda da avó do Paulo, um lugar tranquilo até demais. Meus dias se resumiam em ficar no quarto e ir ver os cavalos, eu era louco por cavalo. Eu estava apoiado no cerca observando os trabalhadores da fazenda montarem neles, até que sinto uma presença do meu lado, era o Mat.

—Eu quero ficar com meu pai.

— Não dá.

— Por que não?

— PORQUE VOCÊ NÃO PODE! — Gritei.

— O que está acontecendo? Tem a ver com a mamãe? O que ele fez? ME FALA!

— Mateus...

— ME FALA AGORA! — Ele gritou.

— Foi ele que deixou ela naquela cadeira de rodas.

— Ele o que?

— Ele mandou me matar e... — Ele me interrompeu.

— Olha o que você tá inventando de novo, cara. Pensei que já tivesse esquecido isso. O papai não é capaz de matar uma mosca. O que você tá querendo com isso Guilherme? Eu vou pra casa do meu pai, vou ligar pra ele vir me buscar. — Eu não protestei. — VOCÊ OUVIU?

— Faz o que você quiser, Mateus.

— Você é doente Guilherme, você afasta todo mundo de você.

— Já chega Mateus! Quer ir pra casa do teu pai, vaza. Liga pra ele. Vaza da minha frente!

— Esperta é a Melissa, que vazou antes que você fizesse algo contra ela. — Ele me deu as costas e eu o empurrei.

— Vai se foder Mateus! Liga pra aquele merda vir te buscar, porque eu que não quero mais ver a tua cara aqui.

— Você tá doido?

— Doido vai ficar você, se não sair da minha frente agora! Que eu vou te dar uma surra que você nunca mais vai esquecer. — Ele levantou meio apressado.

— EU ODEIO VOCÊ GUILHERME!

Ele saiu correndo e as lágrimas caíram. Agora era só eu e eu. Dois dias depois, o Mateus ainda não tinha falado comigo, foda-se, depois da briga passou o tempo todo trancado no quarto. Resolvi mexer na internet, entrei no skipe e então a vi online. Foi automático, cliquei pra começar uma chamada de vídeo.

— Gui?

— Oi Melissa.

— Tô morrendo de saudade de você. — Ela sorriu, foi impossível não sorrir também.

— Também to com saudade. — Ficamos um pouco em silêncio. — O Pedro vai vim buscar o Mateus?

— Não sei, não falei com ele sobre vocês ou sua mãe... — Eu interrompi.

— Não vamos falar dele então, tá? Não vamos acabar com o momento.

— Não mesmo. — Sorrimos. — E como é aí?

— Nossa, cheio de verdes e de cavalos... uma droga! — Ela sorriu e eu tive uma ideia. — O feriadão tá vindo aí, por que você não vem pra cá, a gente vai na cidade e faz aquela droga de teste?

— Hãn? — Ela estava zonza de tanta informação.

— Vem, eu to precisando de você.

— Pode deixar.

Nós ficamos conversando por horas a fio, parecia que nunca faltava assunto. Então a porta foi aberta, e eu vi quem eu menos desejava ver.

— Preciso desligar Mel. — Nem esperei ela responder e abaixei a tela do computador. Ele estava sério, o Mateus vinha atrás do Pedro com a mala. Não achei que ele teria essa coragem...

— Onde está sua mala? Eu vim te buscar também. — Me levantei sério, fui até ele, o peguei pelo colarinho da roupa e o coloquei para fora do quarto.

— Guilherme! — Mateus gritou. Paulo logo apareceu e segurou o Mat que queria me bater. Eu me virei pra ele, eu nunca tinha ficado tão bravo como aquele dia.

— Sai Mateus.

— Você vai bater nele? É nosso pai...

— DESAPARECE MATEUS! OU EU QUEBRO VOCÊ NA PANCADA! — Eu gritei.

— Guilherme, não é nada disso filho... — Eu o empurrei.

— NÃO ME CHAMA DE FILHO!

— Guilherme, você não está pensando...

— Eu devia matar você. — Fiquei vermelho. — Mas eu me contento com uma surra bem dada. — Ele me encarou e então veio pra cima de mim, começamos a nos socar. Só que eu tinha idade em vantagem, então eu bati nele muito mais que ele me bateu. Senti alguém me puxando, ele tinha um olho roxo, a boca sangrava muito. Até que o tio do Paulo apareceu com o Thiago e nos separou.

— Guilherme, você ia matar meu pai. — O Mateus disse ajudando ele a levantar.

Os dois não disseram mais nada e foram embora. Foda-se, eu tinha dado uma surra naquele filho da puta.


Engravidei do Jogador 3Onde histórias criam vida. Descubra agora