Mamãe não desgrudou de mim hora nenhuma, até na hora do embarque. Estavam todos comigo no aeroporto: Thay com a tia Malu, Lív de mãos dadas com o Henrique, Vovó Sophi e vovô Fê, minhas irmãzinhas, tia Fred, mamãe, papai, Pedro, Mateus e vovó Maria.
— Bom gente, essa é a hora. — Eu disso os olhando.
— Sabemos filha. — Papai disse me abraçando.
— Não prolongue o momento com dores desnecessárias. — Pedro afirmou baixo, respirei fundo e então o abracei também.
— ESPERA! — Ouvi um grito e então abri meus olhos, era o meu Gui com seu boné torto, ele estava mesmo lá. — Vim me despedir. — Ele se aproximou lentamente de mim e meu coração acelerou.
— Você veio pedir para eu ficar? — Perguntei baixo.
— Você não escuta mesmo o que eu falo, né? — Ele segurou no meu rosto. — Falta meia hora pro seu voo sair e eu precisava muito dizer uma coisa antes de você ir. — Suspirei entre algumas lágrimas que caiam. — Eu não sou o príncipe que você imaginou, Mel. Eu nunca fui e nunca vou ser, até porque conto de fadas são chatos. — Sorrimos. — Eu te amo! Não vai adiantar porra nenhuma dizer isso agora, mas eu te amo. E é porque eu te amo que você precisa colocar na cabeça que não vamos ficar juntos. — Limpei as lágrimas e o encarei. — Vai pra Nova York, beija todos os garotos que você puder, ame, viva por você!
— Por que você veio aqui me dizer isso?
— Porque é a única coisa que eu posso fazer por você, minha princesa. — Ele respondeu colocando meu cabelo atrás da orelha.
— Não vai me pedir pra ficar?
— Não.
— Adeus Gui. — Afirmei puxando minha mão da dele.
— Adeus Mel. — Ele respondeu se afastando.
Eu entreguei meu passaporte e a moça carimbou o mesmo, quando ia entrar, me virei e corri até ele, o beijando, fiquei na ponta dos pés enquanto ele segurou minha cintura com força, as lágrimas foram se misturando ao beijo conforme o mesmo ia acabando, ambos íamos acelerando o mesmo, mas o maldito fôlego não deixou que ele se prolongasse por longos minutos. Paramos o beijo com a respiração acelerada.
— Pede. — Eu sussurrei. — Por favor. — Implorei.
— Você sabe que não vou pedir.
— Moça, tá na hora. — A mulher me chamou.
— É a nossa única chance Gui. — Eu implorei. — Por favor, pede.
— Moça... — A mulher insistiu.
— Gui! — Eu o chamei, ele estava de olhos fechados e me soltou.
— Tá na tua hora. — Ele disse secamente. — Até um dia Mel.
— Gui, por favor... — Eu disse de novo, ele não ouviu, ele nunca iria me ouvir.
(GUI NARRANDO)
Me virei de costas pra não ver sua partida, fechei meus olhos enquanto o choro dele ficava cada vez mais alto.
— Você devia ter pedido. — Thay disse.
— Mano, vem cá... Me dá um abraço! — Mateus me puxou em um abraço e eu chorei.
Na volta para casa, o Pedro nos levou. Quando cheguei em casa, ninguém falou nada comigo, mas também eu não dei tempo. Corri para o meu quarto e me tranquei lá.
— QUE MERDA! — Eu gritei olhando em volta, fechei meus olhos e sentei no chão. — Mas que merda.
A pequena pecinha brilhante soltou um raio de luz bem no meu olho, me estiquei até onde a cômoda estava pegando a peça, minha garganta fechou. Era a pulseira dela, cheia de berloques que era a casa dela, tinha um pequeno "M" e o do lado era um berloque de coração. Coração eu mesmo havia comprado, pra mostar a ela que ela sempre teria meu coração. Não tinha dado tempo de entregar pra ela. Apertei a pulseira na mão como se eu conseguindo esmagar aquele maldito coração, o meu amor por ela também sumisse, foi em vão, acabei machucando minha mão. Joguei em algum canto do quarto e me virei pra janela, pulando a mesma. Precisava respirar, conhecer novos ares, precisava sumir.
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Engravidei do Jogador 3
RomansaCê prefere um engravatado que maltrate ou um vagabundo cheio de amor? A burguesinha, o vagabundo. A rica, o pobre. Ela morava na zona sul, ele na zona norte. Ela curtia eletrônica, ele rap. Ela fazia compras, ele pegava roupa emprestada. Ela era ma...