Capítulo 38

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(GUI NARRANDO)

Cheguei em casa e encontrei minha vó já de pé sentada no sofá, Paulo passou por ela, deu um beijo e foi pro quarto. Eu ia fazer o mesmo, mas ela me chamou.

— Guilherme, vem aqui.

— Fala vó. — Eu disse sentando do lado dela.

— Você sabia que a Mel vai mesmo se mudar pra Nova York?

— Não. — Menti.

— E o que você tá fazendo ainda aqui? Meu filho, se você pedir pra ela ficar, ela fica.

— E o que te faz pensar que eu vou pedir pra ela ficar, vó?

— Porque você a ama.

— Não a amo mais. — A vovó alisou meus cabelos.

— Mentiu tanto pra ela, que chegou a acreditar na própria mentira. — Deixei minha cabeça cair no seu colo.

— Isso não vai acontecer, vó. Nem adianta!

— Por que é tão difícil, você ficar com ela Gui?

— Porque eu não posso mais vê-la machucada vó, não por minha causa.

— Vocês jovens tem um jeito estranho de pensar. Ela fica machucada com você, mas pelo menos fica feliz e fica machucada sem você, e ainda por cima infeliz. Prefere o que?

— Para de tentar me persuadir. — Disse rindo.

— Tá funcionando filho?

— Quase.

— Que bom. Sabia que a viagem dela tá marcada pra semana que vem, né? — Balancei a cabeça que não. — E eu queria dar um presente especial pra ela levar, sabe o que ela me pediu?

— O que? — A vovó sorriu.

— Um dia especial com você.

— Vó, não me fode. — Começamos a rir muito.

— É sério querido, eu estava pensando em uma festa surpresa pra ela aqui de despedida, o que você acha?

— Aqui em casa? Eu e ela no mesmo lugar? Festinha e tals? Eu perto dela? Assim... bem pertinho? — Ela assentiu. — Não vai dar certo.

— Estava torcendo pra sua resposta ser essa.

— Como assim vó? O que a senhora tá planejando?

— Uma noite é o suficiente pra você se render ao amor e não deixar minha neta viajar e você ficar aqui morrendo de tristeza. — Sorri.

— Ó as ideia da velha, mano. Eu vou desejar boa viagem pra ela de longe e só, vou ficar longe o tempo inteiro.

— E não vai querer dar um abraço nela, sentir o perfume...

— PARA COM ISSO. — Gritei. — Vó, a senhora é do mal. — Ela começou a rir.

— Prevejo grandes momentos nessa festa.

— Pra que tanta maldade nesse coração idoso? — Levantei do sofá e fui indo pro quarto.

— DORME COM OS ANJOS GUI E SONHA COM A MEL! — Ela gritou e eu não aguentei, comecei a sorrir.

A festa de despedida da Melissa estava chegando, e o mundo queria fazer com que nós passássemos juntos. Uma bela tarde minha de folga, Mateus me chamou pra ir até a casa do Pedro trocar uma ideia com ele. Fui né, estava até com um pouco de saudade do meu pirralho. O Pedro não estava em casa, cheguei e ficamos jogando vídeo game na sala, até que ele começou o assunto.

— Gui, você precisa falar com a Mel.

— Cara, não começa, por favor. Eu e ela...

— Não é questão de por favor, você vai falar com ela e pronto! — Revirei os olhos. — MELISSA, CORRE AQUI! — Ele gritou e eu assustei, moleque fdp.

— O que aconteceu Mat? — Ela apareceu com uma carinha de sono linda, parecia que tava cochilando e eu comecei a tremer, foi como se meu coração tivesse levado um choque elétrico. Não dissemos nada, por um longo período de tempo, eu tentei levantar do sofá, mas minhas pernas não se moviam, me vi entre o inferno e o céu. — O que você tá fazendo aqui, Guilherme? — Ela também parecia nervosa.

— E-eu... — Gaguejei, droga.

— Guilherme? — Ela perguntou séria e o Mateus saiu de fininho da sala.

— Passa esses últimos dias que você tem no Brasil, comigo? — Eu disse o mais rápido que pude.

— O que? — Eu levantei e fui até ela e a encostei na mesa da sala de jantar.

— Me dá o prazer da sua companhia uma última vez, Mel? — Minha mão alisou a sua nuca e eu fechei os olhos ao encostar a testa na dela. — Só uma última vez.

— Você tá pedindo pra eu...

— Tô pedindo pra você ficar comigo, uma última vezinha.

— Você não precisa pedir nada Gui, nunca precisou pedir nada em relação a mim. — As mãos dela entrelaçaram meu pescoço e eu perdi completamente a noção do que estava fazendo, só vi meus lábios próximos demais dos dela.


Engravidei do Jogador 3Onde histórias criam vida. Descubra agora