2.2 Enlouquecendo Murilo

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Depois de um longo silêncio constrangedor.

- Se o senhor não me quiser como sua secretária, fique a vontade. - Catarina falou empinando o nariz.

- Mas você é muito petulante, senhorita García.

- Não é petulância, senhor González. É questão de lógica. Se o senhor não se sentir a vontade com a minha presença, posso muito bem dar meia volta e sair do seu escritório e fingir que nunca nem nos conhecemos. - retrucou de maneira firme.

Murilo estreitou os olhos e a observou. Tinha certeza que Catarina lhe causaria sérios danos se permanecesse com ela, porém os investidores gregos chegariam naquela manhã e ele não poderia se dar ao luxo de dispensá-la.

- Você vai ficar por um tempo de experiência. - Catarina cruzou os braços sobre os seios. - Vou lhe dar uma oportunidade porque é amiga da minha cunhada. - Ela sorriu de forma irônica. - Algum problma, senhorita García?

- Justamente por ser amiga da sua cunhada é que eu sei que o senhor não está me dando uma o-por-tu-ni-da-de. - falou pausadamente. - Sei que investidores gregos estão chegando hoje e eu sou sua única salvação. - Murilo estreitou os olhos furioso. - Mas não se preocupe, vou agarrar essa oportunidade, senhor González.

- Saia, senhorita García e os aguarde. - seu tom de voz era austero.

- Como o senhor desejar, senhor González. - sorriu amigavelmente e se retirou.

Ao vê-la sair, Murilo ficou intrigado com aquela mulher. Qual secretária no mundo falava ao seu chefe o que lhe vinha à cabeça. Ele tinha certeza que ela o enlouqueceria logo logo. Catarina saiu da sala de Murilo o odiando. Sentou-se à mesa que seria dela pelo menos por enquanto. Ela tinha certeza que depois que esses investidores gregos dessem adeus, perderia o emprego. Resolveu ligar para sua amiga.

- Oi, Catarina. E então?

- Esse seu cunhado é horrível. - ela ouviu o riso de Olivia. - Que serzinho detestável, arrogante e insuportável. Você pode ter certeza, Olivia, essa família tem alguma conexão com monstros destruidores de almas. Seu marido é o monstro do lago Ness e o seu cunhado é um dragão que cospe fogo pra destruir quem ousa passar pelo seu caminho.

- Vocês não se entenderam.- não foi uma pergunta.

- Você não vai acreditar. Foi no carro dele que eu bati antes de vir pra cá.

- Sério?

- Pois é.

- Que azar, Catarina. Mas com o tempo você vai ver que ele é uma boa pessoa. Difícil. Mas tem um coração maravilhoso como todos os González.

- Sei. - falou cética. - Se for como o monstro do Lago Ness.

- Catarina!

- Desculpa. Como o seu adorável marido.

- Você não tem jeito mesmo. - falou rindo.

Nesse instante três homens bem vestidos entram e perguntam em grego pelo senhor Murilo González.

- Os gregos chegaram, Olivia. Depois te ligo.

Catarina colocou um sorriro nos lábios e o conduziu até a sala de Murilo. A conversa seguia de maneira tranquila com Catarina intermediando tudo e pelo que ela pôde perceber, tudo ia as mil maravilhas.

- A senhorita tem um grego excelente. - disse o mais velho dos três.

- Meu pai era grego, senhor. Morei em Creta nos últimos três anos. Trabalhei para Hermes Zappa. O senhor conhece?

- Muito. Somos amigos. Faleirei que lhe conheci.

- Aprecio demais os senhor Hermes e sua família.

- Vou repreendê-lo. - Catarina não entendeu. - E dizer que foi um trouxa por perder uma secretária como a senhorita. - riram todos menos Murilo que não entendia nada de grego. - Linda e competente. - Murilo já estava impaciente e pigarreou.

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