Contos Modernos (Finalizado)

4.9 Pablo merece uma segunda chance?

Pablo pegou seu carro e foi ao encontro de Martina deixando mais uma vez Serena só. Ele estava irritado, tinha falado coisas que magoaram a mulher que apesar do pouco que tempo que se conheciam, ela sempre esteve ao lado dele sendo gentil e doce. Os momentos com ela eram sempre prazerosos. Serena não merecia ter recebido um terço das grosserias que proferiu. O pé latejava fazendo-o lembrar que sua esposa de mentirinha estava certa em tudo o que dissera.

Tocou na barba impaciente e viu que estava arranhando. Institivamente pensou em Serena novamente e no que ela dissera na época em que ela o vira sem barba. Disse que o preferia com barba e por isso ele a estava deixando crescer de novo. Ela o reconheceu mesmo sem barba quando todos o confundiam com Juan. Até Martina não o identificara quando ele tinha tirado outra vez. Martina que crescera com ele, o chamou de Juan quando o viu. Mas Serena que o conhecia há pouco tempo, o distinguira. Disse que o achava mais bonito que o irmão. Ele franziu o cenho ao lembrar das palavras de Juan depois disso "Você não conta, cunhadinha. Está apaixonada por Pablo." Seria aquilo possível? Será que Serena estava apaixonada por ele? Balançou a cabeça em negativa.

Chegou à praça que ficava em frente a escola que frequentaram. Ele, Juan, Martina e Leonel passaram bons momentos lá. Foi ali que Pablo se viu apaixonado pela amiga de infância e foi ali que ele percebeu que sua paixão era apaixonada por seu irmão. Então ele a viu. Martina estava sentada no balanço que tantas vezes brincaram. Ele se aproximou e sentou no balanço ao lado. Já era bastante tarde e não tinha ninguém além deles ali. Ele olhou para o céu e não tinha estrelas aquela noite e a lua não brilhava no céu. Olhou de volta para amiga.

- Oi. – ele disse.

Martina nada respondeu, apenas lágrimas desciam por sua face.

- Ei, Martina, o que houve? – ela fungou e o olhou com os olhos vermelhos.

- Eu sou mesmo uma burra, não é? – ele suspirou e olhou novamente para o céu. – Eu sei que sou burra. Leonel e Juan dizem isso o tempo todo. Só você que nunca foi capaz de me ofender. – ela se levantou do balanço e ele a olhou. – Sou apaixonada desde criança por uma pessoa que nunca me deu a mínima. Que apesar das minhas investidas, nunca quis meu amor. Pelo contrário, me afastou até como amiga.

- Você chegou a essa conclusão sozinha? – a voz dele era fria e carregada de ironia.

- Não. Juan foi mais claro que água hoje. – ele estreitou os olhos. – O vi no restaurante do Miguel. Lembra daquele amigo dele? – ele assentiu. – Eu o vi e fui falar com ele. Ele pensou que eu estava o perseguindo e me tratou muito mal. Gritou dizendo que nunca me amou e que me queria longe. Que nem que eu fosse a última mulher na face da Terra, ele iria querer algo comigo.

Pablo teve raiva do irmão naquele momento. Não se tratava mulher nenhuma daquela forma.

- Disse que até você se cansou de mim. Que você estava com uma mulher muito melhor que eu. Disse que Serena era doce, amável, inteligente, cativante e que eu jamais seria nem como a sombra dela. Mas ele estava mentindo, não é , Pablo?

- Mentindo? – ele não entendeu.

- Sim. Eu sei que ele falou isso da sua mulher pra me irritar. – ele estreitou mais os olhos. – Ninguém é como ela. Ela enganou a todos inclusive meu próprio irmão. Leonel está encantado por ela. – ele teve ciúme naquele instante. – Os dois só vivem juntos e ela deve tá dando corda pra ele. Ela é uma dissimulada.

- Já chega, Martina. Não admito que você nem ninguém fale assim de Serena. – ele falou alterado e Martina nunca o vira assim com ela. – Ela é tudo isso que Juan falou e muito mais. Serena é a mulher mais espetacular que eu já conheci.