"Parte 11"

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  Sozinho, ao fechar a loja, de olhos molhados, viam-se na tela mental do comerciante as cenas dos seus contatos com o sr Antonio, que lhe prometera ajuda e proteção.E, embora baixinho, ouvi quando disse, comovido:

- Obrigado, meu Deus!

Passava da meia-noite quando chegamos à casa de Manoela, que não havia, ainda, se desprendido do corpo físico. Mas não demorou muito para surgir, com a carantonha disforme e vermelha de ódio.Ganhou a rua e seguimos-la, a passos rápidos, porque ela demonstrava pressa,queria desabafar, cobrar atenção e eficiência. Chegando ao barracão abandonado,passou pelos escombros e detritos, indo diretamente onde se encontrava o responsável pela operação, na área.

- O que está acontecendo com você?Venderam-se para a parte contrária?? Ainda há pouco, impediram-me de aliviar-me surrando aquele patife durante a noite. Hoje,passe pela sua casa comercial e vi, estarrecida, um tremendo movimento de vendas que num só dia, creio capaz de recuperar-lhe as finanças de todo este tempo de intervenção.Estou pagando e exijo uma explicação razoável.

- Calma, Manoela.

Agora nosso homem ganhou proteção de Espíritos que não vemos e com os quais não podemos lutar. Estive o dia todo preocupado, buscando contornar a situação. Procurei meus superiores, e a estratégia que nos resta é a de desestabilizar-lhe o apoio no lar, ao invés de nos concentrarmos na sua ruína financeira.Claro que vamos continuar tentando prejudicar-lhe os negócios mas, a ordem,agora, É bater em Antonio em sua casa, e isso vai depender muito de você.

- De mim?

- Sim, de você. vamos gravar-lhe um procedimento mental, para que você o execute amanhã com segurança e determinação. Queremos que escreva uma carta, para sua filha,denunciando-lhe o adultério. A menina é a sua principal base de sustentação e,se cair na revolta e no desânimo, passará, sem o saber, do nosso lado, com sua mãe.Vamos apertar o cerco e para isso, necessitamos agarrá-lo à noite, durante o sono.

- Isso não vai adiantar nada. Conheço bem aquela garota. É cheia de piedade e vai perdoar o pai.

- Veremos. Mulher nenhuma gosta de ser enganada, e a filha adora o pai. Não a piedade que apague essa traição. Além disso, precisamos nos apressar, porque os anjos já estão nos atrapalhando bem.

- Pois bem! Farei a minha parte, contudo, não me venham com mais desculpas esfarrapadas, pois, se tornarem a fracassar, irei reclamar diretamente aos maiores da Organização.

- Está bem. Viremos mais tarde para a programação hipnótica.Manoela, com a mesma velocidade que entrou Saiu em direção à sua casa seguida por nós. Depois que já estava confortavelmente instalada na poltrona de sua casa,fizemos-nos visíveis e varamos por sua porta.

- Ora! Ainda não aprenderam as mais comezinhas regras de educação que manda bater à porta, na casa alheia?- Explodiu logo a jovem, fulminando-nos com olhar de revolta. Tenho pensado em vocês. Creio que são os intrusos que prejudicam os meus planos e a ação do meu pessoal.Que têm vocês com isso?

- Já lhe disse, e insisto, que seu avô, Augusto Eduardo, pediu-nos que procurássemos ajudá-la, e rogamos que nos dê uma oportunidade, conversando.

- Não quero saber de vocês.Por favor, desapareçam! Saiam daqui!

- Seja razoável, Manoela. Seu avô, que é pessoa amiga, está muito preocupado com os desdobramentos de seu caso com o sr Antonio, e pede que você recue da sua pretensão de prejudicá-lo, ainda mais, assumindo compromissos muito sérios com o futuro.

- Prejudicá-lo ainda mais? Quer dizer que já prejudiquei o coitadinho! Não entra nas suas cabeças, que ele se aproveitou da sua condição de patrão para me submetera os seus caprichos de homem?Que fez, quando se sentiu saciado? Simplesmente expulsou-me, e perdi até o emprego, que era o meu ganha-pão.

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