Ruth, pressentindo algo ruim, ocultou a carta entre as vestes e partiu para o seu quarto, onde se trancou.Colocou a carta sobre a penteadeira e sentou-se, trêmula, diante do espelho..Deixou correr alguns minutos, para refazer-se e criar coragem. A missiva,magnetizada pelo ódio, não poderia deixar de perturbar-lhe a alma sensível. Por isso, surgiram-lhe o pressentimento.Porque o menino se recusara a dizer quem o mandou e, além disso, fugiu, pensou em não ler a mensagem, em atirá-la no fogo, para que se consumisse.Era, porém, jovem responsável. E se o pressentimento fosse falso? - pensou -.
Talvez fosse alguém pedindo-lhe algum tipo de ajuda, como já lhe havia ocorrido antes.ela permaneceu longos minutos nessa indecisão, entre a vontade de fugir,destruindo a carta, e o dever de assumir o que a vida lhe trazia, sem ela haver pedido.Finalmente, pegou o envelope com a mão esquerda e, com a direita, retirou acarta. Desdobrou-a diante dos olhos, pondo-se a lê-la.De repente, sem que houvesse tido tempo para ler tudo, amassou-a e jogou-a sobre o móvel trêmula e ofegante, levando a mão ao peito, como se houvesse sido atravessada por agudo punhal.Suas faces, que se cobriram de rubor, estampavam espanto e medo. De seus olhos correram lágrimas quentes, como lavas de um vulcão que se lhe tivesse explodido no ser.
Meu Deus! Isso não é verdade, isso é calúnia! Protestou baixinho, enquanto se jogava sobre a cama e dava livre passagem à torrente de lágrimas, que lhe brotou do coração angustiado.Depois de mais ou menos meia hora, em que se sentiu incapaz de pensar,lembrou-se de sua mãe, e se recompôs, temerosa de que pudesse suscitar-lhe alguma preocupação,diante de seu desespero pouco comum.Dobrou a carta fatídica, ocultou-a o melhor que pôde, e retomou o seu dia-a-dia,procurando agir como se nada lhe tivesse acontecido.Iria analisar bem as coisas, para que não tomasse decisão errada. Sentiu que o objetivo da carta era a destruição da sua família e, por isso, cabia-lhe agir com cautela. Vi Intriga versus amor.
Acompanhamos, Orlando e eu, durante todo o dia, a nossa tutelada, que fora sacudida por violenta tempestade interior, de quem a vida, aparentemente,cobrava pesado e prematuro tributo de compreensão humana e filial.Enquanto transcorriam os minutos, sua mente vagou por todo o passado feliz.Revia o pai, atento a aos deveres do lar, como se fora um apóstolo. Sentia-lhe,de novo,os seus carinhos de pai amoroso quando a enlaçava, e a ternura com a qual lhe domava os caprichos infantis. Adorava o genitor, por motivos justos, uma vez que dele recolheu tantos transportes de afeto. Seu lar era um ninho da felicidade,verdadeira bênção de Deus, onde nunca experimentara um sofrimento sequer.Ponderou sobre a camaradagem e afeto que uniam seus pais, e repelia a ideia de que algo tivesse mudado, de um momento para outro, abalando aquela base granítica, que lhe sustentava lar.
Era como sonhar acordada, divagando no passado e experimentando, de novo, tão doces e gratas emoções. O enlevo era tanto, que, por momentos, esqueceu-se do problema presente, mas, logo em seguida, veio a sofrer intensa emoção, que tinha a força de tremendo terremoto a balançar as paredes de sua casa.Lembrou-se dos últimos meses de seu pai. A princípio, estranhamente remoçado cantarolando às vezes, saindo da sua habitual posição de pessoa preocupada.Depois,o seu nervosismo crescente, o abatimento que lhe comprometia a saúde, dia a dia.Atribuíra tudo à queda evidente dos seus negócios, mas, agora, repensava tudo e admitia que, talvez, fosse outro o motivo, esse da denúncia torpe que a sacudira.Um frio correu-lhe pelas costas, diante do pensamento que a assaltou: e se tudo fosse verdade? Como ficaria sua querida mãezinha? Como deveria se sentir, ela mesma,que, conforme a notícia, tinha quase a mesma idade da suposta amante.
Como agir?Condenar o pai? Desmascará-lo. Expô-lo à execração pública, ele que lhe dava tanta proteção e carinho, que a amava profundamente? Que forças do destino era emergidas, de repente, como labaredas de fogo destruidor?Durante todo o dia, a jovem tinha o rosto molhado por lágrimas furtivas, que tentava estancar, para não denunciar-se.Na verdade estava se preparando, intensamente, para enfrentar o problema.Lembrou-se do Sr José a quem endereçara o pai, quando o viu muito aflito e doente, e decidiu consultá-lo. Usaria toda a franqueza, porque o amigo, acostumado com os problemas humanos, que tanto ajudava a solucionar ou mitigar, estaria em melhores condições do que ela, para definir rumos a seguir, evitando qualquer prejuízo maior. Telefonou-lhe, quase no final da tarde e, tendo se disposto a atendê-la,rumou para o encontro.
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Liberdade espiritual(espírita)
SpiritualContarei a historia de espíritos encarnado(vivos) e desencarnados(Mortos). Uma família que sofre vendo o chefe da família sendo alvo de espíritos que vivem na mundo espiritual, cometendo crimes. Como a falta de oração nos leva a ser alvo de es...