"Parte 5"

431 22 0
                                    

Lembrando que estávamos com Manoela e o Sr Antonio Conversando em espíritos no quarto de Manoela.

- Por favor, Manoela, reconheço meu erro e peço-lhe perdão!

- É muito fácil pedir perdão. E eu, como fico?

- Procurarei reparar meu erro com algum dinheiro!

- Ah! Quer comprar-me! Seu ouro compra tudo! Não quero esse dinheiro, seu velho sovina! Quero você na minha casa. Quero humilhá-lo, como você me humilhou, enxotando-me. Couro nele!

- Gritou aos capangas, profundamente irritada com o diálogo. Nesse momento,o senhor Antônio estava ajoelhado, com o rosto entre as mãos, que encostavam no chão. Os homens avançaram, desabotoaram os cintos, que eram espécie de corda, trançada.

O senhor Antônio se aquietou à espera dos golpes; parecia estar acostumado àquele suplício.

- Quatro, para começar - falou a mulher. Os golpes, alternados e cadenciados, alcançaram a vítima na altura dos rins, de ambos os lados; fazia força para aguentá-los, mas não podia deixar de soltar curtos, mas angustiantes gemidos.

- Entenda, Manoela, não posso mais continuar com você...

- Mais seis, porque, pelo que vejo, as outras pouco adiantaram! - Gritou possessa. E os golpes se sucederam do mesmo modo, só que, agora, podia-se notar que Sr Antônio perdia forças, estava exausto pelo esforço.

- Levem-no e, e que prossiga, com mais rigor, o processo de reparação. Os homens apanharam Antônio, por debaixo do seu braço, ergueram-no, e arrastaram-no para a rua. Seguimos atrás. Antônio mal podia caminhar. Deixaram-no andar por si mesmo, porém, vendo que não conseguia, ampararam-no de novo. Chegados à casa, pararam diante da porta, e da barreira magnética que lhes impedia a entrada. Pegaram-no pelos braços e pelas pernas, um de cada lado, deram dois ou três impulsos e o arremessaram, violentamente, para dentro da casa.

 - Que mulher perversa! - Exclamei, enquanto caminhava, não podendo sopitar a minha indignação com as cenas que presenciara.

- E essa surra? O Senhor Antônio parecia sentir muita dor a cada golpe!

- Não há do que se admirar. Cenas piores do que essas aparecem nos filmes policiais, que invadem os lares através da televisão. Quanto à dor, embora o senhor Antônio esteja sob a impressão da carne, não se pode desconhecer que o seu perispírito é de matéria igual à das cordas com as quais foi golpeado, e essas, naturalmente, lhe produziram dano.

- Quais vão ser as conseqüências dessa surra? Vai refletir-se no corpo físico?

- Claro que vai afetá-lo. Quando acordar, sentirá dores agudas nas costas, a refletir-se na região dos rins. Talvez passe o dia todo na cama, se não for convenientemente socorrido.

- Por que não retomou o corpo, quando foi supliciado? O normal, diante do perigo, seria fazê-lo, não é?

- Sim, mas, de um lado, o senhor Antônio está sob a ação de sedativos, ministrados pelo médico, e, de outro lado, sofre o controle dos seus perseguidores, contra os quais não tem forças para lutar.

- Fiquei admirado ao ouvir Manoela acusar Antônio de tê-la seduzido e enganado com falsas promessas. Foi isso mesmo que ocorreu?

- Nada disso. Ela procura aumentar-lhe a culpa para dominá-lo melhor. Na realidade, ela planejou cuidadosamente toda a trama. Insinuou-se, progressivamente, e com muita cautela. Facilitou algumas roçadas de corpo a corpo, quando se cruzavam, bem assim algumas oportunidades para conversarem. Vestia-se com sensualidade, a fim de ser notada. Certo dia, fizeram uma festa, num restaurante, em comemoração ao aniversário da casa comercial, e A moça acabou desafiando Antônio a dançar com ela. Este, ingenuamente, aceitou o convite e, quando o sentiu nos braços, com alguns copos de vinho na cabeça, largou o corpo no corpo do parceiro e aí começou tudo. Antônio, tomado de surpresa, aceitou o jogo. Dançaram outras vezes, e a intimidade cresceu ao ponto de levá-la, de automóvel, para casa. No entrar para conhecer, acabou se envolvendo, definitivamente, apaixonando-se e criando todo esse problema.

Liberdade espiritual(espírita)Onde histórias criam vida. Descubra agora