Capítulo 25-

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  Choque de retorno? Essas palavras cortaram a mente de Manoela qual raio incandescente. Estaria ela recebendo o impacto das forças destrutivas que gerou e nutriu?Bem que havia sido avisada. Ficaria aleijada, como desejou a Antonio, e miserável,sem recursos? Seu corpo estremeceu. Fechou os olhos para tentar conter o pranto,que ameaçava brotar, na derrocada da sua fortaleza inteira. Mas, foi em vão, as lágrimas saíram molhando-lhe a face avermelhada pelos medicamentos. Ela se sentia derrotada, humilhada.

- Chega, Ruth, chega! Agora entendi, tudo. A Justiça Divina está me cobrando olho por olho, dente por dente, usando a minha própria medida. Vejo que vou receber todo o mal que desejei ao seu pai. Ficarei aleijada?

- Não querida, nem pense nisso. Estamos rezando para que você volte a ser perfeita. Dizem os médicos que, com um pouco de otimismo, que eu retifico para,com um pouco de ajuda Divina, não necessitará mais do que uma bengala, para andar. Você nos reconhece por credores, o que nos dá o direito de rogar misericórdia em seu benefício. Tudo vai sair bem.

Manoela silenciou alguns instantes, olhando a jovem, que lhe parecia alguém de outro planeta, uma personalidade que não poderia existir na terra. Ruth olhou-a com ternura, como costumava fazer, e lhe disse com muita meiguice:

- Acorde, Manoela! Deus é amor. A vida é amor. O amor alimenta a nossas almas.Amemo-nos uns aos outros, e nada perturbará a nossa paz, a nossa felicidade, a nossa alegria. Perdoemo-nos mutuamente, para que a vida nos perdoe, em nossos erros,imperfeitos que somos. Acredite no bem, e lute por ele, para que o bem lhe seja patrimônio definitivo no coração. Nunca ouça as sugestões do mal, porque, num segundo,poderemos cair em abismos que nos exigirão séculos de lutas e dores para deles sairmos.Vivamos com inteligência. Se devemos colher o que plantamos, plantemos apenas oque seja justo, o que seja bom, para colhermos felicidade e alegria, paz e renovação.Acredite em mim, Sílvia! - finalizou Ruth, beijando-lhe a face, com carinho.

A doce exortação de Ruth, caiu na alma daquela jovem que fora uma fera humana,como gotas frescas de água pura, apagando o incêndio devorador da sua revolta, e das suas dúvidas fazendo vibrar-lhe as fibras íntimas, despertando-lhe as ternas emoções há longo tempo represadas, que chegaram aos olhos em forma de lágrimas ardentes.

- Perdoe-me, Ruth, perdoe-me! O seu coração generoso me abriu novos horizontes de esperanças. Tenho sido má, e vejo que tenho pago preço muito alto pela minha ignorância.Se você pode ser tão justa e boa, também poderei chegar a ser assim, um dia. Vou lutar para isso, pois vejo na serenidade e ternura dos seus olhos, o quanto deve ser bom, ser bom. Ajude-me. Corrija-me. Ensine-me. Quero aprender com você.

Orlando tinha os olhos úmidos! Olhou-me, feliz, e disse-me:

- Esta é uma verdadeira proeza. Que força tem o amor! Manoela acaba de renascer para os caminhos da imarcescível luz. Que Deus a abençoe!Não quis interromper os diálogos, para descrever as emoções daquela hora.Enquanto Ruth falava, descia intensa luz, que se derramava sobre a enferma, penetrando-apor todo o corpo, alimento Divino nascido daquele coração fraternal. Do alto,talvez pelas emoções de amigos daquelas duas personalidades da nossa história,derramava-se chuva incessante de fluidos luminosos, que se concentravam em Ruth e fluíam sobre Manoela, afrouxando-lhe a dureza anterior. 

O amor vitorioso retirava, do ódio vencido,uma alma, triste e sombria, para os caminhos da renovação e da claridade.Aquelas duas mulheres, cujas vidas anteriores desconhecíamos, ligavam-se,naquele instante,para toda a eternidade, por laços indestrutíveis.

Antônio  entrou, polidamente, no quarto, e encontrou as duas chorando, uma ao lado da outra.Sentiu as vibrações do ambiente, e adivinhou logo que o amor sem reservas, de sua filha, havia vencido o endurecimento de Manoela.Aproximou-se, cauteloso, sentou-se ao lado de Ruth, e deixou que as moças se desabafassem, aguardando em silêncio.

Longos minutos correram, preservando aquele êxtase comovedor, até que as jovens,registrando a presença de Antonio, procuraram recompor-se.

- Papai, Manoela nos aceitou como amigos.

- Perdoe, Antonio, pelo que fiz.

- Ora, minha filha, eu é que devo pedir-lhe perdão. Por favor, esqueçamos tudo oque ficou para trás.Enquanto os três conversavam, curioso, perguntei a Orlando:

- E os pais de Manoela?

- deverão chegar logo. Antonio avisou-os do acontecido, e deverá recebê-los à tarde. Dependendo desse encontro, daremos nossa tarefa por encerrada. Quero vera reação de Manoela. Se ela aceitar a amizade dos pais, como¨aceitou a de Antonio e Ruth,sua renovação estará garantida. Senão, tendo em vista que ela está tão perto do sucesso, ficaremos um pouco mais, para ajudá-la.Durante todo o dia, Manoela e Ruth conversaram animadamente. Ruth explicava-lhe os fundamentos da Doutrina Espírita, que entusiasmava a ouvinte pela lógica dos seus postulados. As perguntas se sucediam, em cascata, e as respostas chegavam,temperadas na ingenuidade e ternura da jovem expositora.

Eram quase quatro e meia da tarde, quando Antonio chegou, com cara de maroto,anunciando que tinha uma surpresa para as duas. Fazendo suspense, chegou à porta e fez sinal para alguém. Em instantes, Celso e Maria, pais da enferma, entraram no quarto.Era um momento crucial. Manoela cravou os olhos nos olhos dos pais, e, surpresa,encontrou a mesma expressão de ternura que vira em Ruth.

Agora, entendia que foi ela quem não soubera valorizá-los.

- Papai! Mamãe! Que alegria vê-los aqui! Estava pensando em chamá-los e só não o fiz para não incomodar mais estas almas generosas, que tanto me têm ajudado.Havia sinceridade nas palavras de Manoela, e, mais surpresos do que nós, seus pais se lançaram sobre ela, numa torrente de perguntas e de beijos.Agora tudo estava bem.

- esta foi uma das tarefas mais gratificante que já tive. A recuperação de Manoela  vale pela conquista de um exército opressor, e a sua transformação em fileiras da paz, invertendo-lhe a direção do poder, do mal para o bem. 

Que Jesus abençoe esse punhado de almas renovadas! - pediu Orlando, enquanto saíamos, dando o caso Antonio e Manoela, por encerrado.   


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